Morre aos 89 anos Mario Simas, um dos fundadores da Comissão Justiça e Paz

Advogado de destacada atuação em favor dos presos políticos durante a ditadura militar e um dos fundadores da Comissão Justiça e Paz de São Paulo, faleceu na quarta-feira, 12, aos 89 anos de idade, Mário de Passos Simas.

Dr. Mario Simas (foto: Memorial da Resistência de São Paulo)

De acordo com o comunicado de seus familiares, o velório do Dr. Mario Simas ocorrerá na quinta-feira, 13, entre 7h e 12h, no Cemitério Gethsemani Morumbi, onde também será sepultado.

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TRAJETÓRIA EM FAVOR DOS DIREITOS HUMANOS

Mario de Passos Simas nasceu em 12 de abril de 1934. Após formar-se em Direito, em 1958, iniciou a carreira profissional como advogado de defesa do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo.

Diante das violações aos direitos humanos vistas após no Brasil após o golpe militar de 1964, Dr. Mário Simas passou a também advogar em favor de presos políticos no regime ditatorial.

Na fase de maior repressão do regime, após o Ato Institucional no 5 (AI-5), Dr. Mário e outros advogados precisaram buscar alternativas para tentar não só a defesa dos presos políticos, mas até para saber informações a respeito de onde estavam encarcerados ou ainda vivos. Uma das saídas foi a de apresentar petições à Justiça Militar que tinham o formato de habeas corpus, mas que recebiam outro nome: habeas corpus de localização.

“Nós (os advogados) nos valíamos de tudo, de mil requerimentos, de centenas de petições e reclamávamos perícias, invocávamos autoridades estrangeiras, entidades internacionais como a Anistia Internacional. Tudo que era válido era exercido”, relatou Dr. Mário no livro “Os advogados e a ditadura de 1964: a defesa dos perseguidos políticos no Brasil”, publicado em 2010.

Com essa reconhecida atuação em favor dos direitos humanos, Dr. Mário Simas foi convidado por Dom Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo de São Paulo, para integrar o grupo que fundou a Comissão de Justiça e Paz de São Paulo em 1972, criada para denunciar e combater as violações de direitos humanos durante a ditadura militar.

A Dr. Mario e a outros advogados que defenderam a dignidade da vida humana durante a ditadura militar, Dom Paulo fez a seguinte deferência no já citado livro: “naquela época de muitos temores, [estes profissionais do Direito] arriscaram suas próprias vidas e carreiras profissionais para se dedicarem a defender, na grande maioria dos casos gratuitamente, as vítimas da violência política”.

(Com informações da Biblioteca Digital da FGV, Memorial da Resistência de São Paulo e site Conjur)

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