No 4º Domingo da Páscoa, católicos se unem para rezar especialmente pelos vocacionados ao sacerdócio

“Pedi ao Senhor da messe que envie operários para a sua messe” (Mt 9,38). Citando esta passagem bíblica, São Paulo VI iniciou a radiomensagem com a qual instituiu o Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Era 11 de abril de 1964, o 4º Domingo da Páscoa.
“Suba ao céu a nossa oração, desde as famílias, das paróquias, das comunidades religiosas, das enfermarias, dos lábios de crianças inocentes, para que aumentem as vocações ao sacerdócio e para que sejam segundo os anseios do coração de Cristo”, exortou o Santo Padre, também pedindo ao Senhor que aquele chamado também chegasse às mulheres puras e generosas, infundindo nelas “o desejo de perfeição evangélica e dedicação ao serviço da Igreja e dos irmãos necessitados de assistência e caridade”.
A cada ano, desde então, o 4º Domingo da Páscoa, o Domingo do Bom Pastor, é também dedicado à oração pelas vocações na Igreja.
“Ter uma data de referência no calendário nos permite, mais do que rezar, experimentar a graça da unidade da Igreja. É a oração da comunidade. Além disso, a mensagem do Papa sempre nos conduz a reflexões importantes da nossa caminhada e a um novo olhar sobre a temática vocacional, à luz da Palavra que é viva. Também devemos mencionar que o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, quando bem vivido em nossas comunidades, pode ser um despertar no coração dos jovens ao chamado de Deus”, explica, ao O SÃO PAULO, o Padre José Carlos dos Anjos, Promotor Vocacional da Arquidiocese de São Paulo.

CULTURA VOCACIONAL
O tema do 60º Dia Mundial de Oração pelas Vocações é o mesmo que anima o 3º Ano Vocacional do Brasil: “Vocação: graça e missão”. Ele é inspirado no Documento Final do Sínodo dos Bispos de 2018, no qual se aponta que “a vocação aparece realmente como um dom da graça e de aliança, como o mais belo e precioso segredo de nossa liberdade”.
O 3º Ano Vocacional tem a meta de promover a cultura vocacional nas comunidades eclesiais, nas famílias e na sociedade, também com o chamado para que os católicos intensifiquem as orações pelas vocações.
Na Paróquia Cristo Rei, no Jardim Britânia, na Região Brasilândia, rezar pelas vocações já é parte da rotina. Antes de cada missa, por exemplo, ocorre a Dezena do Terço pelas vocações. E a oração da comunidade tem sido ouvida pelo Senhor da messe. Atualmente, dois jovens paroquianos estão no Seminário da Arquidiocese de São Paulo e duas leigas são missionárias na Comunidade Aliança de Misericórdia.
“Procuro incentivar o povo a refletir sobre a importância da vocação na vida da Igreja. Além do Terço, há a adoração eucarística e missas voltadas às vocações. Em todas as missas, cada pastoral faz um momento de reflexão sobre a vocação na Igreja com a reza do Terço vocacional”, detalha o Padre Orisvaldo da Silva Carvalho, Pároco.
Segundo o Padre José Carlos dos Anjos, é fundamental que as paróquias aproveitem os momentos vocacionais já existentes para rezar pelas vocações, como as adorações, as atividades do Mês Vocacional (em agosto), a oração com as crianças da Catequese e os Terços e dezenas antes das missas. “Momentos específicos para as vocações também podem ser feitos, como adorações e ofícios vocacionais”, complementa.

O SACERDOTE COMO EXEMPLO
Da Paróquia Nossa Senhora Aparecida, na Vila Arapuá, Região Ipiranga, há dois vocacionados em seminários: um jovem no Propedêutico da Arquidiocese e um adolescente no Seminário Menor dos Arautos do Evangelho.
O processo de discernimento vocacional dos rapazes foi iniciado pelo Padre João Paulo Rizek, Pároco, que frequentemente dialoga com as crianças, adolescentes e jovens sobre o sacerdócio e testemunha sua alegria em ser padre.
“A vocação é uma escolha, e, como tal, implica certas renúncias. Por vezes, os jovens têm dificuldade em entender sobre essas renúncias. Alguns pensam que o padre ‘venha pronto do céu’, que não tenha dúvida alguma, nem angústias, mas não é assim. Explicar isso para o jovem é fundamental”, enfatiza.
Ele também considera ser indispensável que o padre volte a ser um personagem ativo da vida social: “Eu procuro estar de batina em todos os lugares em que vou no bairro. Assim, todos os meus paroquianos, mesmo os que não vão à missa, sabem quem é o padre da paróquia, recordam que ali existe um sacerdote e que faz parte de uma sociedade saudável ter a figura do líder religioso. E a consequência disso é que as crianças e os jovens começam a entender que há também uma possibilidade de escolha de vida de seguir o caminho do sacerdócio”.
Padre João Paulo Rizek explica, ainda, que na Paróquia Nossa Senhora Aparecida optou-se por ter apenas meninos como coroinhas, “pois é justamente neste serviço no altar que se abre para eles a perspectiva de querer trabalhar com o Sagrado por toda a vida”. Já as meninas participam como “anjinhas”, auxiliando em outros momentos, como no ofertório.
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APOIO AOS VOCACIONADOS
Padre José Carlos dos Anjos lembra que quando alguém se abre ao discernimento vocacional, isso deve ser motivo de gratidão a Deus e de alegria para a comunidade e a família do vocacionado, que devem sustentar este jovem com suas orações. “O pároco também tem papel fundamental nesse processo, pois acaba sendo uma referência para esse jovem. Ele irá acompanhá-lo e inseri-lo de forma mais intensa na comunidade para, posteriormente, encaminhá-lo à Arquidiocese ou congregação religiosa”, comenta.
O Promotor Vocacional da Arquidiocese lamenta, porém, que, por vezes, alguns familiares desmotivem os jovens a seguir o discernimento vocacional – “Seja pela superproteção dos pais, seja pela dependência afetiva”; ou o próprio clérigo não acolhe o vocacionado como deveria – “Não conversa, não está disponível”.
O Padre José Carlos dos Anjos recorda que o Centro Vocacional Arquidiocesano (CVA) tem encaminhado materiais vocacionais aos padres e que os bispos auxiliares da Arquidiocese falam recorrentemente sobre as vocações nas celebrações, especialmente quando conferem o sacramento da Crisma. “Eu também tenho celebrado missas vocacionais em todos os setores da Arquidiocese, nas quais rezamos pelas vocações. Também foi distribuída para todas as paróquias a Oração Vocacional e os padres são constantemente motivados a ter um olhar atento aos fiéis”, assegura, lembrando, ainda, que a Arquidiocese tem vivenciado o 3º Ano Vocacional do Brasil.
Padre João Paulo Rizek ressalta o papel indispensável da oração em prol das vocações: “Se a comunidade paroquial não rezar, não haverá padres. Além disso, a comunidade precisa entender que o padre sai das famílias. Às vezes, é muito bonito achar que o filho da vizinha vai ser padre, mas cada família tem que querer que o próprio filho seja padre. Se as próprias famílias estimularem seus filhos, ressaltando a importância do sacerdócio na vida cristã, isso já seria muito bom para estimular as vocações”.
REZE O TERÇO VOCACIONAL!
Veja o material que a Diocese de Foz do Iguaçu (PR) produziu para a reza do Terço Vocacional
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