Maio Amarelo: como você contribui para a paz no trânsito?

11ª edição da campanha no Brasil ocorre em meio ao crescimento nos registros de acidentes e mortes no sistema viário. Ações também buscam educar as novas gerações sobre o tema

Como em 2023, Detran-DF realiza neste ano ações de educação de trânsito no Maio Amarelo
Detran-DF/Arquivo

A cada ano, cerca de 1,25 milhão de mortes são registradas em todo o mundo em razão de acidentes de trânsito. Em 2022, 34 mil destes óbitos ocorreram no Brasil, além de 212 mil internações. Os dados são da Organização Mundial da Saúde e do Ministério da Saúde.

O movimento Maio Amarelo busca conscientizar as pessoas, organizações, empresas e governos sobre as questões de segurança no trânsito, tendo como ponto de preocupação o elevado número de mortes e acidentes que envolvem motoristas, passageiros e pedestres.

A iniciativa foi pensada em âmbito global em 2011, quando a ONU decretou a Década de Ação para Segurança no Trânsito; e no Brasil ocorre desde 2014, idealizada pelo Observatório Nacional de Segurança Viária (ONSV), e atualmente realizada também por diferentes órgãos e entidades que integram o Sistema Nacional de Trânsito.

OLHAR AS PRÓPRIAS ATITUDES E TER ATENÇÃO COM O PRÓXIMO

O Maio Amarelo deste ano tem como tema “Paz no trânsito começa por você”. O objetivo é fazer com que as pessoas reflitam sobre seus próprios comportamentos como motoristas, pedestres ou usuários de transporte público.

De acordo com um levantamento da Polícia Rodoviária Federal (PRF), a principal causa dos acidentes nas rodovias federais é a falta de atenção ou reação dos motoristas, motociclistas e pedestres (36% das ocorrências), a desobediência às regras de trânsito (14,4%), o excesso de velocidade (10%) e o uso de álcool (5%).

Paula Nunan, diretora de Educação de Trânsito do Departamento de Trânsito do Distrito Federal (Detran-DF), lembrou à reportagem que o excesso de velocidade é o principal fator de risco no trânsito. “A velocidade excessiva aumenta a letalidade, reduz as chances de sobrevivência das pessoas e dificulta a recuperação dos acidentados”. Ela mencionou, ainda, que “a combinação e de álcool e direção, bem como a distração ao volante ou na condução de motocicletas também são fatores de risco recorrentes entre as causas de sinistros de trânsito”.

Na capital paulista, conforme dados do Sistema de Informações Gerenciais de Acidentes de Trânsito do estado de São Paulo (Infosiga SP), a maior parte dos óbitos no trânsito nos três primeiros meses de 2024 envolveram jovens de 18 a 29 anos (66 óbitos). Do total de acidentes, a maioria, 112, foi com motociclistas, e houve 77 atropelamentos. Até março, a maior cidade do País já acumulava 237 mortes em acidentes de trânsito. No ano passado, foram 987 óbitos registrados ao todo.

No lançamento do Maio Amarelo em âmbito nacional, no dia 2, Luciano Lourenço, diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), destacou que a empatia e as atitudes individuais e coletivas são fundamentais para garantir paz e segurança no trânsito: “Nessa loucura que a gente tem, com o tiquetaque do relógio nos pressionando, fazendo com que a nossa cabeça pense mil coisas ao mesmo tempo, a paciência, muitas vezes, nos falta. E essa impaciência pode ser refletida na agressividade ou na falta de atenção, como em um atropelamento, ceifando alguma vida”.

COM O APOIO DA ARQUIDIOCESE DE BRASÍLIA (DF)

No Distrito Federal, o movimento Maio Amarelo deste ano chegará às paróquias da Arquidiocese de Brasília (DF), que historicamente apoia as causas em prol de um trânsito mais seguro, como fez em 1996 na caminhada pela Paz no Trânsito no DF, realizada com a meta de reduzir os limites de velocidade nas vias e diminuir a quantidade de mortes.

Para 2024, foi firmada uma parceria entre aquela Arquidiocese, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal e o Detran-DF para que 160 paróquias recebam iniciativas educativas de trânsito voltadas às crianças e para que haja a distribuição de material educativo sobre o tema do respeito ao próximo.

“A Arquidiocese de Brasília vê a parceria com o Detran-DF e a Secretaria de Segurança Pública como uma oportunidade de reforçar os valores de fraternidade e amizade social, princípios que são essenciais para uma convivência harmônica. Para Dom Paulo Cezar [Arcebispo de Brasília], o movimento está totalmente alinhado ao tema da Campanha da Fraternidade deste ano, ‘Fraternidade e Amizade Social’. A ideia é fazer com que a mensagem de paz no trânsito chegue a todas as famílias por meio das diversas áreas da sociedade”, escreveu a Arquidiocese em nota à reportagem.

A diretora de Educação de Trânsito do Detran-DF lembrou que a Arquidiocese de Brasília “tem uma atuação baseada na defesa da vida, em qualquer condição, e na comunhão e fraternidade entre as pessoas, valores que – se praticados – também promovem um trânsito mais seguro e menos violento. Além do mais, a mensagem emanada pela Arquidiocese chega a todas as cidades e cantos do DF, atingindo vários públicos. Ter esta instituição como parceira no Maio Amarelo é uma oportunidade real de amplificar e chamar a atenção do maior número de pessoas sobre a importância da segurança viária e a proteção da vida no trânsito”.

O TRÂNSITO APRESENTADO ÀS CRIANÇAS

Paula Nunan detalhou à reportagem que a parceria com as paróquias da Arquidiocese de Brasília se dará por meio da realização de palestras, ações teatrais e distribuição de materiais educativos e promocionais de segurança de trânsito e do Maio Amarelo.

“Temos as apresentações teatrais e contação de história, que são atividades lúdicas e interativas. Essas ações apresentam situações de risco e como evitá-las durante travessias de via, durante o transporte de crianças em veículos ou mesmo quando usando uma bicicleta. Também as apresentações demonstram os perigos de os responsáveis pelas crianças atenderem celular ou dirigirem sob efeito de álcool; ou de não usarem o cinto de segurança, por exemplo”, mencionou.

“Os materiais gráficos vão desde situações de colorir, montar quebra-cabeças, ligar pontos, caçar palavras, ler histórias, visualizar cenários de trânsito e até atividades de colagem; tudo isso relacionado aos principais papeis desempenhados pelas crianças no trânsito: pedestres, passageiras e ciclistas”, disse a diretora de Educação de Trânsito do Detran-DF.

Paula Nunan lembrou que embora não seja responsabilidade das crianças falar aos adultos sobre as questões de trânsito seguro – “não se trabalha educativamente com crianças esperando delas que sejam ‘agentes de trânsito’ dos responsáveis por elas, ou fiscais do trânsito” –, elas, dentro de seu universo infantil, espontâneo e lúdico, podem fazer com que os adultos repensem as próprias atitudes no trânsito. “Às vezes, tocamos os adultos apenas falando com as crianças, porque estas acabam divulgando o tema com seus responsáveis em momentos e locais que o Detran-DF não conseguiria fazê-lo”, comentou.

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