O dia do aniversário do Cardeal Odilo Pedro Scherer, no sábado, 21, também foi marcado pelo lançamento do livro “Verdade e mentira – quando o amor ao próximo é também amor à verdade”. Na obra, publicada pela Paulus Editora, o jornalista Gerson Camarotti entrevistou o Arcebispo de São Paulo.
O lançamento aconteceu na Livraria da Vila do Shopping Eldorado, na zona Oeste da capital, e contou com a presença de personalidades do mundo da comunicação, fiéis e admiradores dos autores.
Ao longo das páginas, o Cardeal reflete sobre temas atuais para a sociedade, como fake news; comunicação para a verdade e a paz; verdade e inteligência artificial e o preço da verdade.
“Os cristãos devem amar a verdade, como toda pessoa. Amamos a verdade que está ao alcance da nossa capacidade humana. O cristão não é diferente de qualquer pessoa, por isso, seu amor à verdade não vem de uma imposição, mas da adequação da nossa inteligência à verdade”, enfatizou o Arcebispo quando perguntado se os cristãos amam a verdade por obrigação ou por convicção.
REFLEXÃO NECESSÁRIA
“Desde a época dos filósofos gregos, isso já era um tema importante e fundamental. A grande questão que vemos hoje em dia e que tem preocupado é a lógica da pós-verdade, ou seja, tudo é o que é verossímil, passa a ter um carimbo de verdade. Em tempos de fake news, isso é uma reflexão necessária. Então, nesse livro, Dom Odilo traz alguns alertas, inclusive, como não disseminar algo que pareça verdade sem, por exemplo, uma simples checagem”, explicou o jornalista.
O Arcebispo enfatiza que mesmo que seja incômoda, a verdade deve ser dita, mas com amor, com o coração. “Nesse caso, verdade e amor andam juntos. Aliás, é um dito bíblico que o amor e a verdade caminham juntos. A motivação para a comunicação de uma verdade incômoda também deve ser o amor. O contrário disso poderia ser a comunicação de uma verdade motivada pela vingança ou pelo ódio. E aí, o efeito poderia ser devastador e destrutivo para a pessoa, em vez de restabelecer a verdade”, acrescentou.
Sobre a mentira, Dom Odilo sublinhou que a Igreja nunca a aprovou e que sua condenação sempre esteve nos seus códigos morais, inclusive nos mandamentos da Lei de Deus.
A obra conta, ainda, com um prefácio assinado por Dom Jaime Spengler, Arcebispo de Porto Alegre (RS) e Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que reforça que a escolha pela verdade é o “caminho para a promoção da justiça e da autêntica fraternidade”.
‘Verdade, honestidade e justiça andam juntas’
Durante entrevista concedida ao jornalista Roberto d’Ávila, exibida pelo canal GloboNews, no dia 17, Dom Odilo também falou sobre o lançamento do livro, explicando que a reflexão com Camarotti parte da preocupação com a manipulação da informação que, muitas vezes, distorce ou elimina a verdade.
“A verdade existe e ela independe do que nós dizemos. Seu fundamento não está naquilo que dizemos, mas na questão enquanto tal”, afirmou o Cardeal, acrescentando que o livro também reflete sobre a verdade da existência humana, os valores morais, religiosos, a justiça e a ética.
“A verdade, muitas vezes, pode ser atropelada por paixão, por ideologia, por outros interesses, por ignorância. Devemos ser realistas e objetivos diante do fato que se afirma. Se digo coisas de alguém que não conheço porque simplesmente estão dizendo por aí, estou faltando com a verdade, com a honestidade. Verdade, honestidade e justiça andam juntas”, completou.
Na conversa com d’Ávila, o Arcebispo também falou sobre temas como o diálogo da Igreja com o mundo contemporâneo, o crescimento das pessoas indiferentes à fé religiosa e os destaques do pontificado do Papa Francisco. O vídeo da entrevista pode ser acessado na plataforma digital Globoplay.
