Em setembro, a Igreja no Brasil comemora o Mês da Bíblia, com o objetivo de contribuir para o desenvolvimento das diversas formas de presença da Sagrada Escritura na ação evangelizadora da Igreja, criar subsídios bíblicos nas diferentes formas de comunicação e facilitar o diálogo entre a Palavra, a pessoa e as comunidades.
A Bíblia Sagrada é o livro mais lido do planeta. Traduzida para cerca de 3 mil idiomas, estima-se que quase 4 bilhões de exemplares tenham sido vendidos em todo o mundo.
Muitas pessoas afirmam ter dificuldade em ler e compreender as Escrituras, por não entender sua linguagem, símbolos e contextos. É por isso que a Igreja apresenta caminhos e métodos para auxiliar os fiéis a terem uma íntima relação com a Palavra de Deus.
A Igreja Católica indica a seus fiéis que adquiram familiaridade com os textos da Bíblia por meio da leitura diária individual ou comunitária. Além disso, os cursos bíblicos, grupos de oração e círculos de leitura orante da Palavra são outros meios eficazes para o aprofundamento dos ensinamentos da Bíblia.
POR ONDE COMEÇAR?
Para as pessoas que não sabem por onde começar a leitura, recomenda-se iniciar pelos Evangelhos. Uma maneira prática de fazer isso é reservar todos os dias ao menos cinco ou dez minutos para ler os Evangelhos em sequência, capítulo por capítulo, a fim de ter uma continuidade.
A leitura bíblica a partir dos Evangelhos faz com que os demais livros do Novo Testamento e os do Antigo Testamento sejam compreendidos à luz do mistério de Jesus Cristo, aquele no qual se cumpriu tudo aquilo predito pelos profetas.
Há também métodos que recomendam que se inicie a leitura bíblica pela Primeira Carta de São João, porque é uma epístola que anuncia, de maneira clara, a mensagem da salvação. Depois, nessa ordem, o Evangelho de São João, de Marcos, as pequenas cartas de São Paulo, o Evangelho de São Lucas, os Atos dos Apóstolos, a Carta aos Romanos, o Evangelho de São Mateus, a Primeira e Segunda Carta aos Coríntios, a Carta aos Hebreus, a de São Tiago e as de Pedro, a Segunda e Terceira Carta de João, a de Judas e o Apocalipse. Terminado o Novo Testamento, parte-se para os livros do Antigo Testamento, a começar pelos Salmos, em seguida os demais livros em sua ordem cronológica.
LITURGIA
No entanto, é importante recordar que o lugar por excelência da leitura da Palavra de Deus é a liturgia. “Cada ação litúrgica está, por sua natureza, impregnada da Sagrada Escritura”, ressaltou o Papa Bento XVI na exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, sobre a Palavra de Deus na vida e na missão da Igreja.
Na missa, por exemplo, além da liturgia da Palavra propriamente dita, na qual são proclamadas as leituras bíblicas, explicadas pela homilia, as orações, preces, antífonas, cantos e invocações têm como fonte, em sua maioria, as leituras bíblicas.
“Mais ainda, deve-se afirmar que o próprio Cristo ‘está presente na sua Palavra, pois é Ele que fala ao ser lida na Igreja a Sagrada Escritura’. Com efeito, ‘a celebração litúrgica torna-se uma contínua, plena e eficaz proclamação da Palavra de Deus. Por isso, constantemente anunciada na liturgia, a Palavra de Deus permanece viva e eficaz pela força do Espírito Santo, e manifesta aquele amor operante do Pai que não cessa jamais de agir em favor de todos os homens”, sublinha a Verbum Domini, tomando como referência a constituição Sacrosanctum Concilium, do Concílio Vaticano II.
ANO LITÚRGICO
Ao longo do ciclo do ano litúrgico vivido pela Igreja, os católicos perpassam praticamente toda a Sagrada Escritura. Para celebrar o mistério de Cristo presente na Palavra proclamada, as celebrações dominicais foram divididas ao longo de três anos litúrgicos, chamados de Ano A, Ano B e Ano C.
São, portanto, três ciclos de leituras para as liturgias dos domingos (Evangelho e demais livros do Antigo e do Novo Testamento). No Ano A, é lido com maor ênfase o Evangelho de Mateus; no Ano B, o Evangelho de Marcos; e no Ano C, o Evangelho de Lucas. O Evangelho de João é reservado para ocasiões especiais, principalmente festas e solenidades.
Já para os dias da semana, conhecidos como feriais, o Ano Litúrgico é dividido em ano par e ano ímpar, de modo que, especialmente no Tempo Comum, a primeira leitura e o Salmo distribuem-se em dois ciclos que se alternam. Já os Evangelhos das liturgias feriais são dispostos em um único ciclo que se repete todos os anos.
Desse modo, se a pessoa participa de todas as missas dominicais durante três anos, vai ler o conjunto dos Evangelhos. Já a pessoa que participa da missa de segunda a sábado por dois anos, terá lido a Bíblia inteira.
INTERPRETAÇÃO
A Constituição Dogmática Dei Ver- bum, do Concílio Vaticano II, reafirma que a leitura adequada das Sagradas Escrituras deve sempre ser feita à luz da Tradição e do Magistério de Igreja, levando-se em conta a coerência com as verdades da fé.
Algo que pode ajudar a compreender os textos bíblicos são as notas e comentários explicativos contidos nas bíblias católicas. Há, ainda, diversos livros, muitos deles escritos por santos e doutores da Igreja, que comentam as Escrituras.
A Igreja também incentiva a promoção de cursos bíblicos nas comunidades, encontros de leitura comum das escrituras e métodos de oração, como a Lectio Divina, leitura orante da Bíblia.
INSPIRAÇÃO DIVINA
Outro aspecto que é preciso ter claro para uma reta interpretação da Bíblia é compreender que seus livros foram inspirados por Deus.
“É importante que nós, ao lermos a Bíblia, coloquemo-nos na presença de Deus, façamos a oração ao Espírito Santo, pedindo que Ele ilumine, oriente a nossa leitura e compreensão da Palavra de Deus”, enfatizou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, no programa “Encontro com o Pastor” da terça-feira, 12, na rádio 9 de Julho, recordando que o Espírito Santo, que inspirou os autores sagrados, ajuda a compreender as Escrituras para que se conheça a vontade de Deus para o seu povo.
SUGESTÃO DE LEITURA DOS LIVROS DO ANTIGO TESTAMENTO POR ORDEM CRONOLÓGICA
1. Gênesis | 13. Miqueias | 25. Neemias | 37. Cântico dos Cânticos |
2. Êxodo | 14. Naum | 26. Ageu | 38. Jó |
3. Números | 15. Sofonias | 27. Zacarias | 39. Eclesiastes |
4. Josué | 16. Habacuc | 28. Isaías (56-66) | 40. 1 Macabeus |
5. Juízes | 17. Jeremias | 29. Malaquias | 41. 2 Macabeus |
6. 1 Samuel | 18. Lamentações | 30. Joel | 42. Baruc |
7. 2 Samuel | 19. Ezequiel | 31. Jonas | 43. Daniel |
8. 1 Reis | 20. Abdias | 32. Rute | 44. Sabedoria |
9. 2 Reis | 21. Isaías (40-55) | 33. Tobias | 45. Levítico |
10. Amós | 22. 1 Crônicas | 34. Judite | 46. Deuteronômio |
11. Oséias | 23. 2 Crônicas | 35. Ester | |
12. Isaías (1-39) | 24. Esdras | 36. Eclesiástico |