Padre: imagem do Cristo, homem de oração e servidor de Deus no meio do povo

Arquivo pessoal

No domingo, 4, os católicos renderam graças a Deus pela vocação de seus sacerdotes. O Dia do Padre é festejado na memória litúrgica de São João Maria Vianney (1786-1859) – 4 de agosto –, padroeiro dos sacerdotes. O Cura d’Ars se tornou conhecido pelas muitas horas dedicadas como confessor na pequena cidade de Ars, na França, orientando milhares de fiéis no caminho da salvação. No Brasil, as comemorações ocorrem sempre no primeiro domingo de agosto, no contexto do Mês Vocacional.

Todo padre tem a missão de servir a comunidade em nome e na pessoa de Cristo, conforme indica o Catecismo da Igreja Católica: “No serviço eclesial do ministro ordenado, é o próprio Cristo que está presente à sua Igreja, como Cabeça do seu corpo, Pastor do seu rebanho, Sumo-Sacerdote do sacrifício redentor, mestre da verdade. É o que a Igreja exprime quando diz que o padre, em virtude do sacramento da Ordem, age in persona Christi Capitis – na pessoa de Cristo Cabeça” (CIC 1548).

VIDA DE ORAÇÃO

“O padre é, antes de tudo, um homem de oração”, aponta São João Paulo II na encíclica Sacerdotii nostri primordia, destacando que essa dimensão da vida sacerdotal jamais deve ser colocada em segundo plano.

“Esta fidelidade à oração é, aliás, para o padre um dever de piedade pessoal, da qual a sabedoria da Igreja salientou muitos pontos importantes, como a oração mental cotidiana, a visita ao Santíssimo Sacramento, o Terço e o exame de consciência (…) Talvez por terem esquecido algumas destas prescrições, certos membros do clero se foram entregando, pouco a pouco, à instabilidade exterior, ao empobrecimento interior, ficando expostos um dia, sem defesa, às tentações desta vida terrena”, escreve o Pontífice.

CARIDADE PASTORAL

Na exortação apostólica Pastores dabo vobis, São João Paulo II lembra que o sacerdote deve estar cada vez mais aberto a acolher a caridade pastoral de Jesus Cristo, uma vez que esta “impele e estimula o presbítero a conhecer cada vez melhor a condição real dos homens aos quais é enviado, a discernir os apelos do Espírito nas circunstâncias históricas em que está inserido, a procurar os métodos mais adaptados e as formas mais úteis para exercer hoje o seu ministério”.

Na mesma exortação, o Pontífice lembra que a caridade pastoral leva o sacerdote a “partilhar a história ou a experiência de vida desta Igreja particular nas suas riquezas e fragilidades, nas suas dificuldades e esperanças, a trabalhar nela para o seu crescimento”.

MINISTROS DA PALAVRA E DOS SACRAMENTOS

O decreto Presbyterorum ordinis, do Concílio Vaticano II, indica que os sacerdotes são ministros da Palavra de Deus – “os presbíteros, como cooperadores dos Bispos, têm, como primeiro dever, anunciar a todos o Evangelho de Deus” (PO 4) – e dos sacramentos, na medida em que introduzem as pessoas “no Povo de Deus, pelo Batismo; pelo sacramento da Penitência, reconciliam os pecadores com Deus e com a Igreja; com o óleo dos enfermos, aliviam os doentes; sobretudo com a celebração da missa, oferecem sacramentalmente o Sacrifício de Cristo” (PO 5).

A constituição dogmática conciliar Lumen gentium sublinha que os sacerdotes ao desempenhar o múnus de Cristo pastor e cabeça, “reúnem a família de Deus em fraternidade animada por um mesmo espírito e, por Cristo e no Espírito Santo, conduzem-na a Deus Pai. No meio do próprio rebanho, adoram-No em espírito e verdade (cf. Jo. 4,24). Trabalham, enfim, pregando e ensinando (1 Tm 5,17), acreditando no que leem e meditam na lei do Senhor, ensinando o que creem e vivendo o que ensinam” (LG 28).

VIGOROSO TESTEMUNHO

Ao proclamar o Ano Santo Sacerdotal, em 2009, o Papa Bento XVI exortou os sacerdotes a um vigoroso testemunho evangélico e que se questionem sempre: “‘Somos verdadeiramente permeados pela Palavra de Deus? É verdade que esta é o alimento de que vivemos, mais de que o sejam o pão e as coisas deste mundo? Conhecemo-la verdadeiramente? Amamo-la? De tal modo nos ocupamos interiormente desta Palavra, que dá realmente um timbre à nossa vida e forma o nosso pensamento?’ (…) nos nossos dias, os sacerdotes são chamados a assimilar aquele ‘novo estilo de vida’ que foi inaugurado pelo Senhor Jesus e assumido pelos Apóstolos”.

Dez anos depois, em 2019, em carta aos padres por ocasião dos 160 anos da morte de São João Maria Vianney, o Papa Francisco enalteceu aqueles “que tantas vezes, de forma impercetível e sacrificada, no cansaço ou na fadiga, na doença ou na desolação” assumem a missão sacerdotal. Ele também agradeceu aos padres a fidelidade aos compromissos assumidos, a alegria com que entregam a vida a Deus, bem como por celebrarem diariamente a Eucaristia, apascentarem com misericórdia os fiéis no sacramento da Reconciliação, anunciarem a todos o Evangelho e acolherem os mais frágeis: “Irmãos, mais uma vez, vos digo que ‘não cesso de dar graças a Deus por vós’ (Ef 1,16), pela vossa dedicação e missão”.

Sacerdotes contam com o suporte da Pastoral Presbiteral

CNBB

A Comissão Nacional dos Presbíteros (CNP), organismo da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), está atenta à realidade dos padres, assim como as comissões regionais de presbíteros a ela vinculadas e que promovem encontros, formações e análises de conjuntura sobre a realidade do sacerdócio no Brasil.

Padre Fausto Marinho de Carvalho Filho, do clero da Arquidiocese de São Paulo, é o atual Vice-Presidente da CNP. Ao O SÃO PAULO, ele detalhou que a cada dois anos este organismo realiza o Encontro Nacional de Presbíteros (ENP) e que a meta é a de sempre fortalecer a Pastoral Presbiteral em cada diocese.

“A Pastoral Presbiteral assegura que haja a formação permanente dos padres, momentos de atualização, cuidados quando passam por dificuldades ou sofrimentos, além da promoção de en- contros fraternos, para que não fiquem isolados”, detalhou Padre Fausto, que já presidiu a Comissão Regional de Presbíteros do Sul 1 da CNBB e até julho deste ano era Coordenador da Pastoral Presbiteral da Arquidiocese.

“O padre também precisa de cuidados, que passam pela sua espiritualidade: ter um confessor, participar de retiros, formações e de encontros mais amplos ou em grupos menores. Aqueles mais responsáveis pela Pastoral Presbiteral visitam especialmente os padres mais idosos, enfermos ou que estejam passando por dificuldades”, explicou o Padre Fausto, indicando ainda ser muito positivo quando os fiéis também se preocupam com seu sacerdote, “demonstrando amizade, carinho, atenção e rezando pelo padre”. 

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