Campanha motivada pela CNBB faz parte da Lei 14.393/2022 e prevê a promoção de ações de educação ambiental em todas as esferas sociais
Resultado da mobilização da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a campanha “Junho Verde” foi instituída pela Lei 14.393/2022 e incluiu na Política Nacional de Educação Ambiental (Lei 9.795/1999) ações educativas em favor da conscientização para os cuidados com a saúde do planeta.
Ao longo do “ Junho Verde”, a Igreja Católica no Brasil é chamada a realizar atividades educativas por meio das suas dioceses, paróquias e comunidades eclesiais, além de estimular iniciativas por parte do poder público em parceria com escolas, universidades, organizações privadas e a sociedade civil.
O projeto da campanha “Junho Verde” foi elaborado pela CNBB, tendo como referência a encíclica Laudato si’, publicada em 2015 pelo Papa Francisco. A apresentação da iniciativa à presidência da Comissão de Meio Ambiente do Senado aconteceu em maio de 2021, por Dom Walmor Oliveira de Azevedo, então presidente da CNBB.
Com a inclusão do artigo 13-A na Lei 9.795/1999, a campanha “Junho Verde” passou a ser celebrada anualmente como parte das atividades de educação ecológica previstas na Política Nacional de Educação Ambiental.
MISSÃO DE TODA A IGREJA
Em carta destinada aos bispos do Brasil, Dom Ricardo Hoepers, Secretário-geral da CNBB, realçou que a inclusão da campanha na Política Nacional de Educação Ambiental busca “enfatizar o compromisso pela conservação dos ecossistemas naturais e de todos os seres vivos, bem como o controle da poluição e da degradação dos bens naturais, que são dons de Deus e obras da Criação”.
Como ação concreta, Dom Ricardo estimula que a Igreja Católica no Brasil esteja atenta às ações promovidas pelas esferas municipal, estadual e federal do poder público e que busque dialogar e colaborar com a educação ambiental e o cuidado com a Casa Comum, viabilizando boas práticas e firmando compromissos com a defesa da ecologia integral.
A atenção da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil com relação à promoção da ecologia integral tem se intensificado ao longo dos anos, sobretudo pelo agravamento dos problemas ambientais em todo o País.
Segundo o Padre Dario Bossi, Assessor da Comissão Sociotransformadora e Membro da Comissão para Ecologia e Mineração da CNBB, a realidade ambiental de hoje exige o aumento da força dedicada pela Igreja como uma missão que, pouco a pouco, vai resultando em compromissos concretos. Para ele, ações como a campanha “Junho Verde” representam um espaço propício de reflexão sobre o tema.
“A iniciativa ‘Junho Verde’ afirma que a dimensão socioambiental da Igreja é prioritária para a evangelização de hoje e para salvar a vida no planeta. Este é um chamado para dizer que o compromisso de defender a Casa Comum é urgente e cabe a todos nós, tanto do ponto de vista individual quanto por meio de iniciativas com as comunidades cristãs e organizações da sociedade civil. O posicionamento da CNBB mostra que esse tema faz parte da identidade da missão da Igreja, que é profundamente evangélica neste momento histórico do planeta”, completou.
OLHANDO PARA 2025
Em 2025, a CNBB se prepara para dois momentos significativos relativos à promoção da ecologia integral. O primeiro deles é a Campanha da Fraternidade, que terá como tema “Fraternidade e Ecologia Integral” e o lema “Deus viu que tudo era muito bom” (Gn 1,31).
Além disso, a CNBB já elabora um itinerário formativo visando à realização da 30ª edição da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que ocorrerá em Belém (PA), entre 10 e 21 de novembro.
De acordo com o Assessor, a CNBB está elaborando uma plataforma de intercâmbio para o fortalecimento da troca de informações sobre o tema e encontros presenciais, incluindo a juventude em todo o processo colaborativo: “A Igreja no Brasil compreende que a oportunidade da COP 30 no País é única e histórica e que todo processo até lá nos permite repensar a gravidade da situação climática atualmente”.
VIVÊNCIA ECOLÓGICA E PASTORAL
No Regional Sul 1 da CNBB, a Pastoral da Ecologia Integral vem promovendo, desde 2020, um trabalho de formação de todos os cristãos batizados no estado de São Paulo. Presente em 22 localidades entre dioceses e arquidioceses, a ação tem como base o Magistério da Igreja, especialmente a encíclica Laudato si’ e a exortação apostólica Laudate Deum.
De acordo com Luciano Rodolfo Machado, Coordenador da Pastoral da Ecologia Integral do Regional Sul 1, a iniciativa tem o papel de sensibilizar como cada pessoa e cada comunidade eclesial pode contribuir com a diminuição do agravamento dos problemas ambientais, desde a adoção de novos hábitos de consumo, reflexão sobre a geração de resíduos e cobrança para que políticas públicas sejam garantidas e efetivadas nos municípios.
As formações ocorrem de forma interdisciplinar para conscientizar que a pauta ambiental deve ser comum a todos: “A Pastoral da Ecologia Integral não pretende ser a única responsável pela questão ambiental dentro do trabalho pastoral, mas ela contribuiu com a conversão de toda a igreja local, unindo outras lideranças das pastorais, paróquias e comunidades”, disse o Coordenador.
FORMAÇÃO CONTÍNUA
Uma das ações concretas da Pastoral no Regional Sul 1 é a realização do processo formativo chamado: “Água fonte de vida”. As aulas refletem sobre o cuidado com a água a partir da encíclica Laudato si’. Iniciado em 2022 e concluído em 2023, a primeira etapa do itinerário dedicou-se à formação de novas lideranças para o Regional. Já de 2023 a abril de 2024, o curso formou novos agentes para as sub-regiões. A terceira etapa, que acontecerá entre agosto deste ano e abril de 2025, destina-se a formar pessoas para atuar em suas dioceses. As inscrições para a nova turma continuam até o dia 2 de agosto, em https://ecologiaintegralsul1cnbb.blogspot.com.
Estima-se que ao fim do terceiro ciclo, em 2025, haja a formação para as lideranças paroquiais, para que se ampliem conhecimentos na comunidades do estado sobre a preservação do meio ambiente.
3 COMPROMISSOS DO ‘JUNHO VERDE’
- Divulgar informações acerca do estado de conservação das florestas e biomas brasileiros e dos meios de participação ativa da sociedade para a sua salvaguarda;
- Fomentar a conscientização ambiental em áreas turísticas, com estímulo ao turismo sustentável;
- Conservar a biodiversidade brasileira e o plantio e uso de espécies vegetais nativas em áreas urbanas e rurais.