Paróquias são referências para bairros da capital

‘A Palavra de  Deus se encarna na história e a Igreja pode ser enriquecida com a evolução da vida social’

Paróquia, na zona Sul da cidade, foi erigida em maio de 1960

A história se repete: em torno de uma capela, o bairro vai crescendo e, com o passar das décadas, ou mesmo séculos, a presença da Igreja continua ali, ajudando a recontar fatos históricos e mostrando-se, sempre mais, referência para os moradores, seja pela construção que se destaca das demais, seja por se tornar local de encontro, de celebração da fé e de prática da caridade.

SANTA RITA DE CÁSSIA, EM MIRANDÓPOLIS

Quase todos os dias, por volta das 16h, patinetes e bicicletas coloridas fazem da Praça Santa Rita, em frente à Paróquia Santa Rita de Cássia, em Mirandópolis, zona Sul de São Paulo, um lugar cheio de alegria e vida. O local é ponto de encontro para crianças do bairro, e acontecem até mesmo piqueniques de aniversário.

Mercados, padarias, farmácias e demais serviços são encontrados no entorno, além de o local ser um ponto de encontro para as pessoas do bairro. No dia 22 de maio, os fiéis saem das missas com rosas nas mãos e muitas pessoas as distribuem a quem encontram nos arredores da igreja matriz.

Em entrevista ao O SÃO PAULO, Padre Jorge Bernardes, Pároco, disse que, além de a Paróquia ser um centro de espiritualidade e celebração da fé cristã, é um local de encontro e convívio social.

“Todos os sábados, sem exceção, a Paróquia reúne 12 advogados e oferece gratuitamente, a quem precisar, assistência jurídica das mais diversas áreas. Às quintas-feiras, são distribuídas 200 cestas básicas para as famílias. Os beneficiados são, em sua maioria, pessoas em situação de rua e migrantes, além daqueles que foram atingidos pela pandemia. Temos 17 agentes preparados para a assistência individual que atendem as pessoas em suas necessidades. Além disso, a Pastoral da Saúde faz visitas aos idosos que vivem sozinhos na região da Paróquia, além da presença em três asilos que estão bem próximos ao templo. Levamos alimentos, roupas e a Palavra de Deus”, informou o Padre.

O salão da igreja é usado para realização de reuniões que visam à reforma das praças do entorno da igreja, para atender melhor e com mais segurança crianças e idosos.

A Paróquia mantém 21 frentes e grupos pastorais. A última iniciativa foi a formação de um grupo de pré-catequese para crianças até 7 anos, que brincam e ouvem histórias bíblicas enquanto os pais participam da celebração. Durante a pandemia, todos os sábados, a Paróquia tem oferecido 350 marmitas para pessoas em situação de rua na região central da cidade.

A história da Paróquia Santa Rita de Cássia acompanha a modernização e urbanização do bairro e, desde o princípio, a igreja é uma referência para os moradores. A comunidade começou a trabalhar para a aquisição do terreno e construção do templo em 1958 e, em 12 de abril de 1959, realizou-se a cerimônia do lançamento da pedra fundamental da nova igreja.

Somente em 22 de maio de 1960 foi erigida a Paróquia Santa Rita de Cássia, tomando posse com seu primeiro Vigário, o Cônego Olavo Braga Scardigno.

NOSSA SENHORA DA EXPECTAÇÃO, NA FREGUESIA DO Ó

Templo inaugurado em 1796 é referência na Freguesia do Ó

Lindolfo Gomes de Figueiredo morou a cem metros da Paróquia durante 20 anos e, há pouco mais de um ano, mudou-se, mas ainda se encontra a cerca de 1km de distância da matriz da Paróquia Nossa Senhora da Expectação, no bairro da Freguesia do Ó, zona Norte da cidade.

Para ele, a Paróquia faz com que o bairro e o seu entorno tenham uma essência diferente: “Quem passa por ali se sente numa cidade do interior, onde as pessoas se cumprimentam e as tradições são mais respeitadas. A matriz é muito importante, inclusive, para a própria cidade de São Paulo, pois o bairro cresceu a partir da construção da igreja.”

A história de Lindolfo também foi sendo vivida dentro da Paróquia, pois, na comunidade, ele conheceu sua namorada, casou-se e batizou a filha. “Criei laços para a vida toda. Para quem mora no bairro, sem dúvida, a Paróquia é parte integrante da vida e do dia a dia”, disse.

Inaugurada em 1796, a igreja dedicada à Virgem do Ó foi construída onde hoje se situa o “Largo da Matriz Velha”. Essa primeira construção, porém, foi destruí- da em 1896 e a atual igreja foi inaugurada em 1901, construída em local próximo da anterior, na praça da Matriz Paroquial Nossa Senhora da Expectação.

NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO, NO TATUAPÉ

Igreja está localizada na Praça Sílvio Romero, na zona Leste

A Paróquia Nossa Senhora da Conceição, no Tatuapé, também é referência para um dos maiores bairros da zona Leste de São Paulo. Localizado na Praça Sílvio Romero, o bonito templo não passa despercebido por quem por ali trafega, seja pela construção em si, seja pela movimentação dos paroquianos, que estão sempre inovando em ações de solidariedade e acolhida.

Construída em 1899, a capela passou por várias fases e adaptações, que acompanharam o crescimento do bairro e a quantidade dos fiéis que participavam das celebrações e demais atividades religiosas sempre em maior número.

Em 8 de dezembro de 1952, foi lançada a pedra fundamental da nova matriz, que, com mais de 100 anos, é um dos símbolos do Tatuapé.

COMUNIDADE PAROQUIAL A SERVIÇO DA MISSÃO

Foi lançada, em 27 de junho de 2020, a instrução “A conversão pastoral da comunidade paroquial a serviço da missão evangelizadora da Igreja”, do Papa Francisco, divulgada pela Congregação para o Clero.

O Documento recorda que a Igreja, “fiel à própria tradição e, ao mesmo tempo, consciente da sua missão universal, é capaz de entrar em comunicação com as diversas formas de cultura, com o que se enriquecem tanto a própria Igreja como essas várias culturas”.
O artigo 4º diz, ainda, que, “de fato, o encontro fecundo e criativo entre o Evangelho e a cultura conduz a um progresso verdadeiro: de um lado, a Palavra de Deus se encarna na história dos homens, renovando-a; de outro lado, a Igreja pode também ser enriquecida, e de fato o é, com a evolução da vida social, de modo a aprofundar a missão que lhe é confiada por Cristo, para melhor expressá- la no tempo em que se vive”.

Fotos: Luciney Martins/O SÃO PAULO

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