Novo espaço do Museu do Ipiranga apresenta as múltiplas facetas da Independência do Brasil

Com entrada gratuita e sem necessidade de agendamento prévio, a exposição “Memórias da Independência” será inaugurada na quarta-feira (24)

Aclamação de Dom Pedro I Imperador do Brasil. Quadro de Jean-Baptiste Debret, 1839. – Foto: Acervo da Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin/USP

Resgatar a história da Independência do Brasil, a sua presença em todo o território nacional e a sua repercussão ao longo do tempo é o propósito da nova exposição do Museu do Ipiranga, Memórias da Independência. “A ideia é mostrar como esse movimento teve várias articulações e aconteceu em diversos pontos do país”, afirma Jorge Cintra, docente do Museu e um dos curadores do acervo em exibição. A mostra será aberta ao público nesta quarta, dia 25, feriado do aniversário de São Paulo, inaugurando também um novo espaço do Museu, dedicado a mostras temporárias, totalmente acessível. 

Composta de cerca de 130 itens, dentre eles, pinturas, fotografias, selos, cartões-postais, discos, cartazes de filmes e outros objetos, a mostra rememora as celebrações desse marco histórico em diferentes momentos e lugares do Brasil, procurando ampliar as perspectivas do visitante, explica o professor. “Para transmitir que a independência não foi só em São Paulo, no riacho do Ipiranga, nós pensamos no Brasil como um todo. Estamos aqui para contar a história, não a história de São Paulo, mas uma história do Brasil“, diz. Além dele, participaram da curadoria os professores Paulo César Martins e Maria Aparecida de Menezes Borrego.

Jorge Cintra, professor da USP e curador da exposição – Foto: Sites/USP

Por meio do estudo de relatos, seminários e livros detalhados sobre a Independência do Brasil, foi feita uma síntese da história desse período. Cintra conta que cada curador olhou para determinado ângulo desse contexto — ele, por exemplo, trabalhou o percurso de Dom Pedro I, de Santos para São Paulo, “entrando nos mínimos detalhes possíveis a partir dos quatro relatos de acompanhantes de Dom Pedro”, afirma.

Os registros da independência — e da não independência

O imaginário da independência se alastra por toda a exposição, que foi dividida em dois eixos temáticos para facilitar a localização dos acontecimentos no tempo e no espaço. Os retratos de personagens destacados por sua atuação nessa conjuntura são retomados, como Domingos José Martins, uma das principais lideranças da Revolução Pernambucana. A figura de Tiradentes, outro precursor da causa, é relembrada na obra Os Mártires, de Antônio Parreiras, como destaque da época.

Junto à retomada das imagens dos ditos heróis e protagonistas da Independência, há a presença do debate crítico relacionado ao cenário. Neste contexto, o Brasil se liberta das forças institucionais da Coroa Portuguesa, mas a população negra permanece sendo escravizada e a indígena vitimada pela perda crescente de seu território e cultura. Segundo o professor, as caricaturas de Angelo Agostini, desenhista abolicionista, são apresentadas na exposição justamente para evidenciar esse outro olhar acerca da Independência do Brasil.

Fonte: Jornal da USP/ por Maria Fernanda Barros

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