A educação para a fraternidade na Querida Amazônia

A exortação apostólica pós-sinodal Querida Amazônia, publicada em 12 de fevereiro de 2020, trata de diversos temas sobre a região amazônica em quatro capítulos. O capítulo terceiro da exortação convida a contemplar um sonho ecológico para os povos que vivem nesta região, bem como para toda a humanidade. 

Inicialmente, recordamos a encíclica Laudato si’ ao tratar da ecologia integral, com grande repercussão em 2015 em razão de uma visão humana, social e eclesial da ecologia, inclusive com novos parâmetros para a educação e para o aprofundamento da teologia da criação. Em outras palavras, alterando o modus vivendi, também teremos uma mudança na condução do poder político, econômico e social, demonstrando que tudo está interligado, em favor de uma ecologia integral. 

Desse modo, a solução para a problemática ecológica não está na internacionalização da Amazônia, mas na confluência de interesses dos governos federais e locais em diálogo internacional. Assim, é um direito dos povos nativos receber a “formação básica, a informação completa e transparente dos projetos, com a sua amplitude, os seus efeitos e riscos, para poderem confrontar esta informação com os seus interesses e com o próprio conhecimento do local” (QA, 51), promulgando um “sistema normativo que inclua limites invioláveis e assegure a proteção dos ecossistemas” (QA, 52). 

A ecologia integral requer a educação e a exigência de novos hábitos menos vorazes, mais serenos, mais respeitadores, menos ansiosos, mais fraternos nas pessoas e nos grupos humanos. Quando o coração da pessoa está vazio tanto mais necessita consumir e não aceita que a realidade lhe coloque limites. O consumismo não educa para a relação fraterna, mas para o domínio que gera crises sociais e familiares, revelando um egoísmo que pode justificar a morte do irmão para satisfazer os interesses pessoais. É necessária uma educação para o diálogo e para a fraternidade humana que saiba reconhecer em cada cultura um valioso patrimônio para toda a humanidade. Trata-se de uma relação existencial, humana e espiritual como um lugar teológico, um espaço onde o próprio Deus Se manifesta e chama os seus filhos. 

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