Ainda em clima de comemoração do Dia dos Pais, gostaria de refletir com vocês sobre a importância e o papel do pai na formação dos filhos.
O papel da mãe parece muito evidente: ela está completamente envolvida, desde o primeiro momento da vida da criança. É o seu corpo que acolhe o bebê, com ela se forma um laço físico e afetivo primário, ela amamenta… enfim, torna-se quase impossível não pensarmos sobre o papel que ela desempenha na vida do filho. Já o pai, aparentemente secundário, parece menos envolvido no processo e, por isso mesmo, precisamos refletir mais profundamente sobre ele.
O homem, não participando diretamente da gestação, tem um papel muito importante de apoiar e oferecer segurança à esposa gestante; afinal, trata-se de um período de muitas transformações físicas, emocionais, hormonais, ao longo do qual o apoio do esposo certamente facilita o processo.
Após o nascimento, será o pai a primeira figura que se colocará entre mãe e criança, colaborando para que a mãe tenha momentos de descanso e autocuidado. Aos poucos, ele promove a necessária separação da simbiose mãe/bebê, que inaugura a vida da criança. O pai, de modo amoroso e firme, resgata a esposa e a reposiciona, ajudando-a a sair da simbiose e permitindo que o bebê vá, gradativamente, percebendo-se uma pessoa diferente da mãe e não um prolongamento dela.
Participando das rotinas da casa, o pai introduz outro olhar e outro modo que ajuda a ampliar a visão das crianças: o pai cuida, brinca, oferece comida de modo diferente da mãe, e isso é muito rico. Ele apresenta à criança a possibilidade das relações que vão para além daquela primária que ela estabelece com sua mãe. Por isso, dizemos que ao pai cabe a missão de apresentar o mundo para a criança, ele abre horizontes.
Também faz parte de sua missão ocupar o lugar de lei. Ele apoia a esposa e dá segurança para que sejam inseridos na vida da criança o sentido de ordem e autoridade. O pai tem papel fundamental na formação moral dos filhos, oferecendo limites seguros e firmes, fazendo valer os valores da família e não permitindo, de modo algum, que os filhos desrespeitem à mãe e àquilo que foi estabelecido.
Quando os pais estão presentes e cientes de sua missão formativa, as crianças crescem seguras, com uma vida emocional mais equilibrada. Ganham autonomia com maior confiança; afinal, é ele que impulsiona os filhos para o crescimento, ele estimula que se arrisquem mais, que voem e descubram seus potenciais.
Mãe é colo, útero que acolhe e oferece afeto. Pai indica direção, estimula a busca e o crescimento, oferece um afeto que indica formas de sair do ninho e alçar voos gradativamente mais altos.
Pesquisas realizadas nos Estados Unidos (PubMed, Lilacs e Science Direct), entre 2000 e 2010, apontam que 72% dos adolescentes que estão envolvidos em assassinatos, 60% dos envolvidos em estupro e 85% dos presidiários do sexo masculino cresceram sem a presença do pai. Também se observou que crianças na fase escolar que não têm o pai presente estão sujeitas a repetir de ano duas vezes mais do que aquelas que têm o pai presente.
Portando, pais, assumam com determinação seu lugar, vivam com responsabilidade sua missão. As crianças não precisam de pais que tentem ser como as mães e que busquem fazer as coisas como elas fazem. Ao contrário, o que enriquecerá a vida de seu filho é sua presença masculina, marcada pelo seu modo próprio de ver a vida e de conduzir a criança: com amor, respeito, firmeza e autoridade, mostrando a ela o caminho da vida. Seja um farol, ofereça segurança, seja modelo de homem para que seu filho menino se identifique e sua filha menina tenha modelo para direcionar o seu amor. Vale a pena.