Para o seu bem e de toda a comunidade, tome as duas doses da vacina contra a COVID-19

Com a aquisição de mais vacinas contra a COVID-19 pelo Ministério da Saúde, a campanha de imunização para o combate da doença avança e mais de 27% da população do Brasil já recebeu a 1a dose. No estado de São Paulo, a previsão é que até a metade de setembro toda a população já tenha recebido ao menos uma dose do imunizante.

Foto: Governo do Estado de São Paulo

A imunização completa contra a COVID-19, porém, só é assegurada duas semanas após a pessoa ter recebido a 2a dose da vacina. Atualmente, no Brasil, essa é a situação de cerca de 11% da população, mas tal percentual poderia ser maior, uma vez que mais de 4 milhões de pessoas que receberam a 1a dose não retornaram para completar a imunização. No estado de São Paulo, até o dia 10, um total de 359 mil pessoas estavam em atraso com a 2a dose, das quais 104,8 mil na capital paulista.

De acordo com o médico infectologista Jamal Suleiman, do Instituto de Infectologia Emílio Ribas, é indispensável que cada pessoa receba as duas doses da vacina, “para que o organismo produza uma resposta protetora, ou seja, aquela capaz de evitar que a pessoa morra caso se contagie”.

Proteção individual e coletiva

Suleiman ressalta que, quando uma comunidade inteira ou boa parte dela está vacinada, há maior dificuldade para a circulação do vírus, o que dá mais proteção, mesmo para aqueles que ainda não se vacinaram contra a COVID-19, como é o caso das crianças, por exemplo, para as quais ainda não há previsão para essa vacinação.

“A função da vacina é evitar que você morra da doença. Contágio pode ocorrer, mas as formas da doença serão leves ou moderadas. Não existe vacina que dê 100% de proteção a quem a toma. A imunização, porém, não é um ato que interessa só para você, mas também para a sua família, para o seu bairro, a sua comunidade”, comenta.

O infectologista explica que, quando a maioria de uma população está vacinada, o que passa a circular é o vírus vacinal, sobre o qual há controle quanto aos efeitos, diferentemente do vírus selvagem, que pode ter constantes mutações, levando a uma maior capacidade de transmissão.

“Quando a pessoa é vacinada, ela produz anticorpos, deixa de ter o risco de morrer da doença, e, se a comunidade inteira está vacinada, cria-se barreira sanitária para que o vírus selvagem não circule”, detalha.

A procura pelos que não se vacinaram

Esquecimento da data para tomar a 2a dose, desinformações sobre a eficácia das vacinas e medo de reações adversas do imunizante têm sido apontadas pelas autoridades da área da Saúde como possíveis causas para que as pessoas não estejam retornando aos locais de vacinação para completar a imunização contra o coronavírus.

Em São Paulo, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio do Plano Municipal de Imunizações, tem intensificado a busca ativa dos munícipes que estão com a 2a dose em atraso. Há algumas semanas, estavam nessa condição 197 mil pessoas. Na quinta-feira, 10, este número já havia sido reduzido para 104.885 pessoas. “Mais de 10 mil profissionais da Saúde foram mobilizados para vacinação e busca ativa de pessoas que ainda não haviam tomado a 2a dose contra a doença”, informou a SMS à reportagem.

A secretaria detalha que o trabalho se inicia com a busca, no sistema Vacivida, da relação de pessoas que ainda não receberam a 2a dose do imunizante. Depois, “é realizado o georreferenciamento entre o endereço do munícipe e a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima dele e, então, os profissionais da unidade entram em contato com a pessoa para orientá-la sobre a importância da vacinação correta e verificar os motivos da abstenção. As UBS que possuem equipes do programa Estratégia Saúde da Família também fazem parte deste trabalho. Os Agentes Comunitários de Saúde (ACS), em suas visitas casa a casa, alertam a população da importância da imunização correta com as duas doses e, também, monitoram os pacientes que não tomaram nenhuma das doses ou apenas a 1a dose. Os médicos e enfermeiros também realizam o alerta durante atendimento médico”, afirma a pasta, apontando, ainda, que o sistema Vacivida avisa ao munícipe, via celular, sobre a chegada do prazo para a tomada da 2a dose.

AS VACINAS CONTRA A COVID-19 PROVOCAM EFEITOS ADVERSOS?
 
A Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) informa em seu site que os registros adversos referentes às vacinas aprovadas contra a COVID-19 em todo o mundo são apenas “de casos leves a moderados” e que os três imunizantes com duas doses já aplicados no Brasil – CoronaVac, Pfizer e AstraZeneca/Oxford – “apresentam um perfil de segurança semelhante ao das outras que utilizamos há anos. Elas não causam efeitos colaterais importantes na maioria das pessoas que as recebem. Os eventos mais comuns são dor no local da injeção e febre. Outros sintomas menos comuns são cansaço, mialgia e dor de cabeça, que cessam em poucos dias”.
Ainda de acordo com a SBIm, “reações alérgicas são incomuns, mas podem ocorrer após qualquer vacina, sendo essencial que a aplicação se dê em locais capacitados para detectar os primeiros sinais e prestar pronto atendimento”.

Vacinar-se: gesto ético e de caridade cristã

Em uma nota conjunta em dezembro de 2020, a Comissão Vaticana COVID-19 e a Pontifícia Academia para a Vida alertam que “a recusa da vacina pode também constituir um risco para os outros”.

Além disso, a recusa em se vacinar pode aumentar seriamente os riscos para a saúde pública, uma vez que há pessoas impedidas de se vacinar e que dependem da vacinação das outras para que se alcance a imunidade do grupo. E ainda, “ao nos infectarmos por falta de vacinação, isso resultará no aumento de hospitalizações com a consequente sobrecarga dos sistemas de saúde e seu possível colapso”, de modo que “acolher a vacina não é só uma questão de nossa própria saúde, mas, também, uma ação em nome da solidariedade com os de- mais, especialmente os mais vulneráveis”.

Foto: Vatican Media

Em janeiro deste ano, o Papa Francisco, em entrevista a uma tevê italiana, exortou que todos se vacinem contra a COVID-19 quando puderem: “É uma opção ética, porque está em jogo a sua saúde, mas também a dos outros. Se os médicos nos apresentam a vacina como algo bom, sem grandes efeitos negativos, por que não tomar?”.

O Pontífice recordou memórias de sua infância, quando as pessoas faziam fila para se vacinar contra a poliomielite, causadora da paralisia infantil. Para o Pontífice, rejeitar as vacinas “é um negacionismo suicida que eu não sei explicar”.

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