Atualmente, a questão sobre a relação entre juventude e conservadorismo assume uma importância central como tópico investigativo. Embora pareçam à primeira vista conceitos que não se relacionam, já que se referem a realidades que à princípio não poderiam se associar, a realidade contemporânea vem mostrando o contrário. Novas dinâmicas sociais se delinearam nas últimas décadas, e a pretensa e fácil relação entre juventude e o progressismo político não se sustenta mais como a única e exclusiva possibilidade no cenário político-cultural atual. Num mundo cada vez mais instável, em que as certezas parecem derreter frente aos nossos olhos, uma perspectiva conservadora se coloca como uma alternativa para muitos jovens que se veem ansiosos e deslocados, sob o jugo e o peso de um mundo que deixou única e exclusivamente a eles a tarefa de fundarem a si mesmos. O “novo mundo” abre horizontes, possibilita novas construções e sínteses, nos faz rememorar aquilo que é mais valioso para nós. Perdas e ganhos acompanham esses processos, e levam a consequências imprevisíveis.
Pensar o conservadorismo como uma atitude, mais do que uma ideologia propriamente, parece ser o caminho de muitos, especialmente em meio às “guerras culturais”. Buscar estabilidade e segurança diante das incertezas que se acumulam torna-se um imperativo para muitos jovens. Um mundo sem limites não necessariamente leva ao melhor dos mundos. Para alguns, representa novas oportunidades para traçar caminhos nunca percorridos; para outros, causa uma angústia dilacerante, em que o vazio impulsiona a uma busca por segurança na memória das tradições. O apelo a uma tradição de pensamento, uma tradição religiosa milenar, para com elas se munir frente aos riscos do contemporâneo, gera sentido de pertencimento e identidade. Ao retornar a elementos tradicionais, encontram-se em comunidades que compartilham crenças e valores, o que pode fazer com que se sintam seguros e conectados.
Essa busca por estabilidade também pode ser motivada pela exaustão e a desilusão em relação à polarização social. Adotar valores que se enraízam em longas tradições e fazer deles parte de suas vidas cotidianas pode ser uma forma de resistência. No entanto, é preciso reconhecer que esse processo traz ambiguidades. Enfrentar um cenário em que a autorreferencialidade é a única referência, e todas as consequências psicológicas negativas geradas por ela, pode levar a uma posição de submissão voluntária a um pretenso líder que passa a ser tomado como modelo e salvador. O vazio do tempo instiga o desejo por um saber completo e absoluto, que passa a ser manipulado com objetivos políticos não confessáveis. Se a história fosse mestra da vida, nunca mais repetiríamos os mesmos erros. No entanto, o magnetismo das ideologias que vendem respostas e soluções fáceis permanece como uma constante.
Todas essas motivações mostram que a relação entre juventude e conservadorismo é complexa e multifacetada. A compreensão dessas dinâmicas marcadas por ambiguidades e ambivalências é fundamental para uma análise mais profunda da contemporaneidade. Entender as motivações e desejos subjacentes dos jovens nos ajudaria a obter uma visão mais completa e abrangente das dinâmicas sociais em que todos somos atravessados.