Gestos tradicionais de comunhão e solidariedade dos católicos têm novas datas definidas

Devido à pandemia de COVID-19 e suas consequências, as tradicionais coletas solidárias realizadas nas paróquias e comunidades em âmbito nacional e internacional foram adiadas para o segundo semestre. Com a retomada gradual das missas presenciais em muitas igrejas, esse gesto concreto de solidariedade e comunhão dos católicos já tem novas datas definidas.

A prática de apoiar materialmente aqueles que têm a missão de anunciar o Evangelho e de cuidar dos mais necessitados vem da Igreja primitiva, como registra o livro dos Atos dos Apóstolos, que relata que entre os cristãos “ninguém passava necessidade”, pois aqueles que possuíam bens os colocavam em comum “aos pés dos apóstolos”, que os distribuía conforme a necessidade de cada um. De igual modo, enviavam ajuda às comunidades mais necessitas (cf. At 4,34-35; 11,29).  

Um exemplo disso foi a coleta que o apóstolo São Paulo pediu que os cristãos de Corinto fizessem para a comunidade de Jerusalém, que passava por uma grande necessidade. “Que cada um dê conforme tiver decidido em seu coração, sem pesar nem constrangimento, pois ‘Deus ama a quem dá com alegria’” (2Cor 9,7).

“Realizar com alegria obras de caridade por aqueles que sofrem no corpo e no espírito é a maneira mais autêntica de viver o Evangelho, é o fundamento necessário para que as nossas comunidades cresçam na fraternidade e na aceitação mútua”, disse o Papa Francisco, no Angelus de 18 de março de 2018.

Leia, a seguir, quais são essas coletas e suas respectivas datas:

Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém (Foto: Divulgação/Custódia da Terra Santa)

13/9 – Para os Lugares Santos

Realizada na Sexta-feira Santa, essa coleta é destinada à manutenção e ajuda à Igreja presente na Terra Santa, berço do Cristianismo.

“A Igreja de Jerusalém ocupa um lugar de eleição na solicitude da Santa Sé e na preocupação de todo o mundo cristão, enquanto o interesse pelos lugares santos, e em particular pela cidade de Jerusalém, emerge mesmo nos grandes consensos das nações e nas maiores organizações internacionais. Tal atenção é hoje primordialmente pedida em razão dos graves problemas de ordem religiosa, política e social ali existentes”, afirmou São Paulo VI, na Exortação Apostólica Nobis in animo, ao instituir essa coleta, em 1974. 

Além de colaborar na manutenção e preservação dos lugares sagrados ligados à vida de Jesus, essa ajuda financeira também é essencial para financiar obras educativas e sociais mantidas pela Igreja na região, assim como no auxílio material aos cristãos que são diretamente afetados pelos inúmeros conflitos que ocorrem no Oriente Médio. 

4/10 – Óbolo de São Pedro

Tradicionalmente realizada na Solenidade de São Pedro e São Paulo (no domingo próximo ao dia 29 de junho), essa arrecadação consiste em ajuda econômica ofertada diretamente ao Pontífice romano, para as múltiplas necessidades da Igreja universal e para as obras de caridade em favor dos mais frágeis.

As coletas realizadas nas missas em toda a Igreja Católica do mundo são reunidas pelas dioceses, que enviam a quantia para a Santa Sé, a fim de compor um fundo destinado apenas a atender às necessidades materiais de dioceses pobres, institutos religiosos, bispos, fiéis ou dioceses em graves dificuldades, vítimas de guerras e desastres naturais, educação católica, ajuda a refugiados e migrantes.

Recentemente, o Pontífice usou desse fundo para enviar ajuda a lugares mais afetados pela pandemia, como a região da Baixada Fluminense (RJ), para onde foram destinados 10 mil euros. Outro exemplo foi o envio de 250 mil euros para ajudar no socorro às vítimas das explosões em Beirute, no Líbano, em agosto.

No site oficial do Óbolo de São Pedro, é possível conhecer as diferentes obras de caridade realizadas em todo o mundo por meio desse gesto de generosidade.

18/10 – Coleta para as Missões 

Organizada pelas Pontifícias Obras Missionárias (POM), essa coleta acontece no Dia Mundial das Missões e tem como finalidade a evangelização, animação e cooperação missionária. Desta coleta, 80% são destinados para auxiliar atualmente 1.050 dioceses pobres nos “territórios de missão” e diversos projetos na África, Ásia, Oceania e América Latina. Os outros 20% são para a ação missionária no Brasil.

A direção nacional das POM repassa os valores para o Fundo Mundial de Caridade em Roma, e na Assembleia Geral, no mês de maio, são avaliados, aprovados e destinados os recursos para os projetos nos cinco continentes. Os principais projetos são: trabalhos de promoção humana, catequese e evangelização; formação dos futuros sacerdotes e religiosos; manutenção de missionários e Igrejas em terras de missão; meios de comunicação social e de transportes; apoio e ajuda a centros de educação e saúde, casas de pessoas com deficiência; construções de capelas, igrejas, seminários e hospitais; casas para idosos, orfanatos, creches, centros de reeducação social e dependentes químicos; subsídios de urgências em situações de desastres e calamidades públicas.

22/11 – Coleta da Solidariedade e Campanha para a Evangelização

Realizada sempre no Domingo de Ramos, a Coleta da Solidariedade acontecerá com a coleta da Campanha para a Evangelização, a qual acontece sempre no 3º Domingo do Advento.

Gesto concreto da Campanha da Fraternidade em âmbito nacional, essa oferta acontece dentro do espírito da conversão quaresmal para a solidariedade.

Do total arrecadado por esta coleta, a Diocese envia 40% ao Fundo Nacional de Solidariedade (FNS), gerido pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A outra parte (60%) permanece na Diocese para atender a projetos locais, pelos respectivos Fundos Diocesanos de Solidariedade (FDS).

A destinação dos recursos e a aprovação dos projetos estão a cargo de um conselho gestor, que é composto por membros da CNBB e da Cáritas Brasileira. Esses recursos são distribuídos para entidades e organizações sociais sem fins lucrativos que estejam habilitadas, preferencialmente, a trabalhar com a temática proposta pela Campanha da Fraternidade, que, neste ano, apresenta o tema “Fraternidade e Vida: Dom e Compromisso”. 

Também promovida pela CNBB, a coleta da Campanha para a Evangelização tem por finalidade a arrecadação de recursos voltados à ação evangelizadora, como a promoção de iniciativas de formação, além de contribuir com a manutenção da CNBB nacional e o financiamento de atividades pastorais promovidas nas dioceses e nos 18 regionais da conferência episcopal.

Essa coleta é distribuída da seguinte maneira: 45% dos recursos ficam na própria Diocese; 20% vão para o Regional da CNBB e 35% se destinam à CNBB nacional.

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