Destacou o Arcebispo Metropolitano na celebração arquidiocesana de abertura do Jubileu 2025
Peregrinos de esperança, os fiéis e o clero da Arquidiocese de São Paulo deram testemunho público de fé na tarde do domingo, 29, na Festa da Sagrada Família, data na qual, em todo o mundo, houve a abertura diocesana/arquidiocesana do Jubileu 2025, iniciado na noite de 24 de dezembro pelo Papa Francisco.
Pouco antes das 15h, em frente ao Convento e Santuário São Francisco, na região central da capital paulista, centenas de fiéis protegiam-se, debaixo de seus guarda-chuvas, da forte garoa, que findou quando foi iniciada a celebração em frente ao histórico templo.
“Em comunhão com a Igreja universal, ao celebrarmos o amor do Pai manifesto na carne do Verbo feito homem e no sinal da cruz, âncora da salvação, abrimos solenemente o Ano Jubilar para a nossa Igreja de São Paulo. Este rito é para nós o prelúdio de uma rica experiência de graça e de misericórdia, sempre prontos a responder a todos que nos perguntam sobre a esperança que há em nós, especialmente neste tempo de guerra e turbulência. Que Cristo, nossa paz e nossa esperança, seja nosso companheiro de viagem neste ano de graça e de consolação. O Espírito Santo, que hoje, em nós e conosco, inicia esta obra, a complete até o dia de Cristo Jesus”, rezou o Cardeal Odilo Pedro Scherer, ladeado pelos bispos auxiliares e os demais clérigos da Arquidiocese.
A proclamação do Evangelho segundo João (Jo 14,1-7) recordou a todos que Cristo é o caminho, a verdade e a vida. “Jesus é a porta por onde devemos passar se queremos chegar ao Pai, é o caminho por onde seguir”, enfatizou Dom Odilo.
Na sequência, houve a leitura de trechos da bula do Jubileu 2025 – Spes non confundit – A esperança não decepciona (Rm 5,5), recordando que os jubileus ordinários ocorrem a cada 25 anos, sendo momento para um encontro vivo e pessoal com Jesus, porta de salvação (cf. Jo 10,7.9); e que a Igreja tem por missão anunciá-Lo sempre, em toda a parte e a todos, como a “nossa esperança” (1Tm 1,1).
EM PEREGRINAÇÃO
Após os ritos iniciais, aconteceu a peregrinação até as escadarias da Catedral da Sé, com os fiéis e clérigos ocupando toda a extensão do trecho da Rua Benjamin Constant entre o Largo São Francisco e a Praça da Sé, tendo a frente a faixa “Jubileu 2025 – Peregrinos de Esperança” e a cruz do Ano Santo que permanecerá na Catedral da Sé carregada por membros do Terço dos Homens.
Após cerca de 15 minutos de procissão, a cruz foi conduzida até as escadarias da porta de entrada principal da Catedral, sendo apresentada ao povo por Dom Odilo.
Passando ao lado da cruz, os que vieram em procissão juntaram-se aos fiéis que já estavam no interior do templo – agora completamente lotado em suas laterais e nas proximidades da porta principal – ao som do Hino do Jubileu 2025 – “Chama viva da minha esperança, este canto suba para Ti! Seio eterno de infinita vida, no caminho eu confio em Ti!” –, cujo refrão ecoou pela igreja a partir das centenas de vozes que se uniram ao coro da Catedral da Sé.
Dom Odilo aspergiu os fiéis com a água por ele abençoada no batistério da Igreja mãe da Arquidiocese. Já estando todos os concelebrantes no presbitério e tendo a frente deste as bandeiras do Jubileu, as flores depositadas por mulheres e as lamparinas que ficarão nas 12 igrejas de peregrinação na Arquidiocese, houve a entrada da cruz e do Arcebispo Metropolitano pelo corredor central.
RENOVAR O ENCONTRO COM DEUS
Na homilia, Dom Odilo recordou que a abertura arquidiocesana do Jubileu 2025 acontecia na Festa da Sagrada Família, a qual celebra que o nascimento de Cristo se deu em uma família – “Ele santificou a família humana” – e reforça as virtudes a ser vividas no ambiente familiar para que os cristãos sejam sempre “santos e amados de Deus”: humildade, misericórdia (incluindo a capacidade de perdoar), paciência recíproca (com renúncias em favor do próximo) e o amor verdadeiro. Ele destacou, ainda, que a família “é um grande sinal de esperança para o mundo”.
O Arcebispo de São Paulo também lembrou que o Ano Santo faz referência ao nascimento de Cristo – a encarnação do Verbo de Deus que veio para ser “luz, caminho, guia, orientação, pastor, grande esperança para todos”; e que, por isso, Nele “abre-se um grande caminho de esperança”.
Este Ano Jubilar – prosseguiu Dom Odilo – convida cada pessoa a renovar o encontro com Deus, o que deve ser feito, primeiramente, vivendo a fé cristã – as peregrinações serão ocasião para a renovação da profissão do fé e das promessas do Batismo; Também envolverá abrir-se ao perdão de Deus – “é característica de todo Jubileu a acolhida da abundância da misericórdia de Deus” – devendo os fiéis, portanto, buscar a reconciliação com Deus e cumprir o que recomenda a Igreja para que obtenham as indulgências (leia detalhes ao final do texto).
“Deus é indulgente com todos nós. Basta que nós manifestemos a Ele a nossa boa vontade e o nosso arrependimento”, enfatizou o Arcebispo.
SINAIS NA IGREJA E NA SOCIEDADE
O Cardeal Scherer lembrou ainda que neste Ano Santo, a comunidade eclesial deve “fazer resplandecer no mundo a luz da esperança”, como bem indicam as lamparinas do Jubileu que estarão nas igrejas da Arquidiocese.
Além disso, todos na comunidade de fé são chamados a buscar a reconciliação e o perdão entre si, a fim de superar divisões; e devem dialogar com os que creem diversamente, fortalecendo a dimensão do ecumenismo e do diálogo inter-religioso.
Ainda conforme lembrou o Arcebispo, o Jubileu convida à superação dos conflitos, brigas, ódios e polarizações – na família, na sociedade e na Igreja – para que se construa a paz; e é ocasião para que se fortaleça a prática da caridade e da solidariedade, especialmente com os que mais sofrem na sociedade.
Neste Ano Santo, cada cristão também é chamado a agir cotidianamente em prol da evangelização. “Sobretudo, busquemos crescer na fé, na esperança e na caridade, que são as três virtudes do nosso Batismo, essenciais para a nossa vida cristã”, exortou Dom Odilo.
ANUNCIADORES DA ESPERANÇA
“Seja o nosso Jubileu, por toda a parte, o anúncio da esperança que não desilude, da esperança fundada em Deus e que produz frutos de esperança no dia a dia”, desejou o Arcebispo, lembrando, porém, que esta esperança não reside nas capacidades que cada um julgar ter, mas deve estar voltada para Deus, com o olhar fixo em Jesus.
“Somos testemunhas e anunciadores do Evangelho da esperança para o mundo. E a partir dessa esperança, somos enviados como discípulos, caminhantes, peregrinos de esperança, cheios de esperança, para levá-la também aos outros e para o mundo das nossas ocupações”, explicou.
“Que o Ano Jubilar renove em todos nós a chama viva da esperança. Nos faça testemunhas da esperança de Deus, da esperança cristã para o mundo. Que sejamos, portanto, anunciadores dessa esperança para aqueles que não a têm”, exortou, recomendando a todos os fiéis e organizações da Arquidiocese que façam as peregrinações, rezem diariamente e pratiquem os pequenos sinais da esperança no dia a dia, como o amparo a crianças, idosos, doentes e pobres, o cuidado com o meio ambiente e a busca do bem comum no exercício das atividades profissionais.
Já aos padres, Dom Odilo pediu que animem as comunidades cristãs nas virtudes da fé, esperança e caridade, a partir da vivência dos sacramentos, das celebrações e do anúncio da Palavra de Deus.
SÍMBOLOS DO JUBILEU E PEREGRINAÇÕES
Após o momento da comunhão, os padres responsáveis pelas 12 igrejas de peregrinação na Arquidiocese acenderam as lamparinas do Jubileu no Círio Pascal, as quais permanecerão acesas junto a um crucifixo e à bandeira do Jubileu próximas aos altares desses templos.
As 12 igrejas de peregrinação na Arquidiocese são: na Região Sé, Catedral Metropolitana Nossa Senhora da Assunção, e Santuário Nossa Senhora de Fátima (no Sumaré); na Região Ipiranga, Santuário São Judas Tadeu (no Jabaquara) e Santuário Nossa Senhora Aparecida; na Região Santana, Basílica Menor de Sant’Ana e Santuário Nossa Senhora da Salete; na Região Lapa, Igreja Nossa Senhora da Lapa e Igreja Nossa Senhora de Fátima (na Vila Leopoldina); na Região Belém, Igreja São José do Belém e Igreja Nossa Senhora de Fátima e São Roque (em Sapopemba); e na Região Brasilândia, Igreja Nossa Senhora da Expectação (na Freguesia do Ó) e Santuário Nossa Senhora Mãe e Rainha (no Jaraguá).
Na porta principal de cada uma dessas igrejas está afixada a logomarca do Jubileu 2025. Também haverá lamparinas, bandeiras e a logomarca do Jubileu, em tamanhos menores, em outras paróquias da Arquidiocese, a fim de se recordar aos fiéis o tema e o objetivo deste Ano Santo.
Já as portas santas estarão apenas em Roma: nas Basílicas de São Pedro, São João de Latrão, Santa Maria Maior (será aberta em 1º de janeiro) e São Paulo Fora dos Muros (abertura prevista para 5 de janeiro), além da capela do Presídio de Rebibbia Nuovo Complesso.
Dom Odilo recomendou que as paróquias, grupos, movimentos, associações e organizações eclesiais façam peregrinações às 12 igrejas na Arquidiocese: “Será muito bonito neste Ano Santo ver o povo peregrinando porque esta será a imagem da esperança. A nossa vida é uma peregrinação, para chegarmos ao objetivo da nossa esperança”.
Antes da bênção final, o Arcebispo rezou a oração do Jubileu 2025 com fiéis, rogou à Virgem Maria que a acompanhe os cristãos no peregrinar deste Ano Santo e fez votos de que “todos tenham um feliz e abençoado Jubileu com muitas e muitas graças de Deus”.
COMO OBTER INDULGÊNCIAS NO JUBILEU? PEREGRINAÇÕES Peregrinar aos locais jubilares e cumprir as seguintes condições: – Confessar-se sacramentalmente antes ou imediatamente após haver cumprido o ato de peregrinação. – Participar da missa ou realizar uma destas ações: participar da celebração da Palavra de Deus; recitar a Liturgia das Horas; participar de uma celebração penitencial (que termine com as confissões individuais dos penitentes); meditar a Via-Sacra; recitar o Rosário Mariano. – Rezar a Profissão de Fé (Creio), a Oração do Senhor (Pai-Nosso), a Saudação a Nossa Senhora (Ave-Maria), Glória ao Pai e/ou outras orações pelas intenções do Papa. VISITAS PIEDOSAS Realizar uma visita piedosa, individualmente ou em grupo, a um dos lugares jubilares e dedicar um período adequado à adoração eucarística e à meditação, concluindo com a recitação do Pai-Nosso, a Profissão de Fé e invocações à Virgem Maria. OBRAS DE MISERICÓRDIA E PENITÊNCIA Realizar, com espírito devoto e desejo de conversão, alguma das seguintes práticas: – Obras de misericórdia corporais (dar de comer aos famintos, dar de beber aos sedentos, vestir os nus, acolher os peregrinos, dar assistência aos enfermos, visitar os presos, enterrar os mortos); – Obras de misericórdia espirituais (aconselhar os indecisos, ensinar os ignorantes, admoestar os pecadores, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar com paciência as pessoas molestas, rezar a Deus pelos vivos e defuntos). – Participar de Missões populares, exercícios espirituais ou encontros de formação cristã; – Oferecer atos de penitência, como jejum e abstinência; – Apoiar obras religiosas e de caridade; – Envolver-se em outras atividades voluntárias. No caso de impedimentos graves, os fiéis verdadeiramente arrependidos que não possam participar das celebrações, peregrinações ou visitas, poderão obter a indulgência jubilar nas mesmas condições, se recitarem nas suas casas ou onde estiverem o Pai-Nosso, a Profissão de Fé outras orações conformes aos objetivos do Ano Santo, oferecendo os seus sofrimentos ou as dificuldades da sua vida. (por Fernando Geronazzo) |