Santa Sé autoriza a abertura do processo de beatificação da Irmã Rosita Paiva
A Congregação para a Causa dos Santos, em Roma, autorizou o processo de beatificação de Rosita Paiva (foto). A religiosa nasceu em 13 de março de 1909, em Lábrea, no Amazonas, filha de Alexandre Muzzio Paiva e Virgínia Menezes Paiva.
Rosita sempre sonhou com a vida religiosa. Ela conheceu, em 1949, o Monsenhor Luís de Carvalho Rocha, na época, Cura da Catedral Metropolitana de Fortaleza (CE). Ele foi o orientador e pai espiritual de Rosita. Fundadora do Instituto Josefino, a Religiosa destacou-se, durante sua vida consagrada, pela confiança ilimitada à Divina Providência e obediência à Igreja.
Confiança na Divina Providência
Em entrevista ao O SÃO PAULO, Irmã Maria Bernardete Gonçalves de Paula, 68, Superiora-geral da Congregação das Irmãs Josefinas, disse que a congregação recebeu a notícia com muita alegria, entusiasmo e surpresa, porque a resposta veio rapidamente.
“A espera foi, em média, de um ano, e obtivemos a resposta da Congregação para a Causa dos Santos em três meses. A alegria é imensa, como também a responsabilidade, pois a resposta se torna um convite a trilharmos o mesmo caminho de santidade de Irmã Rosita”, disse Irmã Maria Bernardete.
A Superiora disse ainda que o que marca a vida de Irmã Rosita é seu testemunho de santidade a partir de simplicidade e doação incondicional. “É um estímulo para o povo de Deus de que a santidade é possível em qualquer tempo, lugar e estado de vida”, afirmou.
Irmã Maria Bernardete disse ainda que a amazonense foi uma pessoa orante, amável, compassiva e misericordiosa. “Tinha forte espírito de fé e de caridade, ardor missionário, obediência à vontade de Deus, confiança na Divina Providência, grande amor e zelo pelos sacerdotes e amor incondicional aos pobres”, salientou.
Simplicidade e amor
Olga Gomes de Paiva, prima em segundo grau de Irmã Rosita Paiva, foi educada pela mãe de Rosita dos 2 anos e meio até cerca de 20 anos de idade. “Estudei no colégio fundado por ela a minha vida inteira e me sinto privilegiada por ter uma relação tão próxima a ela”, disse, em entrevista à reportagem.
Olga recorda-se de Irmã Rosita como uma pessoa justa, piedosa, cheia de amor e de fé em Deus e que acreditava profundamente na providência divina.
“Ela era a maior referência em termos de justiça e amor por onde passava. Inclusive na família. Quando cheguei a Lábrea, no Amazonas, ela não morava mais lá, mas continuava a ser uma presença luminosa para todos. No colégio, tivemos uma formação baseada no conhecimento científico e na fé, nos valores cristãos”, disse.
A prima comentou, ainda, que nunca teve dúvidas de que estava diante de uma santa: “Tínhamos a certeza de estar diante de alguém que foi agraciada por Deus. Estamos muito felizes em saber que ela é serva de Deus e vamos trabalhar para que a Igreja reconheça sua santidade, pois ela, de fato, seguiu os ensinamentos do Evangelho”.
Sobre a convivência com Irmã Rosita, Olga recordou-se de um ambiente muito feliz no colégio, junto com as religiosas que eram orientadas por Irmã Rosita. Tínhamos teatro, festas, eventos e ela salientava que a educação não é só conhecimento científico, mas a possibilidade de trabalhar pelo bem comum. Além disso, ela era despojada de tudo, mostrando-se sempre uma pessoa muito simples e comprometida com a vida religiosa para a qual fora chamada.
Instituto Josefino
O Instituto Josefino, uma Família de Vida Consagrada Religiosa, foi fundado em Fortaleza (CE), no dia 4 de janeiro de 1933, pelo Monsenhor Luís de Carvalho Rocha, Rosita Paiva e Dom Antônio de Almeida Lustosa.
As primeiras constituições foram aprovadas ad experimentum, em 1950, por Dom Antônio de Almeida Lustosa. Em 25 de maio de 1963, o instituto recebeu o Nihil Obstat da Santa Sé, autorizando a sua ereção canônica diocesana. Em 6 de janeiro de 1964, foi oficializado como Instituto Religioso de Direito Diocesano, por Dom José de Medeiros Delgado, então Arcebispo de Fortaleza. Em 1949, o instituto teve seus estatutos reconhecidos civilmente como “Sociedade Educacional e Beneficente São José”
A finalidade do instituto é a glória de Deus, o bem da Igreja, a santificação dos seus membros, pela vivência da Palavra de Deus e observância dos conselhos evangélicos de castidade, pobreza e obediência, na defesa da fé e da vida, até o martírio.