Coleta da Solidariedade: um gesto concreto de apoio dos católicos às boas obras

Nas missas do Domingo de Ramos, 24, os católicos em todo o Brasil são chamados a participar da Coleta Nacional da Solidariedade, uma das marcas da Campanha da Fraternidade, que em 2024 aborda o tema da amizade social.

Do total de recursos arrecadados na coleta, 60% permanecem na diocese em que foi realizada, a fim de compor o Fundo Diocesano de Solidariedade (FDS), e 40% é destinado ao Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), ambos com o objetivo de promover a erradicação das situações de vulnerabilidade, por meio do apoio a projetos voltados ao desenvolvimento local/comunitário, econômico e social.

O FNS foi criado em 1998, durante a 36° Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e é gerido por um conselho gestor e pelo Departamento Social da CNBB. Já o FDS é de responsabilidade de cada diocese.

EM SINTONIA COM OS ESFORÇOS PENITENCIAIS

A Coleta Nacional da Solidariedade também é conhecida como o gesto concreto da CF.

“O primeiro gesto concreto da Campanha da Fraternidade é a conversão do coração. Um coração convertido jamais será indiferente às dores e às necessidades de cada um dos seus irmãos. Aqui percebemos a íntima relação que existe entre a Coleta da Solidariedade e os esforços penitenciais quaresmais”, explica, ao O SÃO PAULO, o Padre Patriky Samuel Batista, Subcretário-adjunto geral da CNBB e que já foi secretário-executivo de campanhas da conferência.

O Sacerdote também recorda que no prefácio da Quaresma I, “pedimos a Deus a graça de nos prepararmos para ‘celebrar os sacramentos pascais, na alegria de um coração purificado, para que, dedicando-se mais intensamente à oração e às obras de caridade e celebrando os mistérios pelos quais renasceram, alcancem a plenitude da filiação divina’. Assim, contribuir com a Coleta Nacional da Solidariedade é uma das formas de nos dedicarmos às obras de caridade como Igreja no Brasil. Por outro lado, com a coleta em si, cada comunidade de fé e cada pessoa dá visibilidade à sua filiação divina, também cuidando dos que mais necessitam e vendo, em cada um deles, o rosto do próprio Cristo”.

COMO SÃO ESCOLHIDOS OS PROJETOS BENEFICIADOS?

Encerrado o período da Campanha da Fraternidade, há a publicação do Edital do FNS, a partir do qual as instituições poderão inscrever seus projetos. Este ano, o edital será publicado no dia 1º de abril.

Cada projeto só será analisado se tiver a carta de anuência do bispo diocesano e se o proponente aceitar as normas descritas no edital.

“São priorizados os projetos que estão em sintonia com os objetivos gerais e objetivos específicos da Campanha da Fraternidade, de cunho essencialmente social, de defesa incondicional da vida e dos princípios cristãos”, informa a CNBB em documento anexo ao texto-base da CF 2024.

Podem enviar projetos para o FNS entidades sociais sem fins lucrativos, confessionais ou não, com situação fiscal regular, que estejam habilitadas a trabalhar com a temática proposta pela Campanha da Fraternidade deste ano.

COMO OCORRE A PRESTAÇÃO DE CONTAS?

A destinação de recursos do FNS pode ser acessada no portal https://fns.cnbb.org.br.

Padre Patriky ressalta que, quando uma instituição envia um projeto, ela se compromete com uma série de exigências na prestação de contas. “O edital explicita os detalhes. A equipe de trabalho da CNBB faz este acompanhamento personalizado com cada instituição. A prestação de contas no seu conjunto é apresentada ao Conselho Gestor do FNS, que por sua vez a apresenta aos bispos do Conselho Episcopal Pastoral (Consep)”, detalha.

“A transparência é muito importante. Belo gesto também seria cada pessoa se inteirar dos projetos apoiados mais próximos a ela, a fim de fazer uma visita e, quem sabe, apoiá-los mais de perto, também com a qualidade da nossa presença e serviço”, orienta.

A SOLIDARIEDADE QUE MUDA VIDAS

Em 25 anos de história, o FNS já apoiou mais de 5 mil projetos. Em 2023, foram 240 em todo o Brasil, número maior que os 186 aprovados em 2022.

“Costumo dizer que onde o braço do Estado não chega, a mão da Igreja está sempre pronta para ajudar. A cada ano, temos eixos de ação próprios relacionados com o tema da campanha. Em linhas gerais, sempre são projetos ligados à geração de emprego e renda, formação e capacitação tendo em vista a garantia de direitos, auxílios emergenciais que socorrem pessoas em situação de fome e insegurança alimentar e tantos outros. Já temos muitos testemunhos de projetos que foram ajudados pelo FNS e hoje, reerguidos, ajudam outros projetos”, detalha Padre Patriky.

Em 2023, quando a CF abordou o tema da fome, entre os projetos contemplados estiveram iniciativas de combate à fome, de promoção da agricultura familiar, capacitação para o aproveitamento integral dos alimentos, financiamento de utensílios domésticos para cozinhas e padarias comunitárias, e suporte financeiro para espaços de acolhida a pessoas em situação de rua, idosos e gestantes em vulnerabilidade social.

Um dos projetos apoiados pelo FNS em 2023 foi o “Alimentar é ato de amor e esperança”, promovido pelo Instituto Promocional Madalena Caputo, da Congregação São João Batista, uma instituição católica beneficente que atua no Distrito Federal em favor de crianças, adolescentes e jovens em situação de vulnerabilidade.

Na coletiva de imprensa de lançamento da CF 2024, a Irmã Eliane Viana de Oliveira, uma das responsáveis pela iniciativa, comentou que o projeto proporcionou “não apenas alimento físico, mas a possibilidade dos nossos educandos se sentirem dignos, cultivarem a esperança e se comprometerem com a causa”.

Os recursos recebidos via FNS também ajudaram a manter os trabalhos do Instituto. “Íamos ter de fechar a instituição provisoriamente por falta de recursos, mas daí chegou este apoio como um ato de amor da Campanha da Fraternidade. Só há um caminho: o da solidariedade, da fraternidade e da esperança. Não é que temos mais e vamos dar para quem tem menos. Nós compartilhamos o que temos. Quem compartilha é amigo, é fraterno, e, assim, segue com radicalidade a proposta de Jesus Cristo”, expressou a Irmã.

Padre Patriky reforça o apelo para que as pessoas participem da Coleta da Solidariedade no dia 24 de março, e convida as paróquias a inscreverem projetos nos fundos de solidariedade: “Amar é fazer o bem! Cremos na Igreja e participar é assumir em comunhão esta iniciativa que há 25 anos tem feito bem a todas as pessoas. O envelope ajuda muito, pois é um importante lembrete para não deixarmos de contribuir. A coleta, porém, não se restringe ao envelope, ou seja, cada comunidade de fé é chamada a oferecer a coleta de forma integral. E cada paróquia pode enviar projetos tanto para o FNS quanto para o Fundo Diocesano de Solidariedade. Que sejamos generosos em nosso compromisso de amor”.

PARTICIPE DA COLETA NACIONAL DA SOLIDARIEDADE 

Domingo de Ramos, 24 de março (Também nas missas vespertinas do sábado, 23)
Entrega nos envelopes próprios da Campanha ou na coleta no momento do ofertório

É possível também fazê-lo por transferência bancária: 
Banco Bradesco
Ag: 0484-7
C.C: 4188-2 (CNBB)
CNPJ: 33.685.686/0001-50
*O comprovante do depósito deve ser enviado para o e-mail: financeiro@cnbb.org.br

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