A fase decisiva do sínodo arquidiocesano

No dia 3 de dezembro passado, a assembleia sinodal arquidiocesana realizou sua última sessão, votando 118 propostas sinodais sobre os mais diversos aspectos da vida e da missão da Igreja de São Paulo. As propostas foram elaboradas ao longo de três sessões anteriores por comissões temáticas e submetidas a dois momentos de votação, para colher o parecer e o consenso da assembleia. O resultado desse trabalho será publicado em breve, para o conhecimento da Arquidiocese.

Mas o sínodo arquidiocesano ainda não encerrou: teremos ainda a fase do discernimento sobre as propostas sinodais para discernir sobre os anseios do povo de Deus expressos nas propostas sinodais e, sobretudo, para “ouvir a voz do Espírito Santo”, que indica os caminhos da Igreja e a conduz na realização de sua vida e missão. O encerramento dos trabalhos sinodais será celebrado, com a participação das forças vivas de toda a Arquidiocese, no dia 25 de março de 2023. Naquela ocasião, também será entregue à Arquidiocese uma carta pastoral pós-sinodal, com diretrizes e orientações abrangentes, que levarão em conta todo o processo sinodal feito durante quase 6 anos.

Segue, depois, a fase pós-sinodal, dedicada a colocar em prática as diversas indicações do sínodo, que não pode ser visto como um momento fechado sobre si mesmo: ele é um processo que tem a finalidade de desencadear outros processos, para produzir os frutos que se esperam. O próprio tema do sínodo – “caminho de comunhão, conversão e renovação missionária” – já indica os principais elementos e metas desse processo sinodal. Por sua vez, o lema do sínodo – “Deus habita esta cidade, somos suas testemunhas” – indica outros aspectos e metas do processo sinodal.

As propostas pastorais elaboradas pela assembleia sinodal são indicações específicas para cada dimensão da vida pastoral para tornar operativa a grande proposta do sínodo, que está expressada no seu lema. A fase pós-sinodal envolverá o conjunto da Arquidiocese e cada expressão de vida eclesial presente nela: regiões episcopais, paróquias, comunidades menores, comunidades religiosas, comunidades “novas”, movimentos e associações de fiéis, “pastorais” tradicionais, famílias e pessoas. Mas também as estruturas organizativas, como a Cúria, com todos os seus serviços, a organização pastoral, os seminários e instituições de educação e formação. As orientações e iniciativas pastorais precisam renovar-se, à luz das questões que o sínodo trouxe à luz, bem como a vida administrativa e econômica da Arquidiocese. Tudo precisa ser marcado pela “comunhão, conversão e renovação missionária”.

Há muito tempo, a Igreja reconhece que a “comunhão” é um elemento essencial da sua identidade e da sua vida. Ela é “o povo reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (Lumen gentium 4). Essa comunhão e unidade fundante não apenas não deve ser rompida, como precisa ser aprofundada e expressada nas muitas formas de a Igreja ser e agir no mundo. Nesse sentido, temos muito a trabalhar em nosso tempo, para sermos uma “Igreja-comunhão”, que tem apenas um Pai, um mesmo Mestre e se deixa animar e conduzir pelo mesmo Espírito de Deus.

A conversão a Cristo e ao Evangelho do Reino de Deus é necessária para sermos verdadeiramente a Igreja de Cristo, sendo um processo contínuo e permanente. A conversão pessoal de cada membro da Igreja é necessária e também a conversão dos modos de agir da Igreja, de se organizar. A partir da Conferência de Aparecida, falamos de “conversão pastoral”, um processo importante para rever e adequar os métodos e prioridades da ação e organização pastoral. Essa conversão leva a responder de maneira adequada às diversas situações e novos desafios que a Igreja enfrenta em cada tempo e lugar e torna possível a renovação na vida e ação da Igreja.

Finalmente, trata-se de uma conversão missionária, em vista das situações e urgências enfrentadas pela Igreja em nosso tempo. Sem uma profunda e abrangente renovação missionária, nada vai mudar. Essa conversão missionária precisa envolver toda a ação da Igreja e deve levar a escolher prioridades que ajudem a alcançar tal meta. Como dá para perceber, o trabalho do sínodo continua. Aliás, está apenas no seu início! Que o Espírito Santo nos ilumine e conduza nesse caminho da nossa Igreja em São Paulo.

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