Missa e ato público recordam os 50 anos do assassinato de Alexandre Vannucchi Leme

Sua irmã, Maria Cristina, fala na Catedral da Sé sobre o assassinato do universitário ocorrido há 50 anos. Foto: Luciney Martins/O SÃO PAULO

Alexandre Vannucchi Leme era um assíduo estudante de Geologia da USP e, aos 22 anos, em 1973, em meio ao regime militar no Brasil, tentava reorganizar as ações do Diretório Central dos Estudantes daquela universidade. Em 15 de março daquele ano, foi preso e levado ao DOI-Codi, sendo encontrado morto dois dias depois.

Inicialmente, Alexandre foi enterrado como indigente e quase uma semana depois veio a oficialização de seu falecimento, supostamente por atropelamento, após tentar escapar da Polícia. Indignados com a falsa notícia da razão da morte, estudantes da USP pediram a Dom Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo de São Paulo, que celebrasse a missa de 7o dia na Cidade Universitária. O Arcebispo consentiu, mas marcou a celebração para a Catedral da Sé.

Foto de Alexandre Vannucchi Leme / Arquivo-USP

“Só Deus é dono da vida; dele a origem, e só Ele pode decidir o seu fim(…). A vida desenvolve-se toda dentro da comunidade e da sociedade, em favor dela. Deus nos repete a pergunta, desde as primeiras até as últimas páginas do Livro Sagrado: ‘Onde está teu irmão? A voz do sangue do teu irmão clama da terra por mim!’ (Gn 4,9)”, disse o ‘Cardeal da Esperança’, na homilia da missa, em 30 de março de 1973, que reuniu cerca de 5 mil pessoas na Catedral da Sé.

Na noite da sexta-feira, 17, na mesma Catedral, uma missa foi celebrada para recordar os 50 anos do assassinato de Alexandre Vannucchi Leme. A Eucaristia foi presidida por Dom Pedro Luiz Stringhini, Bispo de Mogi das Cruzes (SP) e Presidente do Regional Sul 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Luciney Martins/O SÃO PAULO

No mesmo dia, à tarde, ocorreu o ato “Alexandre Vive! 50 anos”, na Faculdade de Direito da USP. A iniciativa, bem como a missa, foi organizada pelo Instituto Vladimir Herzog, a Comissão Arns e Núcleo de Preservação da Memória Política.

Apenas no ano de 2014, o Estado brasileiro fez a retificação da certidão de óbito de Alexandre, incluindo a informação de que ele foi morto no DOI-Codi em decorrência de “lesões provocadas por tortura”.

 (Por Redação – Com informações de USP Notícias e Instituto Vladimir Herzog)

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