Recentemente, nós nos reunimos com os coordenadores de pastorais das regiões episcopais da Arquidiocese de São Paulo, um momento repleto de esperança e desafios. A implementação dos resultados do sínodo nos trouxe à reflexão sobre a dinâmica da fé e da comunidade que nos une. O novo, como sempre, traz consigo uma certa dose de receio; o desejo de ver tudo funcionando de maneira ideal pode criar uma tensão entre a expectativa e a realidade. Contudo, é nesse espaço de incerteza que somos chamados a exercitar a nossa espiritualidade e a nossa fé.
Para guiar essa jornada, lembrei-me de uma pedagogia que deve ser o nosso norte: a dos três “p”: presença, paciência e perseverança. A presença representa não apenas a nossa disposição física, mas uma presença verdadeira e atenta aos anseios e necessidades do nosso próximo. É o chamado a estar junto, a escutar, a compreender que cada um de nós é parte desta história coletiva, em que a interdependência nos fortalece.
A paciência é a virtude que nos ensina a esperar o tempo certo. Em uma sociedade que busca a velocidade e a imediatez, é fundamental lembrar que as transformações profundas demandam tempo. Assim como a natureza, que a cada estação se renova, nós também precisamos ser pacientes para assimilar e implementar as mudanças que surgem com a luz do sínodo.
Por fim, a perseverança é a força que nos mantém firmes diante das adversidades. Caminhar como peregrinos da esperança implica não desanimar, mesmo quando os desafios se mostram grandes e difíceis de enfrentar. Somos criaturas de um Deus que nos oferece a luz em meio às trevas; ao nos unirmos em torno desse propósito, encontramos a coragem que nos incentiva a seguir.
Durante nossa reunião, convidei os coordenadores a recordar e rezar comigo uma prece que ressoa profundamente em meu coração franciscano: a oração de São Francisco de Assis diante de uma cruz com o Crucificado. Assim, também nós, coloquemos-nos diante da Cruz de Cristo e elevemos nossos pensamentos ao Senhor:
“Ó glorioso Deus altíssimo, iluminai as trevas do meu coração, concedei-me uma fé verdadeira, uma esperança firme e um amor perfeito. Dai-me, Senhor, o (reto) sentir e conhecer, a fim de que possa cumprir o sagrado encargo que na verdade acabais de dar-me. Amém.”
Essa oração nos conecta ao divino, nos lembrando da importância da luz que é Cristo em nossas vidas. Ele é a Luz da vida que ilumina nosso caminho, mesmo nas horas mais obscuras. Como agentes e coordenadores de pastorais, somos convidados a ser reflexo dessa luz em nossas comunidades, a transitar com amor e compaixão, ajudando outros a encontrarem sua própria luz.
Portanto, enquanto caminhamos na implementação dos resultados do sínodo, que possamos nos lembrar de nossa missão: ser gente da esperança. Que nossa presença seja um conforto, que nossa paciência seja uma força, e que nossa perseverança seja a chave que abre portas para um futuro mais iluminado. Que a espiritualidade continue a guiar nossos passos na construção de uma Igreja verdadeiramente fraterna e acolhedora.