‘Tampinhas de amor’: o que ia para o lixo agora impulsiona a solidariedade

Formado por voluntários, o Instituto Amor Rosa mantém o atendimento a pessoas com câncer por meio da venda de tampinhas plásticas que antes tinham os aterros sanitários como destino

Fotos: Instituto Amor Rosa

Sabe aquela tampinha de plástico como a da garrafa de água que geralmente todos jogam fora? Ela tem gerado renda para o Instituto Amor Rosa, organização não governamental que assiste pacientes oncológicos na capital paulista.

O Instituto arrecada e vende as tampinhas, contribuindo ainda com a sustentabilidade ambiental, direcionando à reciclagem toneladas desse tipo de plástico que, antes, iriam para os aterros sanitários.

De 2020 a 2022, o Instituto arrecadou 77 toneladas de tampinhas. Toda a renda obtida com a venda do material é revertida ao atendimento dos assistidos, pacientes internados ou não, que recebem apoio por meio de acompanhamento psicológico e de doação de itens essenciais durante o tratamento oncológico.

“São desde visitas, doação de fraldas geriátricas e de kits como o de higiene – sabonete, escova de dente, pente, absorvente etc – até a entrega de cadeiras de rodas e de banho, entre outras coisas”, disse, ao O SÃO PAULO, Ana Maria Obranovich Rosa, 74, cofundadora e presidente do Instituto.

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AMOR ROSA

Oficialmente fundado em 2019, o Instituto Amor Rosa já atuava de forma extraoficial desde 2011, sempre apoiando pacientes oncológicos adultos, sem distinção de sexo e tipo de câncer.

“O adulto com câncer é estigmatizado. Por isso, nos dedicamos a cuidar daqueles que precisam. Sou católica e acredito que devemos amar o próximo como a nós mesmos”, comenta Ana Maria.

A missão do Amor Rosa é acolher, amparar, orientar e, como o próprio nome diz, amar aquelas pessoas que se encontram em situação de fragilidade por causa da doença.

Seus assistidos são encaminhados pelos serviços sociais de hospitais parceiros do Sistema Único de Saúde e da rede privada.

“Hoje, ao mês, são 370 pacientes que atendemos direta ou indiretamente de acordo com as necessidades”, diz Ana Maria.

Formado por voluntários, o Instituto conta com 36 integrantes, entre os quais uma psicóloga, um advogado e 13 coordenadoras de projetos que administram as diversas frentes de atuação, como a arrecadação de donativos, entrega de cestas básicas e o banco de perucas, enviadas gratuitamente para todo o Brasil.

“O Amor Rosa é formado por pessoas que chegaram aqui pelo amor ou pela dor. São pessoas que já foram pacientes ou que tiveram casos de câncer na família ou perderam alguém para a doença”, expõe Ana Maria.

É o caso da administradora de empresas Fátima Laplaca, 60, que atua na assessoria da presidência do Instituto. Ela conheceu o trabalho em 2012, quando estava com a doença.

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“Tive câncer de mama, diagnosticado em 2010. Embora não precisasse de auxílio de bens materiais, sentia falta de um grupo de apoio, de pessoas para interagir, tirar dúvidas sobre a doença e o tratamento”, conta Fátima.

“Acolhimento eu tive já no primeiro encontro com a Ana Maria, que me deu um abraço caloroso. Passei a ir aos eventos e encontros de pacientes. Virou uma chave na minha vida”, diz.

De assistida, Fátima, que passou 10 anos em tratamento, se juntou a Ana Maria como cofundadora do Amor Rosa. “Ressignifiquei minha experiência com o câncer e usei o árduo aprendizado para ajudar outras pessoas que passam pela situação”, conta.

O mesmo ocorreu com a artesã Maria José S. de Moraes, 55, que além de paciente assistida é voluntária desde 2021. Ela foi diagnosticada com câncer de mama em 2016 e conheceu o Instituto por meio de uma amiga que, depois, faleceria em decorrência da doença.

“Ela me levou até o Amor Rosa para pegar uma peruca emprestada. Lá escolhi uma do meu agrado e passei a participar dos eventos”, recorda Maria José, que atua, principalmente, no setor da beleza da ONG.

TAMPINHAS DE AMOR

Há três anos, o Instituto adotou a campanha permanente “Tampinhas de amor”, a fim de arrecadar e vender tampas plásticas para empresas especializadas em reciclar o material.

“O projeto surgiu por acaso, quando uma voluntária trouxe um saco delas em doação, em outubro de 2019. Não sabíamos o que fazer com o material, por isso, fomos procurar exemplos de utilização e encontramos casos incríveis”, relata Ana Maria.

“Fomos entender como funcionava, para quem vender e como tinha que ser feita a classificação do material. Tudo foi um aprendizado”, acrescenta.

Hoje a campanha corresponde a boa parte da renda do Instituto. “Está chegando aos 60% porque também trabalhamos com outras campanhas, como a arrecadação de lacres de alumínio e o bazar que mantemos com roupas, sapatos e acessórios doados”, diz Ana Maria.

Com o recurso obtido, a ONG paga os custos para manter a sede – aluguel, condomínio e IPTU, as infraestruturas como telefone, internet e a energia elétrica, bem como atende às demandas de suplementos alimentares, dietas enterais e fraldas.

Ana Maria comenta que a venda das tampinhas foi uma solução de duas vias que o Instituto encontrou para continuar trabalhando: “Fazemos dois trabalhos sociais: a sustentabilidade e a solidariedade, já que retiramos as tampinhas do meio ambiente onde demoram até 400 anos para se degradar e damos dignidade a quem precisa”.

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PARCEIROS

Na arrecadação de tampinhas, o Instituto conta com a parceria de empresas, escolas, igrejas e condomínios que mantêm pontos de coletas.

Entre os parceiros estão as concessionárias ViaQuatro e ViaMobilidade, do Grupo CCR, que desde 2022, cedem espaços nas estações do Metrô e da CPTM que administram para arrecadar o material.

Os pontos de coleta estão localizados em todas as estações da Linha 5-Lilás do Metrô e das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

Na Linha 4-Amarela do Metrô, há coletores nas estações Luz, República, Higienópolis-Mackenzie, Paulista, Oscar Freire, Fradique Coutinho, Faria Lima, Pinheiros, Butantã, São Paulo-Morumbi e Vila Sônia.

As concessionárias, por meio de suas assessorias de imprensa, informaram que com a campanha “buscam incentivar a solidariedade e a consciência ambiental, além de contribuir direta- mente com o tratamento de pacientes oncológicos”.

RECICLAGEM

As tampinhas vendidas pelo Instituto são aproveitadas pela indústria para a fabricação de outros produtos como baldes, cabides, caixinhas para óculos, bacias, bancos, brinquedos, entre outros.

Antes de vender as tampinhas, o Instituto as separa e as ensaca conforme as cores. Nessa triagem, são retirados também os materiais metálicos e as impurezas que podem prejudicar o processo de reciclagem.

“Chegam tampinhas com papel colado ou tampas de metal, como aquelas de azeitona, de molho de tomate ou de cerveja. Elas não servem”, conta Ana Maria.

DOE TAMPAS PLÁSTICAS DE:

  • Garrafas de água, refrigerantes e sucos;
  • Caixas de leite;
  • Produtos de limpeza (amaciante, sabão líquido, detergente e antimofo);
  • Cosméticos (desodorante aerossol, xampu, condiciona- dor, cremes, pasta de dentes e pomadas);
  • Potes e latas (maionese, requeijão, café solúvel, leite em pó, achocolatado, farinha láctea, sor- vete e inseticida aerossol).

O Instituto também aceita doações entregues por pessoas físicas na própria sede, na Rua Marquês de Itu, 70, Vila Buarque, Centro.

2 comentários em “‘Tampinhas de amor’: o que ia para o lixo agora impulsiona a solidariedade”

  1. Achei a causa relevante e tão pouco divulgada, lamentável que os governos deste Estado denominado São Paulo, que tem verbas de um País use tão mal o dinheiro público, ou se beneficiam com milhões, ou jogam ralo abaixo , nada que fazem ultimamente com o dinheiro de São Paulo, chega em cinquenta por cento de melhora para a população, privatizam tudo e sabendo que o privatizado será uma porcaria, então já contam que investirão no privatizado milhões, se privatizar é justamente para não usarem o dinheiro público, mas assim o fazem, anos, após anos a saúde cai, andarilia, sem investimento nas pontas, nas pessoas que cuidaram diretamente com o paciente auxiliar de enfermagem, tecnico de enfermagem, técnico em fármacias, os auxiliares e tecnicos nem existem para os diretores e donos de hospitais, só veem que existem na hora de cortar aumento de sálário; se não para eles o hospital se resume a médicos (as) e enfermeiros (as). É tão triste ver um auxiliar ou técnico de enfermagem cansado no leito dos pacientes/clientes porque tem que cumprir a grande carga de trabalho de dose horas e mais dose, porque seus sálários sem plantões as vezes não chega a um salário minimo, nem falaremos dos coitados que trabalham sem registro em casa de repouso. Começa o descaso na remuneração dos técnicos e auxiliares maus pagos, arrasta-se para o atendimento aos paciente, médicos que fingem dar plantões e estão em outras esferas. Remédios de baixo custo faltam e muitas vezes o de alto custo nunca chegam para pacientes que morrem nas filas. Os governos dos ultimos 28 anos, acabaram com São Paulo em tudo, mas no momento o mais grave é a saúde. Hospital Público ninguém vê os funcionários de nivel (baixo) auxiliares e tecnicos de enfermagem, o hospital não faz mais jus ao nome hospital público uma bagunça, na enfermagem,servidores substituídos por tercearizada que são péssimos no atendimento e péssimos com os funcionários, para os funcionários que restaram em concurso tecnicos e auxiliares é uma afronta certos setores, enfermeiros chefes fazem e desfazem tomam medidas incompatíveis com o direito de muitos funcionários, enfermeiros que delegam serviços aos quais eles muitas vezes nem sabem, lamentável e dinheiro público que vai, não fazem concursos, não pagam o direito do funcionário, não tem remédio onde vai todo o dinheiro? e para quem? As Santas casas são outras em decadencia e sofrimento, o Hospital do servidor municipal tem muito a fazer para atender, é tão dificil marcar consultas. Os postos as vezes sem algodão, algodão. Aí falaremos dos tratamentos dolorosos como cancer, e sindromes raras …é uma vergonha ouvir governos dizerem que investirão milhões no metro privatizado, em quanto a saude não espera mata se não cuidada e as doenças que não matam machucam muito, tiram lágrimas. É um tapa na cara do povo, todos os dias, ver tanto, tanto dinheiro indo embora, nem transporte, nem nada. Os governos perderam a ética e nunca lembram que devem trabalhar para o povo, mas trabalham contra o povo. A ganância diante de tantos recursos os cegam. Daí não importa quem seja o eleito. Greves não os tocam e nem a imprensa ajuda, as vezes parece até que jogama os grevistas contra o povo, então como fazer parar estas más atitudes dos governos parar, como? As ONGs são anjos na vida de milhões de pessoas. Obrigada.

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  2. Achei a causa relevante e tão pouco divulgada, lamentável que os governos deste Estado denominado São Paulo, que tem verbas de um País use tão mal o dinheiro público, ou se beneficiam com milhões, ou jogam ralo abaixo , nada que fazem ultimamente com o dinheiro de São Paulo, chega em cinquenta por cento de melhora para a população, privatizam tudo e sabendo que o privatizado será uma porcaria, então já contam que investirão no privatizado milhões, se privatizar é justamente para não usarem o dinheiro público, mas assim o fazem, anos, após anos a saúde cai, andarilha, sem investimento nas pontas, nas pessoas que cuidaram diretamente com o paciente auxiliar de enfermagem, técnico de enfermagem, técnico em farmácias, os auxiliares e técnicos nem existem para os diretores e donos de hospitais, só veem que existem na hora de cortar aumento de salário; se não para eles o hospital se resume a médicos (as) e enfermeiros (as).
    É tão triste ver um auxiliar ou técnico de enfermagem cansado no leito dos pacientes/clientes porque tem que cumprir a grande carga de trabalho de dose horas e mais dose, porque seus salários sem plantões as vezes não chega a um salário mínimo, nem falaremos dos coitados que trabalham sem registro em casa de repouso. Começa o descaso na remuneração dos técnicos e auxiliares maus pagos, arrasta-se para o atendimento aos pacientes, médicos que fingem dar plantões e estão em outras esferas. Remédios de baixo custo faltam e muitas vezes o de alto custo nunca chegam para pacientes que morrem nas filas. Os governos dos últimos 28 anos, acabaram com São Paulo em tudo, mas no momento o mais grave é a saúde.
    Hospital Público ninguém vê os funcionários de nível (baixo) auxiliares e técnicos de enfermagem, o hospital não faz mais jus ao nome hospital público uma bagunça, na enfermagem, servidores substituídos por terceirizada que são péssimos no atendimento e péssimos com os funcionários, para os funcionários que restaram em concurso técnicos e auxiliares é uma afronta certos setores, enfermeiros chefes fazem e desfazem tomam medidas incompatíveis com o direito de muitos funcionários, enfermeiros que delegam serviços aos quais eles muitas vezes nem sabem, lamentável e dinheiro público que vai, não fazem concursos, não pagam o direito do funcionário, não tem remédio onde vai todo o dinheiro? e para quem?
    As Santas Casas são outras em decadência e sofrimento, o Hospital do servidor municipal tem muito a fazer para atender, é tão difícil marcar consultas. Os postos as vezes sem algodão, algodão.
    Aí falaremos dos tratamentos dolorosos como câncer, e síndromes raras …é uma vergonha ouvir governos dizerem que investirão milhões no metro privatizado, em quanto a saúde não espera mata se não cuidada e as doenças que não matam machucam muito, tiram lágrimas. É um tapa na cara do povo, todos os dias, ver tanto, tanto dinheiro indo embora, nem transporte, nem nada. Os governos perderam a ética e nunca lembram que devem trabalhar para o povo, mas trabalham contra o povo. A ganância diante de tantos recursos os cega. Daí não importa quem seja o eleito. Greves não os tocam e nem a imprensa ajuda, as vezes parece até que jogam os grevistas contra o povo, então como fazer parar estas más atitudes dos governos parar, como? As ONGs são anjos na vida de milhões de pessoas. Obrigada.
    Observe: Desculpa acima é o rascunho, na hora de postar errei.

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