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Nos 75 anos da Faculdade de Medicina da PUC-SP, Dom Odilo ressalta o valor de toda vida humana

O Cardeal Odilo Scherer, Arcebispo Metropolitano de São Paulo e Grão-chanceler da PUC-SP, esteve no campus Sorocaba da PUC-SP, no dia 8, para presidir a missa em ação de graças pelos 75 anos de Fundação da Faculdade de Medicina da pontifícia universidade. A Eucaristia foi concelebrada pelo Padre Rodrigo Vilela, Coordenador da Pastoral Universitária.

Entre os participantes da missa esteve o Prof. Dr. Vidal Serrano Nunes Júnior, Reitor: “É uma alegria e um orgulho imensos estar aqui celebrando os 75 anos desta faculdade, uma das melhores do Brasil. Neste momento, nada poderia ser mais oportuno do que receber as bênçãos do nosso cardeal, para que a PUC-SP continue sendo o que sempre foi: uma instituição de excelência na área médica”, declarou.

TRADIÇÃO EM BEM FORMAR

Antes da celebração, o diretor da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS), Prof. Dr. Godofredo Campos Borges, saudou a todos e fez um resumo da trajetória histórica da instituição, destacando seu papel na formação de profissionais da saúde e na consolidação da tradição acadêmica da PUC-SP em Sorocaba (SP).

“Em 1971, esta faculdade, então uma fundação de Sorocaba, passou a integrar a PUC-SP. A primeira turma de Medicina formou-se em 1956 e, até o ano passado, já diplomamos 5.893 médicos. Atualmente, contamos com 647 alunos de Medicina, 51 de Enfermagem, 227 residentes, 58 pós-graduandos, além de 217 professores e 83 funcionários”, detalhou.

EM DEFESA DA VIDA

No começo da missa, o Cardeal Scherer recordou que naquela data se celebrava o Dia Nacional do Nascituro, e na homilia ressaltou a veemente posição da Igreja sobre a inviolabilidade da vida humana desde a concepção até a morte natural.

“Hoje está sendo comemorado o Dia do Nascituro. Se é importante proteger a vida das pessoas adultas (e certamente é), proteger a vida das crianças nascidas (e como é importante), quanto mais necessário é acolher e proteger os seres humanos pequenos, frágeis e indefesos que ainda estão por nascer. Lamentavelmente, custa a ser reconhecido o óbvio: que eles já são seres humanos e têm uma dignidade própria. No entanto, a legislação brasileira e a de outros países sempre mais os desprotege, entregando-os à sua sorte e até mesmo ao arbítrio de quem atenta contra a sua vida, negando-lhes o primeiro e mais fundamental de todos os direitos”, observou.

O Arcebispo de São Paulo recordou a proximidade da realização da conferência da ONU sobre mudanças climáticas, a COP30, em novembro, em Belém (PA), que tratará de proposta para proteger o meio ambiente e a vida humana, uma preocupação expressa há dez anos pelo falecido Papa Francisco na encíclica Laudato si’: “O Papa sacudiu as consciências e orientou para uma nova visão das questões ambientais e climáticas, desvinculando-as dos discursos ideológicos e partidários, fazendo ver que isso interessa a todos… Francisco ajudou a compreender melhor que a questão ambiental, mais do que interesses econômicos, envolve princípios morais de responsabilidade, solidariedade e justiça”.

O Arcebispo sublinhou que ainda hoje persistem muitas ameaças à vida humana, como as guerras, a miséria degradante e a fome, além da morte da vida já no ventre materno, como ocorre no caso de um aborto.

“Ao falar da defesa da vida humana, não podemos passar ao largo da questão dolorosa do aborto. O direito à vida e a inviolabilidade da vida humana estão assegurados na Constituição Federal, e a Igreja Católica tem posição clara e inequívoca de desaprovação moral do aborto provocado. Causa perplexidade a pretensão de transformar a prática do aborto em um direito individual a ser reconhecido e protegido pelo Estado”.

O Arcebispo de São Paulo classificou como “horror dos horrores”a prática do aborto de bebês com mais de 22 semanas de gestação, mediante o procedimento de assistolia fetal.

“Este modo de matar os bebês no ventre materno consiste na introdução de uma agulha no coração do feto, para lhe aplicar uma solução de cloreto de potássio. Isso causa uma forte arritmia, com dores fortíssimas, e mata o bebê em poucos instantes. Enquanto isso, o emprego desse mesmo método para provocar a morte de animais está vetado pelo Conselho Federal de Medicina Veterinária, justamente porque é extremamente doloroso e cruel. Vários países onde existe a pena de morte também proíbem seu uso para executar os condenados. O Conselho Federal de Medicina [CFM] proibiu esse procedimento na prática do aborto, justamente por ser muito doloroso e desumano. No entanto, pela mobilização de um partido político, essa norma foi contestada no STF [Supremo Tribunal Federal] como ‘inconstitucional’, com o argumento de que o Conselho Federal de Medicina não poderia impor tal veto aos médicos por ser contrário ao ‘direito ao aborto legal’. Por decisão monocrática do STF, a norma do CFM foi suspensa liminarmente, e o aborto por assistolia fetal continua acontecendo”, lamentou.

“Por que o inocente precisa pagar pelo culpado? No mundo minimamente civilizado dos adultos, isto não é considerado normal. Por que o mundo se mobiliza para ouvir o grito da Terra na COP30 – e faz bem –, mas não escuta o chorinho do bebê agredido até a morte?”, indagou por fim.

(Com informações da assessoria de imprensa da PUC-SP)

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