Março Azul-Marinho: o diagnóstico precoce é o melhor aliado no combate ao câncer de intestino

Segundo o Instituto Nacional De Câncer (Inca), no triênio de 2023 a 2025, mais de 45 mil novos casos serão diagnosticados no Brasil. Prevenção pode inibir o agravamento da doença em 90% das ocorrências

Terceiro tipo mais comum no Brasil, o câncer de intestino (também conhecido como câncer de cólon e reto) é o tumor que tem sua origem por lesões que se de­senvolvem na parede interna do intestino grosso.

Quando detectado precocemente, as chances de cura podem chegar a 90%. Contudo, cerca de 85% dos casos são des­cobertos já na fase avançada da doença, isso porque, segundo especialistas, ainda existe grande resistência das pessoas em realizar exames preventivos como a colo­noscopia, um procedimento que requer um período de preparo, é invasivo e costu­ma causar desconforto, porém é altamente seguro e eficaz para verificar o funciona­mento do intestino por meio de imagens.

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), no triênio de 2023 a 2025, estima-se que mais de 45 mil novos casos sejam diagnosticados no Brasil.

Organizada pela Sociedade Brasilei­ra de Endoscopia Digestiva (Sobed), a Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP) e a Federação Brasileira de Gas­troenterologia (FBG), a campanha “Mar­ço Azul-Marinho”, com o lema “Médico e paciente: uma parceria que salva vidas! Juntos na prevenção do câncer de intesti­no”, pretende ser uma resposta a essa rea­lidade e conscientizar a população sobre a doença.

PREVENÇÃO QUE SALVA

Graças aos exames preventivos de ro­tina, a fonoaudióloga Tereza Gomes Pe­reira, 61, conseguiu evitar o agravamento de um quadro que poderia resultar em câncer de intestino. Ela, que perdeu o pai há 38 anos pela doença, realiza o exame de colonoscopia a cada quatro anos. Por causa da pandemia de COVID-19, Tere­za interrompeu a rotina em 2020 e 2021, retornando ao consultório em junho de 2022, quando foi detectado um pólipo na parte direita do intestino. Pelas carac­terísticas da lesão, foi necessário um pro­cedimento cirúrgico chamado colectomia parcial a direita, no qual foi retirado cerca de 30 centímetros do seu intestino. Após a cirurgia, o material foi enviado para análi­se anatomopatológico, na qual se concluiu que a lesão não havia avançado para o es­tágio cancerígeno.

Em entrevista ao O SÃO PAULO, a fonoaudióloga revelou que no início foi contra realizar o exame, mas que perce­beu sua importância graças à orientação médica. Hoje, ela procura compartilhar sua história e contribuir com a campanha Março Azul-Marinho, incentivando ou­tras pessoas a buscar o acompanhamento adequado.

“Meu pai faleceu em uma época em que pouco se sabia sobre colonoscopia. Infelizmente, ele não teve a mesma sorte que eu e, dois anos depois do diagnósti­co faleceu. As pessoas têm medo e pre­conceito desse exame, mas eu dou graças a Deus por ter a oportunidade de fazê-lo ainda quando as células eram pré-cance­rígenas”, disse Tereza.

A experiência também a aproximou da fé. Em agradecimento pela graça al­cançada, ela passou a rezar o Terço diaria­mente e voltou a frequentar as missas na Paróquia Nossa Senhora da Candelária, na Diocese de Santo André (SP).

UMA VITÓRIA A CADA DIA

O dia 29 de fevereiro de 2024 ficará para sempre marcado na vida de Leila Aparecida Gama dos Santos, 61. Nesta data, ela foi considerada curada de um câncer de intestino.

Moradora de Sumaré (SP), a assistente social autônoma passou a sentir fortes do­res abdominais em maio de 2018 e, após muitas consultas médicas, conseguiu uma vaga no Hospital das Clínicas da Univer­sidade Estadual de Campinas, no qual passou por uma cirurgia de emergência para a retirada de um tumor maligno de pouco mais de três centímetros, além de parte do seu intestino. Ela permaneceu internada por 12 dias, cinco deles na Uni­dade de Terapia Intensiva (UTI).

O câncer de intestino não é um caso isolado em sua família. Uma de suas ir­mãs morreu aos 33 anos em decorrência da doença.

Leila conta que em todos os momen­tos contou com o apoio da família, amigos e membros da Paróquia São Miguel Ar­canjo, da Arquidiocese de Campinas (SP), na qual participa como coordenadora da Pastoral da Liturgia e do Conselho Paro­quial de Pastoral. Também é secretária do Colegiado das Paróquias da Arquidiocese.

“Eu sempre fui uma mulher de fé. An­tes de subir para a sala de cirurgia, fiz duas orações: ‘Senhor, se eu tiver que morrer, eu só lhe peço que envie Nossa Senhora para me buscar, mas se existir mais vida para mim, eu estou pronta para a missão que o Senhor me confiar’. Ele me deu a se­gunda opção”, recordou a assistente social.

Um ano após a primeira cirurgia, Leila voltou ao centro cirúrgico, desta vez para a retirada total do órgão. Posteriormente, ela deu início ao tratamento de quimio­terapia oral e acompanhamento com exa­mes regulares.

Após mais de cinco anos, agora com o diagnóstico de cura, ela deseja continuar seu trabalho de mentoria para que outros assistentes sociais possam desempenhar a profissão de forma autônoma, além de continuar com as missões confiadas a ela, como manifestadas em sua oração: “Todo o trajeto é gratificante, mas estar curada é a coroação de todos estes anos”, expressou.

SINAIS DE ALERTA

Mais comum entre os idosos, o câncer de intestino tem aumentado em pessoas abaixo dos 45 anos, conforme afirma Ri­cardo Carvalho, oncologista clínico do Hospital Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Segundo o médico, além da idade, existem doenças que estão associadas aos fatores de risco para esse tipo de câncer, como a retocolite ulcerativa idiopática e a síndrome de Lynch.

Ele ressalta que a diminuição no con­sumo de carne vermelha, de produtos industrializados, de bebidas alcoólicas e do tabaco reduz as chances do desenvol­vimento do tumor, bem como o aumento da ingestão de frutas, legumes, cereais, fibras, nozes, castanha, amêndoas e líqui­dos; além do controle do peso.

Carvalho lembra, ainda, que é preciso observar os sinais do organismo que po­dem indicar problemas no intestino, tais como a alteração no formato ou surgi­mento de sangue nas fezes; mudança do hábito intestinal; fraqueza e anemia; perda de peso sem causa aparente; surgimento de massa abdominal e dor local e fadiga.

5 FATOS SOBRE O CÂNCER DE INTESTINO

  • Hábitos de vida mais saudáveis são ver­dadeiros fatores de proteção;
  • Manter o índice de massa corporal ade­quado reduz as chances de desenvolvi­mento desse tipo de câncer;
  • O uso exagerado de bebidas alcóolicas e o tabagismo aumentam as chances da doença;
  • As fezes podem mostrar quando algo não está bem;
  • Acompanhar o surgimento dos pólipos (elevações que se formam na superfície interna de alguns órgãos) é importante para evitar o surgimento de tumores malignos.

(Fonte: Ministério da Saúde)

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