Não às drogas, sim à vida

A seguir, apresentamos trechos de três discursos nos quais o Papa Francisco fala do problema das drogas.

Gostaria de dizer muito claramente: a droga não se vence com a droga! A droga é um mal, e como mal não podemos nos dar por vencidos nem ceder a compromissos. As legalizações das chamadas ‘drogas leves’, até parciais, além de serem discutíveis em nível legislativo, não produzem os efeitos estabelecidos […] Não a qualquer tipo de droga (cf. Audiência Geral, 7 de maio de 2014). Para dizer este não, porém, é preciso dizer sim à vida, sim ao amor, sim aos outros, sim à educação, sim ao desporto, sim ao trabalho, sim a mais oportunidades de trabalho. Um jovem que não tem trabalho, pensemos nisso, nem estuda nem trabalha. Entra nessa falta de horizonte, de esperança, e a primeira oferta são as dependências, entre as quais a droga. Isso… as oportunidades de trabalho, a educação, o desporto, a vida sadia: é este o caminho da prevenção da droga. Se estes ‘sins’ forem realizados, não haverá lugar para a droga, nem para o abuso de álcool e para outras dependências. É preciso trabalhar na prevenção. Isso fará muito bem. (Aos participantes na 31ª International Drug Enforcement Conference, 2014)

Os jovens e as drogas. A adolescência e a juventude são fases particularmente delicadas na vida de uma pessoa, caraterizadas por consideráveis mudanças físicas, emocionais e sociais. A isso se acresce o fato das nossas sociedades atuais serem, sob muitos aspectos, frágeis e marcadas por uma insegurança subjacente. A procura compulsiva de novas experiências pode, então, ser atraída pela necessidade de se confrontar com o inédito, pelo desejo de explorar o desconhecido, mas também para silenciar o medo de se sentir excluído, e a necessidade de socializar com os da mesma idade […] Tudo isto constitui um terreno fértil para a utilização de substâncias tóxicas. O fenômeno é, evidentemente, um indicador de algo mais profundo, que implica a importância de uma reflexão sobre a nossa sociedade atual, permeada por uma cultura da eficácia e da produtividade, que não permite hesitações nem fracassos. A necessidade de estar sempre à altura das expectativas, exibindo exteriormente uma imagem de si mesmo bem-sucedida e vencedora, da qual toda a fragilidade e fraqueza são banidas, torna-se um obstáculo intransponível à realização de um desenvolvimento humano integral. Assim, desorientados e muitas vezes sem pontos de referência, tantos jovens perseguem a ilusão de encontrar na toxicodependência uma suspensão da angústia e da falta de sentido: é a “esperança vã” de um torpor que alivia a fadiga de ser e de existir, muitas vezes escondida sob o disfarce de um desejo de evasão e de divertimento. Não podemos esquecer, portanto, que por trás de cada dependência existem experiências concretas, histórias de solidão, desigualdade, exclusão, falta de integração. (Aos participantes no 60° Congresso Internacional de Toxicologistas Forenses, 2023)

O Evangelho da Misericórdia no combate à dependência. Todos somos chamados a combater a produção, a elaboração e a distribuição da droga no mundo. É dever e tarefa dos governos enfrentar com coragem esta luta contra os traficantes de morte. Traficantes de morte: não devemos ter medo de atribuir esta qualificação […] Diante desse cenário preocupante, a Igreja sente a necessidade urgente de instaurar no mundo contemporâneo uma forma de humanismo que volte a pôr a pessoa humana no centro do discurso socioeconômico-cultural; um humanismo que tem como fundamento o “Evangelho da Misericórdia”. A partir dele, os discípulos de Jesus encontram inspiração para promover uma ação pastoral realmente eficaz a fim de aliviar, curar e sarar os muitos sofrimentos ligados às multiformes dependências presentes no cenário humano. A Igreja, juntamente com as instituições civis, nacionais e internacionais, e as diversas agências educativas, está empenhada ativamente em todos os cantos do mundo para opor-se ao alastramento de dependências, mobilizando as próprias energias na prevenção, cura, reabilitação e projetos de reinserção para restituir dignidade a quantos foram privados disso. Para vencer as dependências, é necessário um compromisso sinérgico, que envolva as diversas realidades presentes no território na atuação de programas sociais orientados para a saúde, o apoio familiar e, sobretudo, a educação. (Aos participantes na Conferência Internacional Drogas e dependências: um obstáculo ao desenvolvimento humano integral, 2018)

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