A nossa responsabilidade como cristãos para preservar a natureza

No último dia 24 de maio, comemoramos o sétimo aniversário da Laudato si’ (LS), a encíclica socioambiental do Papa Francisco. Um número cada vez maior de pessoas sabe que o planeta está sofrendo, e a natureza, que antes era nossa amiga, agora está desorientada por causa da ação humana predatória e abusiva. O que posso fazer como cristão para preservar a natureza? As coisas que mais impactam o meio ambiente são aquelas com as quais cada um de nós lida muitas horas e muitas vezes no dia a dia: água, eletricidade, lixo, pacotes, sacolas, caixas, papel, carro. Por isso, o uso responsável destas coisas é o que terá o maior impacto no ambiente. É incrível pensar que o cuidado ambiental mais efetivo está no dia a dia, em nossa ação cotidiana, em nossas mãos, e pode ser realizado por meio de gestos que economizarão muitos bilhões de litros de água, de watts de energia, de lixo, de plástico, de papel, de combustíveis fósseis etc.

Diminuir o uso dessas coisas: usar sempre papel dos dois lados, imprimir só o fundamental, dividir o lixo, fechar a torneira quando se escova o dente, lavar louça enchendo a pia de água com sabão e só enxaguar depois, evitar de usar carro sozinho, não deixar luzes acesas em salas vazias, desligar o computador, doar roupas e evitar jogar fora, não comprar coisas sem necessidade. E, para quem mora no campo, qual é a ação mais eficaz? Proteger os rios e as suas nascentes, não jogar lixo neles, plantar árvores e cuidar delas, sobretudo nas margens dos rios e das nascentes.

Nós pensamos que quando o problema é muito grande está além das nossas forças, mas é o contrário, esses problemas são justamente aqueles que dependem da ação conjunta de milhões de pessoas. É interessante isso: ninguém consegue fazer alguma coisa efetiva se cada um não fizer o que está em suas mãos e que são gestos simples. A solução virá da mudança de hábitos no cotidiano de bilhões de pessoas e não de um governo ou organização. Por isso, quem é o sujeito mais importante para a mudança? Eu, cada um de nós.

No capítulo VI da Laudato si’, Francisco mostra como a educação ambiental e o cuidado com a natureza, temas universais, que afetam – ou deveriam afetar – a consciência e a vida de todos nós, se integram a uma espiritualidade ecológica na qual se evidencia a contribuição cristã. Com percepção aguda, Francisco lembra que, “quando as pessoas se tornam autorreferenciais e se isolam na própria consciência, aumenta a sua voracidade: quanto mais vazio está o coração da pessoa, tanto mais necessita de objetos para comprar, possuir e consumir. Em tal contexto, parece não ser possível, para uma pessoa, aceitar que a realidade lhe assinale limites; neste horizonte, não existe sequer um verdadeiro bem comum” (LS, 204). 

Sobre a educação ambiental, o Papa observa que, “no começo, estava muito centrada na informação científica e na consciencialização e prevenção dos riscos ambientais, agora tende a incluir uma crítica dos ‘mitos’ da modernidade baseados na razão instrumental (individualismo, progresso ilimitado, concorrência, consumismo, mercado sem regras) e tende também a recuperar os distintos níveis de equilíbrio ecológico: o interior consigo mesmo, o solidário com os outros, o natural com todos os seres vivos, o espiritual com Deus. A educação ambiental deveria predispor-nos para dar este salto para o Mistério, do qual uma ética ecológica recebe o seu sentido mais profundo” (LS, 210).

Nessa perspectiva, o cuidado com a Criação não se torna apenas um dever moral, devido em grande parte aos riscos para o presente e o futuro da humanidade, mas também uma grande ocasião de encontro com Cristo.

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