Por uma política melhor, fruto do maravilhamento

Vatican Media

“Para se tornar possível o desenvolvimento de uma comunidade mundial capaz de realizar a fraternidade a partir de povos e nações que vivam a amizade social, é necessária a política melhor, a política colocada ao serviço do verdadeiro bem comum. Mas hoje, infelizmente, muitas vezes a política assume formas que dificultam o caminho para um mundo diferente” (Fratelli tutti, FT 154).

“Todos os compromissos decorrentes da Doutrina Social da Igreja ‘derivam da caridade que é – como ensinou Jesus – a síntese de toda a Lei (cf. Mt 22,36-40)’ (Caritas in veritate, CV 2). Isso exige reconhecer que o amor, cheio de pequenos gestos de cuidado mútuo, é também civil e político, manifestando-se em todas as ações que procuram construir um mundo melhor. Por este motivo, o amor expressa-se não só nas relações íntimas e próximas, mas também nas ‘macrorrelações como relacionamentos sociais, econômicos e políticos’ (CV 2). Esta caridade política supõe ter maturado um sentido social que supere toda a mentalidade individualista: ‘A caridade social leva-nos a amar o bem comum e a buscar efetivamente o bem de todas as pessoas, consideradas não só individualmente, mas também na dimensão social que as une’ (Compêndio da Doutrina Social da Igreja, CDSI 207)” (FT 181-182).

“Na política, há lugar também para amar com ternura. Em que consiste a ternura? No amor, que se torna próximo e concreto. É um movimento que brota do coração e chega aos olhos, aos ouvidos e às mãos. (…) A ternura é o caminho que percorreram os homens e as mulheres mais corajosos e fortes. No meio da atividade política, os mais pequeninos, frágeis e pobres devem enternecer-nos: eles têm o “direito” de arrebatar a nossa alma, o nosso coração. Sim, eles são nossos irmãos e, como tais, devemos amá-los e tratá-los” (FT 194). 

“A política é, antes de tudo, a arte do encontro. Certamente, este encontro vive-se acolhendo o outro e aceitando a sua diferença, em um diálogo respeitador. Como cristãos, todavia, há mais: dado que o Evangelho nos pede que amemos os nossos inimigos […] somos chamados a viver o encontro político como um encontro fraterno, especialmente com aqueles que estão menos de acordo conosco […] De uma perspectiva cristã, a política é também reflexão, formulação de um projeto comum […] Como cristãos, entendemos que a política se leva em frente não só com encontros, mas com uma reflexão comum, em busca do bem geral, e não simplesmente por meio do confronto de interesses contrastantes e muitas vezes opostos […] Por fim, a política é também ação […] Não vos esqueçais destas linhas, que a realidade é mais importante do que a ideia: não se pode fazer política com ideologia […] A vida cristã não é possível sem o maravilhamento, sem a admiração. O maravilhamento é o que me faz sentir que estou em Jesus, com Jesus. O maravilhamento de ver a grandeza do Senhor, a grandeza da sua Pessoa, a grandeza do seu programa, de sentir a grandeza das bem-aventuranças como um programa de vida. E depois aquela outra palavra… memória … Memória, esperança, maravilhamento. O passado, o futuro e o presente: não há futuro sem o presente, e não há esperança sem maravilhamento. Cultivai a oração com o Evangelho para sentir a maravilha do encontro com Jesus Cristo” (Encontro com a Fraternidade Política Chemin Neuf, 16/mai/2022).

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