As famílias e o bom governo da cidade

Sergio Ricciute

Novos mandatos para prefeito e vereador acabam de se iniciar nas cidades brasi­leiras. É um bom momento para nos perguntarmos: o que as gestões muni­cipais podem fazer por nossas famílias?

Os extremismos políticos tendem a querer ou um autoritarismo ideológi­co que sufoca a família, sob a alegação que apenas o Estado pode realmente defender os direitos do cidadão, ou uma espécie de “anarcoliberalismo” que supõe que o Estado pode ser total­mente suprimido, para que os indiví­duos, entregues à sua autonomia e às próprias forças, possam melhor admi­nistrar suas famílias. Os dois extremos deixam a família desprotegida, ainda que de formas diferentes. O centralis­mo autoritário sufoca o modo de ser e os valores próprios das famílias, tenta incutir um modo de ser e uma men­talidade estranha ao convívio familiar, fragilizando os laços que deveriam ser fortalecidos para o bem das pessoas. A supressão total da ação do Estado deixa de dar a segurança e a proteção básicas que uma família necessita em uma sociedade complexa. A seguran­ça pública, o combate às drogas, o zelo pela qualidade da educação, a pobreza extrema, o atualíssimo problema do uso excessivo das telas por crianças e adolescentes são exemplos de situa­ções nas quais as famílias precisam de apoio do Estado para um enfrenta­mento adequado.

A Doutrina Social da Igreja su­põe um diálogo subsidiário, no qual a família tem a sua justa autonomia e protagonismo, enquanto é apoiada (“subsidiada”) pelo Estado, que, assim, cumpre seu devido papel social. Bento XVI, na Caritas in veritate, lembran­do São João Paulo II, bem dizia, nem só Estado, nem só mercado, mas Esta­do, mercado e sociedade – e nesse tripé a sociedade deveria ser a base que é servida pelas demais (cf. CV 38).

Para nos ajudar a entender como pode se dar esse diálogo, recorremos ao Family Talks, organização que produ­ziu, em 2024, uma cartilha intitulada Como apoiar as famílias em sua pro­posta de governo, voltada aos candida­tos a prefeito nas cidades brasileiras. As análises e indicações aqui apresentadas são baseadas nesse documento.

Fa­mily Talks é um programa de advocacy que tem como objetivo propor ações para a defesa dos direitos e o fortalecimento das famílias junto a lideranças nas esferas civis e governamentais. O programa está vinculado à ADEF (As­sociação de Desenvolvimento da Família), uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, apartidária e não confessional, fundada em 1978. A missão da ADEF é promover projetos para o fortalecimento dos vínculos familiares por meio da defesa de direitos e da ação direta com as famílias.

Para conhecer melhor o Family Talks, veja: https://familytalks.org/.

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