Diácono Seminarista Donato Silva relata ao O SÃO PAULO a experiência de missão na Diocese de Marabá (PA)

Tendo recebido a ordenação diaconal pela imposição das mãos do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, em dezembro de 2024, o Diácono Seminarista Donato Sousa da Silva, 29, está desde 3 de julho em missão na Diocese de Marabá (PA), como parte da vivência pastoral que a Arquidiocese de São Paulo propõe aos que se aproximam da ordenação sacerdotal.
Há alguns anos, alguns diáconos seminaristas da Arquidiocese tem sido enviados para a Diocese de Marabá para esta vivência que dura cerca de dois meses.
Esta Igreja particular está organizada em seis áreas pastorais, com 30 paróquias e conta com 40 padres. Segundo o Diácono Seminarista Donato, pastoralmente há forte presença das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Renovação Carismática Católica (RCC), Encontro de Casais Com Cristo (ECC), Infância e Adolescência Missionária e as pastorais Carcerária,Catequética, da Criança, da Juventude, da Pessoa Idosa, da Saúde, Sociais, Vocacional e Familiar; além do Apostolado da Oração, Conselho Indigenista Missionário e da escola diaconal.
A Diocese de Marabá integra a Província Eclesiástica de Belém do Pará. Suas origens remetem à Prelazia de Santíssima Conceição do Araguaia, criada em 1911, desmembrada da Arquidiocese de Belém do Pará. Em 1969, sua sede foi transferida para a cidade de Marabá, passando a denominar-se Prelazia de Marabá. Em 16 de outubro de 1979, foi elevada a Diocese.

DINÂMICA PAROQUIAL
A Missão do Diácono Seminarista Donato tem se dado especificamente na Paróquia Sagrado Coração de Jesus, cuja matriz é na cidade de Cruzeiro do Sul, popularmente conhecida como Quatro Bocas. Ao todo, a Paróquia conta com 17 comunidades.
“Na Paróquia em que estou, geralmente tem curso de Batismo uma vez por mês e em média se batiza 50 crianças por ano. Também há três turmas de preparação para a primeiraComunhão, mais a turma de Crisma e de adultos (catecúmenos). Em média, contando com as 17 comunidades que a Paróquia possui, cerca de 150 crianças recebem a primeira Comunhão por ano, e 30 pessoas a Crisma”, detalhou.
O Diácono seminarista relata perceber que os grupos mais ativos são os dos ministros extraordinários da Sagrada Comunhão, Coroinhas, Catequese, Batismo e Apostolado da Oração. Em contrapartida, há pouca participação dos jovens e falta uma melhor articulação para um grupo de Leitores e ações para as famílias.

PERSEVERANTES NA FÉ
Com a matriz e 17 comunidades para administrar, o Pároco não consegue ir a todas com uma boa frequência, ainda que a cada final de semana celebre, em média, seis missas. Na maioria das comunidades, só vai uma vez por mês, e em algumas delas não há missa desde março ou abril.
“Neste tempo que aqui estou, consegui ir a 16 comunidades, realizei celebração da Palavra (levei Jesus Eucarístico) e algumas formações. Infelizmente, o padre não pôde ir e essas comunidades continuam sem missa. Isso provoca um afastamento das pessoas. Essa é uma realidade que estou vivenciando”, comentou.
O Diácono seminarista Donato ressalta a dedicação, o espírito de comunhão e a fraternidade entre os fiéis.
“Tem aquecido meu coração e minha vocação observar uma fé viva do povo. As pessoas andam 25km, 30 km para estarem com Jesus, para servi-Lo e amá-Lo. É, de fato, uma experiência única”, comentou, ressaltando que nas ocasiões de adoração ao Santíssimo há profundo silêncio e respeito.

O Diácono seminarista concluirá o período de missão em 2 de setembro. Ele assegura que tudo que tem vivenciado enche seu coração “de alegria e esperança”, especialmente por perceber que mesmo com as dificuldades, as pessoas continuam a servir a Igreja com alegria e que são gratas ao receber esta atenção de volta.
“Um simples olhar, um sorriso, o chamar pelo nome, são coisas que fazem as pessoas se sentirem bem. Elas valorizam a presença do padre, a dedicação, e isso com certeza é o que levarei de experiência”.

Por fim, o futuro sacerdote comenta que os fiéis nas comunidades sentem muita falta de ter um padre por perto e lamentam ficar por meses sem ter missa.
“A experiência que levo desta realidade é a necessidade de ter um coração próximo, sempre que possível se fazer disponível. O quanto é importante para as pessoas a presença do padre, da Igreja em suas vidas. Como ouvi de uma pessoa: ‘Sua presença é uma graça para nossa comunidade’. Como nos ensinou o Papa Francisco, é preciso ‘ter o cheiro das ovelhas’, se fazer próximo, ter o coração e o tempo disponível para o Povo de Deus”, concluiu.
(Colaborou: Fernando Arthur)