Jade Barbosa e Lorrane Oliveira: as histórias de superação de 2 ‘ginastas de bronze’ em Paris 2024

Esportistas integraram a equipe feminina do Brasil na inédita medalha em Jogos Olímpicos

Rebeca, Jade, Lorrane, Flavia e Julia recebem o bronze olímpico em Paris 2024 (foto: COB)

Na terça-feira, 30 de julho, a equipe ginástica artística feminina do Brasil conseguiu uma inédita medalha de bronze na história dos Jogos Olímpicos com Rebeca Andrade (ouro e prata em Tóquio 2020), Flavia Saraiva, Jade Barbosa, Lorrane Oliveira e Julia Soares.

Rebeca, Flavia e Julia ainda disputaram finais individuais nos próximos dias. Para Jade e Loranne o bronze por equipes foi a consagração de trajetórias distintas, mas que guardam muitas histórias de superação.

LORRANE OLIVEIRA: DO LUTO AO PÓDIO

Lorrane Oliveira não conteve o choro ao se descobrir medalhista olímpica em Paris. Uma reação natural para quem enfrentou um luto doloroso e cogitou até abandonar o esporte após o falecimento precoce da irmã mais nova, Maria Luiza, de 21 anos, há apenas três meses.

Era abril e Lorrane havia acabado de chegar em Troyes, na França, para fazer uma aclimatação com a seleção e conhecer o ginásio que receberia os últimos treinos antes dos Jogos. A notícia a devastou e teve impacto em toda a delegação. Viajou de volta ao Brasil amparada pela médica do COB, Lara Ramalho, que acompanhava o grupo. A ginasta, que já enfrentava um processo depressivo desde 2022, se viu sem chão.

“Fiquei umas duas, três semanas sem treinar. Foi difícil. Eu chorava todos os dias. Tinha dias em que eu não treinava, mas as meninas sempre me apoiaram. Às vezes eu não fazia nada, mas só precisava de um abraço e elas estavam ali. Toda a equipe multidisciplinar, principalmente a minha psicóloga Aline (Wolff) e meu psiquiatra Hélio (Fádel) foram essenciais nessa fase. Se não fosse por eles eu não estaria aqui”, disse Lorrane.

“Essa medalha é para todo o Brasil. Em primeiro lugar para Deus e depois para a minha irmã, porque ela tinha esse sonho junto comigo. Ela está muito feliz e orgulhosa de mim, da gente”, declarou após a conquista.

JADE BARBOSA: LEGADO DE GERAÇÕES


Jade Barbosa se apresentou para o Brasil como um dos grandes nomes do esporte olímpico brasileiro nos Jogos Pan-americanos Rio 2007. No ano seguinte conquistou um bronze no individual geral no Mundial de Stuttgart. Ela conquistaria ainda outras duas medalhas em Mundiais, subindo ao pódio na competição em três décadas diferentes: foi também bronze no salto em 2010 e prata por equipes em 2023.

Jade foi a sua terceira olimpíada em Paris, após ser oitava colocada por equipes tanto em Pequim 2008 quanto na Rio 2016.

Paris 2024 talvez fosse a última chance de a veterana subir ao pódio olímpico. E Jade se desdobrou para se fazer presente e necessária ao grupo. Foi a incentivadora das mais novas, o porto seguro nos momentos difíceis. Desenhou os collants de treino e de competição, secou chão, preparou as barras.

“Eu já competi em Jogos Olímpicos em casa, Jogos Pan-americano em casa, tenho medalhas em Mundiais em três décadas diferentes. O que eu poderia pedir mais? Mas Deus me deu, deu às meninas. Fico muito feliz de estar hoje vivendo a ginástica que eu sempre imaginei para o Brasil”, disse a brasileira.


“As pessoas hoje tiveram a oportunidade de ver duas horas do Brasil competindo, mas sabemos que essas duas horas foram trabalhadas em mais de 40 anos. Nós fomos conquistando passo a passo para que hoje a gente chegasse e tivesse esse resultado por equipes. O Brasil não era nada nesse esporte. A gente começou com alguns talentos individuais e muito ‘paitrocínio’. Hoje nós somos uma potência”, prosseguiu a ginasta.

“A gente lutou por cada detalhe, cada menina deu tudo o que tinha. Nosso sonho sempre foi popularizar o esporte, e com essa competição hoje a gente quer mais pessoas praticando, a gente quer que essas novas gerações sintam que é possível também”, concluir Jade.

(Com informações do Comitê Olímpico do Brasil)

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