Quando rezamos o Credo, afirmamos, em primeiro lugar, que cremos em Deus Pai todo-poderoso, criador do céu e da terra. Nossa fé nos ensina que Deus é uno e trino, ou seja, é um Deus em três pessoas iguais e realmente distintas: Pai, Filho e Espírito Santo. Essas três pessoas são um só Deus, porque todas as três têm uma só e a mesma natureza divina.
O jornal O SÃO PAULO dá continuidade à série de reflexões sobre os sinais da fé cristã, a qual tem como referência o livro “Sinais de Vida – Quarenta costumes católicos e suas raízes bíblicas”, do teólogo Scott Hahn, publicado pela editora Quadrante. Neste artigo, vamos refletir a respeito da devoção à Trindade.
“Nós, cristãos, costumamos tratar a Trindade como uma espécie de sinal de pontuação. Invocamos o Santo Nome quando traçamos o sinal da cruz no início de uma oração, e fazemos o mesmo ao concluí-la – ou então rezamos um Glória ao Pai, que é uma oração trinitária. Entre uma coisa e outra, porém, não ficamos muito tempo pensando em como um único Deus pode ser três pessoas. Mas que culpa temos? Trata-se de um mistério profundo demais para ser penetrado. Por que deveríamos nos dar ao trabalho de pensar nisso, então?”, recorda Scott Hahn.
MISTÉRIO DA NOSSA FÉ
Nos Evangelhos, Jesus nos revela o mistério da Santíssima Trindade aos poucos. Primeiro ensinou aos discípulos que O reconheceram com o Filho de Deus. Quando sua vida terrena estava chegando ao fim, prometeu que enviaria o Espírito Santo e, após a sua ressurreição, revelou: “Ide, pois, e ensinai a todos os povos, batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo” (Mt 28,19).
“É uma frase enigmática: Jesus fala em um só ‘nome’, mas em seguida nomeia três pessoas. São Paulo pressupõe esse mesmo mistério quando pronuncia a bênção que utilizamos na missa: A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus e a comunhão do Espírito Santo estejam convosco! (2Cor 13,13)”, lembra o autor.
Segundo o Catecismo da Igreja Católica, “o mistério da Santíssima Trindade é o mistério central da fé e da vida cristã. É o mistério de Deus em si mesmo. E, portanto, a fonte de todos os outros mistérios da fé e a luz que os ilumina. É o ensinamento mais fundamental e essencial na «hierarquia das verdades da fé». «Toda a história da salvação não é senão a história do caminho e dos meios pelos quais o Deus verdadeiro e único, Pai, Filho e Espírito Santo, se revela, reconcilia consigo e se une aos homens que se afastam do pecado»”.
PAI, FILHO E ESPÍRITO SANTO
Cada vez que fazemos o sinal da cruz sobre nós, lembramos este sublime mistério de amor. Como recorda Scott Hahn, “a Trindade é a razão de todas as razões, a realidade central de todas as comemorações da Igreja, a fonte de todos os outros mistérios e devoções. Todos os sacramentos e toda a liturgia católica se referem à Santíssima Trindade”.
“A revelação em Cristo do mistério de Deus como amor trinitário é também a revelação da vocação da pessoa humana ao amor. Tal revelação ilumina a dignidade e a liberdade pessoal do homem e da mulher, bem como a intrínseca sociabilidade humana em toda a profundidade: «Ser pessoa à imagem e semelhança de Deus comporta (…) um existir em relação, em referência ao outro ‘eu’», porque Deus mesmo, uno e trino, é comunhão do Pai, do Filho e do Espírito Santo”, revela o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, 34.
“Sabemos que o mistério da Trindade é verdadeiro – ele é, portanto, a coisa mais verdadeira que se pode conceber. Muito mais do que um sinal de pontuação a demarcar o início e o fim de uma oração, a Trindade é a soma, a substância, o sujeito e o objeto da oração”, conclui Hahn.