
Na próxima terça-feira, 1º de julho, comunidades cristãs de todo o Brasil são convidadas a dedicar um dia inteiro à oração pela paz na República Democrática do Congo (RDC). A iniciativa integra o Dia de Unidade de Oração, promovido mensalmente pela Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), com o apoio da Comissão Episcopal para a Ação Missionária e Cooperação Intereclesial da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).
A cada mês, a campanha propõe uma jornada de oração por países marcados por conflitos armados, perseguição religiosa ou crises humanitárias. Neste mês, o foco recai sobre a RDC, onde a população enfrenta uma das piores crises humanitárias e de segurança da atualidade. Estima-se que mais de cinco milhões de pessoas estejam deslocadas internamente no país — um número alarmante, segundo o Escritório da ONU para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA).
A região oriental do país tem sido marcada por violência sistemática, com ataques a civis e líderes religiosos atribuídos principalmente ao grupo extremista Forças Democráticas Aliadas (ADF), ligado ao autoproclamado Estado Islâmico. De acordo com a ONU, mais de 1.300 civis foram mortos pela ADF somente em 2021, em ações que incluem massacres, raptos e o uso de crianças-soldados — crimes classificados como violações graves ao direito humanitário internacional.
Apesar de sua vasta riqueza mineral, com reservas de ouro, diamantes, cobalto e coltan, a República Democrática do Congo sofre com pobreza generalizada, instabilidade política e violência crescente, alimentada por mais de 120 grupos armados atuando em diferentes regiões do país. A insegurança que antes se concentrava no Norte se espalhou, agravando ainda mais a crise social e humanitária.
O papel da Igreja Católica

A Igreja Católica tem mantido uma postura firme diante da situação. Em abril de 2021, os bispos congoleses denunciaram em nota pública os objetivos políticos e religiosos por trás da violência, incluindo a exploração ilegal dos recursos naturais, a tentativa de islamização forçada da região e a falta de liberdade religiosa.
O Dia de Unidade de Oração busca, portanto, ser um gesto concreto de solidariedade com os que sofrem e um compromisso com a construção de uma cultura de paz. “É um convite à comunhão, à esperança e à ação transformadora por meio da oração”, destacam os organizadores.
A CNBB e a ACN esperam que, por meio dessa mobilização espiritual, surjam frutos de justiça, reconciliação e fraternidade, em um mundo onde o Evangelho possa florescer, mesmo em meio à dor.
Fonte: CNBB