A Terra Santa – um 5º Evangelho

O Papa São Paulo VI, em sua visita à Terra Santa, ainda durante o Concílio Vaticano II, comparou a Terra Santa a um quinto Evangelho, dizendo que lá tudo lembra Jesus: as cidades de Belém, Nazaré, Jerusalém, por exemplo; o lago de Genesaré, o rio Jordão, o monte Tabor, o deserto da Judeia, as plantas, os pássaros, as pessoas e até as pedras. Todos os elementos da natureza e da vida humana fizeram parte da vida de Jesus e Ele os integrou na pregação do Evangelho.

A peregrinação à Terra Santa torna a leitura da Bíblia, sobretudo dos Evangelhos, mais concreta e realista. Quem fez uma peregrinação a esses cenários históricos, geográficos e humanos da vida de Jesus e do povo de Deus já não lê os Evangelhos como antes. Mas também quem não viajou à Terra Santa pode ler e estudar bons textos de introdução à Bíblia ou mesmo só ao Novo Testamento, e terá a oportunidade de aprender muitos elementos que ajudam a entender melhor os Evangelhos. Setembro, mês da Bíblia, oferece a oportunidade para fazer isso.

Nazaré, na Galileia, onde viveram Maria e José e onde Jesus cresceu, já não é mais a aldeia insignificante do tempo de Jesus: “de Nazaré, pode vir alguma coisa boa?” Hoje é uma cidade em franco desenvolvimento, bem maior que Tiberíades ou Mágdala, ou Betsaida e Corazim, que também existiam no tempo de Jesus. Aliás, dessas últimas restam apenas ruínas, assim como de Séforis, ao lado de Nazaré, que era uma espécie de capital regional da Galileia no tempo de Jesus.

Mas todas as localidades citadas nos Evangelhos estão lá, guardando a memória dos tempos de Jesus e das origens da nossa fé. O lago de Tiberíades está lá e pode-se navegar nele, não mais na frágil barquinha de Pedro e André, mas na certeza de que Jesus andou por lá. Aquelas margens viram o Mestre a chamar os discípulos. O monte das bem-aventuranças está lá e pode-se sentar nalguma pedra ou na relva, ouvindo ainda a voz de Jesus enquanto cantam os pássaros, provavelmente as mesmas espécies do tempo de Jesus.

E o rio Jordão, onde Jesus foi batizado, também está lá; visitar as suas nascentes, em Cesareia de Filipe, na fronteira com o Líbano e a Síria, dá a oportunidade de compreender melhor tantas coisas do Evangelho!

Não impressiona apenas aquele rochedo calcáreo e alto, diante do qual Jesus disse a Pedro: “Tu és Pedro e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja”. Impressiona a clareza com a qual Jesus convida os discípulos a seguirem atrás dele, no caminho para Jerusalém, pedindo para assumir, cada um, a própria cruz no seu seguimento.

A pergunta que fez aos discípulos diante daquele rochedo – “Quem dizem os homens que eu sou?” – vai ser respondida apenas em Jerusalém, quando Ele, depois de sua morte na cruz, ressuscita glorioso. Só então os discípulos podem compreender bem quem Ele é.

Peregrinar hoje em Belém, onde Jesus nasceu, em Ain-Karin, onde João Batista nasceu, ou em Betânia, onde Jesus encontrava com frequência seus amigos Marta, Maria e Lázaro, já não é a mesma coisa que no tempo dos Apóstolos. Eram aldeias e hoje são cidades, praticamente englobadas por Jerusalém. No tempo de Jesus, havia a tensão política por causa da presença dos romanos. Hoje há tensões entre israelenses e palestinos nessas áreas, por questões políticas que ainda estão à espera de uma solução adequada.

E Jerusalém, que dizer dela? Quantas lembranças ela guarda do Mestre! Não há mais o templo de Salomão, mas restou um muro, que as tropas romanas não destruíram completamente no ano 70 depois de Cristo.

Em lugar do templo, duas grandes mesquitas, deixando clara a forte presença muçulmana na cidade e região. Aliás, os minaretes das mesquitas sobressaem por toda parte no cenário da cidade. Mas também há templos cristãos, alguns de veneranda antiguidade. Dois mil anos de história e de períodos diversos de dominação estrangeira na cidade deixaram nela marcas indeléveis nos costumes e na cultura. Aos romanos do tempo de Jesus, sucederam os bizantinos e os cruzados, além de um longo período de dominação muçulmana. O Estado de Israel que conhecemos hoje foi criado apenas em 1948.

Em Jerusalém, há lugares preciosos para a nossa fé, como o cenáculo onde Jesus celebrou a última Ceia; mas também o Jardim das Oliveiras, o Calvário, o túmulo de Jesus, o Horto das Oliveiras, e assim por diante. Uma peregrinação à Terra Santa não é uma viagem de turismo: o objetivo principal é encontrar e acompanhar o Santo que viveu naquela terra. Bíblia na mão, olhos e ouvidos atentos à natureza e ao ambiente social, cultural e religioso ajudam a revestir o Cristo da nossa fé com contornos humanos e históricos. E fica bem mais compreensível o que São João diz logo no início do seu Evangelho: “O Verbo/Palavra eterna de Deus se fez carne e habitou no meio de nós”.

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Regina Lúcia ferraz
Regina Lúcia ferraz
3 meses atrás

Sou Católica, apostólica e romana tenho muita Fé em Deus Pai Td Poderoso. ASSISTO A PROFISSÃO DAS LUZES td sábado……sou atendida em minhas Orações, sou Feliz por acreditar nas promessas Divinas.

RIO DE JANEIRO. RECREIO.