A participação social e política dos jovens

A realização da XXXVII Jornada Mundial da Juventude, em agosto, em Lisboa, direciona naturalmente o olhar das comunidades católicas para os jovens. Por isso, esta edição do Caderno Fé e Cidadania se volta para a participação política e social da juventude. Curiosa ironia, as reflexões sobre os jovens destinam-se muito mais aos adultos. Os jovens sentem a urgência de pensar o mundo, enquanto os adultos sentem a necessidade de entender os jovens… Em parte por uma tendência de esquecer ou desvalorizar o próprio passado, com seus idealismos e seus fracassos; em parte pela dinâmica de uma cultura que está em permanente mudança, em que uma geração parece nunca ter o mesmo olhar sobre a realidade que caracterizou a precedente.

Arte: Sergio Ricciuto Conte

Quando contemplamos a realidade política, no Brasil e na maior parte do mundo, sejamos jovens, sejamos adultos, encontramos sempre muitas razões para nos indignarmos: injustiças, pobreza, corrupção, sofrimento e dor. Ao longo do tempo, o mundo humano não deixa de melhorar em alguns aspectos, mas não em todos, pois não existe um determinismo histórico (para o bem ou para o mal) superior às nossas contradições. “[No campo material] verifica-se claramente uma continuidade do progresso rumo a um domínio sempre maior da natureza. No âmbito da consciência ética e da decisão moral, porém, não há tal possibilidade de adição, simplesmente porque a liberdade do homem é sempre nova e deve sempre de novo tomar as suas decisões […] A liberdade pressupõe que, nas decisões fundamentais, cada ser humano, cada geração seja um novo início” (BENTO XVI. Spe salvi, SS 24).

Sendo assim, aos adultos é pedido não apenas a indignação, mas também a sabedoria e o entusiasmo para continuar batalhando por um mundo melhor, para saber se orientar por um caminho que valha a pena trilhar. Contudo, a suposta sabedoria do mundo adulto muitas vezes se torna conformismo, que mata o entusiasmo, dando lugar ao ressentimento e à raiva. A juventude, contudo, encontrará aquilo pelo que seu coração anseia ali onde a indignação com a realidade encontra a sabedoria que orienta por um caminho de amor e entusiasmo – como nos trechos dos escritos de São João Paulo II e do Papa Francisco que apresentamos a seguir.

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