Diáconos seminaristas relatam as experiências de missão em dioceses no Pará e no Piauí

Diácono seminarista Alysson, na Paróquia Santa Luzia, na Diocese de Bom Jesus do Gurgueia, onde também esteve o Diácono seminarista Yago, em comunidades da Paróquia Nossa Senhora. de Fátima

Ao longo dos meses de julho e agosto, quatro diáconos seminaristas que foram ordenados pelo Cardeal Odilo Pedro Scherer, em dezembro de 2022, estiveram em missão nas Dioceses de Marabá (PA) e Bom Jesus do Gurgueia (PI).

Ao O SÃO PAULO, três destes seminaristas relataram suas experiências de missão e o quanto este período lhes foi enriquecedor nesta fase final de preparação para receber a ordenação sacerdotal, que deve ocorrer ainda este ano.

A DETERMINAÇÃO EM VIVER A FÉ EM BOM JESUS DO GURGUEIA

Os diáconos seminaristas Yago Barbosa Ferreira e Alysson Carvalho vivenciaram a missão em paróquias na Diocese de Bom Jesus do Gurgueia, sendo acolhidos pelo bispo Dom Marcos Antônio Tavoni.

A Diocese, que abrange uma área de 51.543 km2, é composta por 24 paróquias, com uma população de 186 mil habitantes, sendo 79,4% católicos.

A missão do Diácono Yago foi na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Monte Alegre do Piauí, que conta com 30 comunidades, bem distantes umas das outras. “Na Paróquia e nas comunidades, é muito forte a devoção popular, especialmente na devoção aos santos padroeiros e a presença de movimentos que tenham como objetivo encontros de oração”, recordou.

Ele contou que estão bem estruturados os trabalhos do Apostolado da Oração, do Terço dos Homens e do movimento Mães que Rezam pelos Filhos; bem como a catequese de crianças, jovens e adultos, a Pastoral do Batismo e o grupo de Coroinhas, além dos grupos de jovens, cujos encontros durante a semana ocorrem por vezes em uma praça em frente à igreja matriz.

O Diácono seminarista Yago relatou que os fiéis são assíduos na participação das missas e buscam se manter próximos do Padre Zorenilton Reis, Pároco: “Todos conhecem o Padre e ele conhece a quase todos, de modo que faz parte efetivamente da vida das pessoas que frequentam a igreja e mesmo de alguns que não a frequentam”.

O futuro padre contou que foi bem acolhido nas comunidades e lares que visitou. “Muitos perguntaram como é São Paulo e se tudo em nossa cidade é como estão acostumados a ver na televisão”, disse, ressaltando que se deparou com católicos dispostos a evangelizar: “Os fiéis ativos se empenham muito em animar a fé uns dos outros, sobretudo nos momentos de oração das comunidades (adoração, Terço, novenas), nos encontros diversos que a comunidade promove e, sobretudo, quando há missa nas capelas”.

Concluída a missão, o Diácono seminarista afirmou que levará na memória e no coração a criatividade das pessoas em viver a fé: “Em uma região em que as comunidades são tão distantes umas das outras, na qual as estradas não são favoráveis, enfim, em meio a todas essas dificuldades, o povo tem muita criatividade pastoral para bem viver a fé, a sua espiritualidade, a própria piedade popular, que é muito forte e pura. Pude ver concretamente a criatividade pastoral que o Papa Francisco nos fala na exortação Evangelli gaudium”.

UM POVO COM GRANDE DEVOÇÃO, MAS COM NECESSIDADES CATEQUÉTICAS

O ambiente acolhedor com que foi recebido na Paróquia Santa Luzia, em Sebastião Barros (PI), na Diocese de Bom Jesus do Gurgueia, é uma das principais lembranças que o Diácono seminarista Alysson levará do período de missão.

“Os fiéis são extremamente acolhedores e generosos. Dificilmente, saía de alguma visita sem levar algum tipo de alimento, como mandioca, feijão, galinha ou frutas. O pouco que eles têm, fazem questão de nos oferecer”, recordou.

A Paróquia Santa Luzia é composta por 14 comunidades rurais. No município onde está a igreja matriz, Sebastião Barros, vivem cerca de 4 mil pessoas.

“A expressão eclesial nesta região é devocional, marcada por alguns desafios, sobretudo em matéria de catequese e sacramentos. A maioria dos fiéis não comunga, pois está em segunda união ou não busca a Confissão. A devoção aos santos padroeiros garante a participação dos fiéis nos festejos e atos devocionais”, comentou.

Para ele, um dos maiores desafios é que os fiéis tenham uma participação consciente e plena nos sacramentos: “Muitos necessitam de um processo de catequese, que os ajude a criar um senso de comunidade em suas capelas”.

Ao comentar sobre o aprendizado com essa experiência de missão, ele ressaltou ter sido marcante, “na medida em que ajuda a cultivar no coração o desejo ardente de anunciar a Palavra de Deus em todos os lugares”.

EM MARABÁ, O TESTEMUNHO DOS QUE SE ALEGRAM EM SER A IGREJA

A missão dos Diáconos seminaristas Rômulo Freire Barroso e Miguel Lisboa Aguiar aconteceu na Diocese de Marabá (PA), composta por 28 paróquias, distribuídas em um território de 64.452 km2, onde vivem aproximadamente 840 mil pessoas, das quais 48% se declaram católicas. Desde 2012, o bispo é Dom Vital Corbellini.

O Diácono seminarista Rômulo realizou a missão na Paróquia Nossa Senhora de Fátima, no bairro São Félix 2. “Além da igreja matriz, há 15 comunidades. Ainda não existe um templo, ou seja, só há as colunas e vigas levantadas, mas sem as paredes, portas ou telhado, devido ainda a estar em construção”, relatou.

A comunidade de fiéis está estruturada e tem atuação permanente, especialmente por meio do Encontro de Casais com Cristo (ECC), dos ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, visita aos enfermos, Terço dos Homens, grupo de Coroinhas, Catequese e visitas pastorais ao Centro de Internação de Adolescente Masculino (Ciam), semelhante à Fundação Casa em São Paulo. Ao longo da missão, o Diácono seminarista acompanhou tais atividades, participou de missas nas comunidades e também foi a escolas.

Encerrado o período de missão, o Diácono seminarista Rômulo avaliou ter sido importante “conhecer uma realidade local bem diferente da nossa, no modo de ser Igreja, além de se tratar da Região Amazônica e de suas riquezas. Existem as comunidades rurais, diferentemente de nossa realidade, e a relação com a simplicidade e acolhida das pessoas. Levo para essa reta final em preparação à ordenação, a alegria de ser Igreja, os testemunhos de fé e de santidade desse povo simples, a acolhida, o carinho, a bondade das pessoas e o bom relacionamento com o clero local como meio de comunhão”.

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