Imagens sacras: a representação daquilo que nos aproxima de Deus

Elas remetem os fiéis a um significado íntimo e profundo, seja em um simples altar em casa, seja nas igrejas

Cristo em Majestade – Basílica do Santuário Nacional da Imaculada Conceição, em Washington D.C

O jornal O SÃO PAULO tem publicado uma série de reflexões sobre os sinais da fé cristã, com base no livro da Editora Quadrante “Sinais de Vida – Quarenta Costumes Católicos e suas Raízes Bíblicas”, do teólogo Scott Hahn.

Dando sequência à série, apresentamos uma reflexão sobre a devoção às imagens sacras. Elas remetem os fiéis a um significado íntimo e profundo, seja em um simples altar em casa, seja nas igrejas. Quando se volta o olhar para uma imagem, recorda-se que aquela pessoa, ali representada, viveu conforme a vontade de Deus e se tornou um modelo de vida e santidade.  

 “Já que alguns nos consideram em erro por venerar e honrar a imagem do Nosso Salvador e de Nossa Senhora, bem como as imagens dos outros santos e servos de Cristo, recordamos a eles que no princípio Deus criou o homem à sua imagem (cf. Gn 1,26). Com base em que, portanto, honramos uns aos outros, senão pelo fato de que somos feitos à imagem de Deus? Pois, como diz Basílio, versado intérprete das coisas divinas, a honra dada à imagem é transferida para o protótipo”, recorda Scott Hahn em sua obra.

VENERAÇÃO E ADORAÇÃO

Os católicos veneraram os santos, o que é muito diferente de adoração. Na verdade, as imagens são como fotos com as quais recordamos entes queridos.

A palavra dulia vem do grego doulo, que significa “servidor”. Dulia, em português, quer dizer “reverência, veneração”. Latria é “adoração”, vem do grego latreia, que significa “serviço ou culto prestado a um soberano senhor”. Portanto, não há como confundir o culto prestado a Deus com o culto prestado aos santos.

“Aquilo que a face de Jesus humano revelou ao longo de sua vida do século I é revelado pelas imagens sacras. Mesmo as imagens que retratam Jesus como um governante e um juiz também o retratam como um homem e nos lembram da sua humildade, da sua disposição para adotar a condição humana, repleta como é de fraquezas”, recorda o livro “Sinais de Vida”.

ESTIMULAM A ORAÇÃO

Luciney Martins/O SÃO PAULO

Segundo Hahn, nem todos são capazes de ler os mistérios da salvação, apresentados pelas Sagradas Escrituras e, por isso, “os padres aprovaram a representação desses acontecimentos por meio de imagens […], de maneira que formassem um memorial conciso do que se passou”. O Concílio Ecumênico de Niceia, no ano 789, que aprovou o uso de imagens, afirmou:

“Na trilha da doutrina divinamente inspirada de nossos santos padres e da tradição da Igreja Católica, que sabemos ser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos com toda certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem como as representações da Cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas, de mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre os utensílios e as vestes sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, como a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos.”

São João Damasceno, Doutor da Igreja, dizia: “A beleza e a cor das imagens estimulam minha oração. É uma festa para os meus olhos, tanto quanto o espetáculo do campo estimula meu coração a dar glória a Deus”.

Luciney Martins/O SÃO PAULO

INTERCESSÃO DOS SANTOS

São Jerônimo dizia: “Se, aqui na Terra, os santos em vida rezavam e trabalhavam tanto por nós, quanto mais não o farão no Céu, diante de Deus. Santa Teresinha do Menino Jesus dizia que “ia passar o Céu na terra”, ou seja, intercedendo pelas pessoas.

O Catecismo da Igreja Católica nos ensina o seguinte, no § 956: “Pelo fato de os habitantes do Céu estarem unidos mais intimamente com Cristo, consolidam com mais firmeza na santidade toda a Igreja. Eles não deixam de interceder por nós ao Pai, apresentando os méritos que alcançaram na terra pelo único mediador de Deus e dos homens, Cristo Jesus. Por seguinte, pela fraterna solicitude deles, a nossa fraqueza recebe o mais valioso auxílio” (Lumen gentium, 49).

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