Necessários sinais de esperança

Além de beber a esperança na graça de Deus, somos também chamados a descobri-la nos sinais dos tempos, que o Senhor oferece […] “É dever da Igreja investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho; para que assim possa responder, de modo adaptado em cada geração, às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e da futura, e da relação entre ambas” (Gaudium et spes, GS 4).Para não cair na tentação de nos considerarmos subjugados pelo mal e pela violência, é necessário prestar atenção a tanto bem que existe no mundo. Porém, os sinais dos tempos, que contêm o sopro do coração humano, carecido da presença salvífica de Deus, pedem para ser transformados em sinais de esperança.

Que o primeiro sinal de esperança se traduza em paz para o mundo, mais uma vez imerso na tragédia da guerra. […] O Jubileu recorde que serão “chamados filhos de Deus” todos aqueles que se fazem “obreiros de paz” (Mt 5, 9).

A comunidade cristã não pode ficar atrás de ninguém no apoio à necessidade de uma aliança social em prol da esperança, que seja inclusiva e não ideológica, e que trabalhe por um futuro marcado pelo sorriso de tantos meninos e meninas que, em muitas partes do mundo, venham encher os demasiados berços vazios.

Penso nos presos que, privados de liberdade, além da dureza da reclusão, experimentam dia a dia o vazio afetivo, as restrições impostas e, em não poucos casos, a falta de respeito.

Sinais de esperança hão de ser oferecidos aos doentes, que se encontram em casa ou no hospital. Que os seus sofrimentos encontrem alívio na proximidade de pessoas que os visitem e no carinho que recebem!

As obras de misericórdia são também obras de esperança, que despertam nos corações sentimentos de gratidão. E que a gratidão chegue a todos os profissionais de saúde que, em condições tantas vezes difíceis, desempenham a sua missão com solícito cuidado pelas pessoas doentes e mais frágeis.

Oxalá não falte a atenção inclusiva a todos aqueles que sofrem de patologias ou deficiências que limitam fortemente a autonomia pessoal. O cuidado para com eles é um hino à dignidade humana, um canto de esperança que exige a sincronização de toda a sociedade.

E de sinais de esperança também têm necessidade aqueles que, em si mesmos, a representam: os jovens. Muitas vezes, infelizmente, veem desmoronar-se os seus sonhos. Não os podemos decepcionar: o futuro funda-se no seu entusiasmo.

Não poderão faltar sinais de esperança em relação aos migrantes, que deixam a sua terra à procura de uma vida melhor para si próprios e suas famílias. […] Possa a comunidade cristã estar sempre pronta a defender os direitos dos mais débeis.

Sinais de esperança merecem-nos os idosos, que muitas vezes experimentam a solidão e o sentimento de abandono.

Invoco a esperança para os milhares de milhões de pobres, a quem muitas vezes falta o necessário para viver […] Não esqueçamos que são quase sempre vítimas, não os culpados.

Fazendo ecoar a palavra antiga dos profetas, o Jubileu lembra que os bens da terra se destinam a todos, e não a poucos privilegiados. É preciso que seja generoso quem possui riquezas, reconhecendo o rosto dos irmãos em necessidade. (Spes non confundit, SNC 7-16)

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