Ser irmão dos últimos para ser irmão de todos

Vatican Media

“Nós, cristãos, sabemos muito bem que, somente afirmando a dignidade infinita de todos, amadurece a nossa própria identidade de pessoas e de comunidades […] A pessoa humana é um sujeito digno que, por meio da relação constitutiva com todos, especialmente com os mais pobres, pode amadurecer gradualmente na sua identidade e vocação. A verdadeira ordo amoris [ordenação do amor, conceito desenvolvido por Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, NdE] que deve ser promovida é aquela que descobrimos meditando constantemente a parábola do ‘Bom Samaritano’ (cf. Lc 10,25-37), ou seja, meditando sobre o amor que constrói uma fraternidade aberta a todos, sem exceção” (Carta aos bispos dos Estados Unidos, 10/fev/2025).

“No Novo Testamento, ressoa intensamente o apelo ao amor fraterno. ‘Toda a Lei se cumpre plenamente nesta única palavra: ama o teu próximo como a ti mesmo’ (Gl 5,14). ‘Quem ama o seu irmão permanece na luz e não corre perigo de tropeçar. Mas quem tem ódio ao seu irmão está nas trevas’ (1 Jo 2,10-11). ‘Nós sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos. Quem não ama, permanece na morte’ (1 Jo 3,14). ‘Aquele que não ama o seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê’ (1 Jo 4,20) […] São Paulo exortava os seus discípulos a ter caridade uns para com os outros ‘e para com todos’ (1 Ts 3,12) e, na comunidade de João, pedia-se que fossem bem recebidos os irmãos, ‘mesmo sendo estrangeiros’ (3 Jo 5)” (Fratelli tutti, FT 61-62).

“Neste espaço de reflexão sobre a fraternidade universal, senti-me motivado especialmente por São Francisco de Assis e, também, por outros irmãos que não são católicos: Martin Luther King, Desmond Tutu, Mahatma Mohandas Gandhi e muitos outros. Mas quero terminar lembrando […] Charles de Foucauld. O seu ideal de uma entrega total a Deus encaminhou-o para uma identificação com os últimos, os mais abandonados no interior do deserto africano […] Queria ser ‘o irmão universal’. Mas somente identificando-se com os últimos é que chegou a ser irmão de todos. Que Deus inspire este ideal a cada um de nós” (FT 286-287).

Deixe um comentário