Para Adolfo Kolping, a mudança social passa pela mudança do homem por meio da reforma na vida espiritual e moral, levando à verdadeira caridade cristã; promovendo e apoiando o autodesenvolvimento da pessoa, fortalecendo sua família, comunidade e grupos organizados. Por fim, a mudança passa por uma política social autenticamente cristã, em que o Estado será capaz de promover leis que conduzam a sociedade a um verdadeiro bem comum.
Diante dos desafios encontrados na turbulência social do século XIX, na Alemanha, o Bem-aventurado Adolfo Kolping apresenta três respostas, desenvolvidas gradativamente ao longo de sua vida, que, para ele, representavam a solução efetiva para a questão social não só do seu tempo, mas de todos os tempos, pois atuam diretamente nas causas dos problemas e não apenas nos seus sintomas.
1) O amor cristão. Kolping acreditava que a miséria poderia ser superada com a prática da autêntica caridade cristã, e, por isso afirmava que “Quanto mais espírito cristão houver, menos miséria haverá; pois a miséria só se instala porque os homens não são melhores cristãos”. Logo, para ele, todo mal existente tem uma relação direta com o pecado e ignorar esse fato era também ignorar a fonte dos problemas, e por isso escreveu “(…) a questão social é ainda a questão em torno da miséria que se tornou imensa e dizemos coerentemente quanto a isto que é também a questão em torno do pecado, que se tornou imenso também…”. Com isso, a caridade cristã deveria ajudar a solucionar os problemas materiais dos necessitados, mas não podia perder a dimensão da fé, da evangelização, para que também a miséria do pecado fosse superada.
2) Ajuda para a autoajuda. Além da dimensão espiritual que forja a vida moral, é necessário o encaminhamento a uma vida de virtudes por meio da formação e do trabalho. “Ajude a construir um futuro melhor, ajudando a educar”, dizia. E sua Associação serviu a esse objetivo, buscando educar os jovens trabalhadores para a profissão e para a vida, de modo que conquistassem autonomia para dirigir suas vidas e suas famílias dignamente, e colaborassem com o bem comum na dimensão político-social com seus dons, virtudes e conhecimentos adquiridos ao longo de sua trajetória formativa. Percebendo o quanto o contexto ideológico da época (como também o de hoje) afastava os jovens de uma posição humana e cristã justa, Kolping comentou: “(…) Devemos dobrar nossas preocupações e esforços na educação e orientação dos nossos jovens aprendizes (…) A Associação tem a tarefa que lhe foi passada por Deus, de assegurar aos jovens (…) a proteção necessária e propiciar-lhes uma formação melhor do que aquela que o opositor poderia ou conseguiria oferecer”.
3) Política social dirigida. Para além da caridade individual e de uma ação coordenada pela organização de grupos intermediários, como fez com sua associação, Padre Adolfo Kolping também enfatizou a importância de ações políticas de Estado, portanto, amparadas por leis, para que a questão social pudesse ser efetivamente solucionada. Sobre as injustiças praticadas no mundo do trabalho, manifestou que “tais questões não são solucionadas com graça e piedade, mas com justiça; a vida social, em todas as suas ramificações, baseia-se no direito correto e, por isso cristão, e deve ser protegida e garantida por lei”. Assim, deixava claro que a política social deveria ser orientada pelos valores cristãos e, portanto, havia a necessidade do engajamento destes e até o posicionamento ativo da Igreja em determinadas situações político-sociais.