Após o sínodo: o que devemos fazer?

Celebramos o encerramento do 1º sínodo arquidiocesano na Catedral metropolitana, no dia 25 de março, solenidade da Anunciação do Senhor. Depois de 6 anos de oração, reuniões sem conta, escuta paciente, reflexão, discernimento comunitário e elaboração de propostas, entregamos na mão de Deus o trabalho realizado, dando graças por toda ajuda recebida. Ao mesmo tempo, foi feito o envio em missão de toda a Arquidiocese para a etapa pós-sinodal, que agora se inicia.

O sínodo ajudou a perceber melhor os apelos de Deus à nossa Igreja de São Paulo em nosso tempo. E Deus fala através da Palavra da Escritura e do Magistério da Igreja, da voz do povo santo de Deus e dos sinais das circunstâncias e dos tempos. Em poucas palavras, compreendemos que precisamos viver mais profundamente a comunhão com Deus e na Igreja, a caridade fraterna e a participação multiforme na vida e missão da Igreja. Isso tudo requer de nós uma constante conversão e renovação pessoal e comunitária aos caminhos do Evangelho, como discípulos de Jesus. Vimos mais claramente que essa conversão também precisa ser decididamente missionária, uma vez que todos recebemos de Cristo o encargo de sermos testemunhas Dele e do Evangelho do reino de Deus no mundo.

Com a conclusão dos trabalhos sinodais, foram publicadas a Carta Pastoral do Arcebispo e o elenco das propostas pastorais elaboradas pela assembleia sinodal, como referências para o caminho que agora segue, para sermos uma Igreja mais sinodal. Na Carta Pastoral “Comunhão, Conversão e Renovação Missionária”, são apresentadas as questões mais destacadas que o sínodo levantou e que merecem especial atenção da parte de todas as expressões da vida eclesial de nossa Arquidiocese na fase pós-sinodal. Essas questões precisam ser assimiladas com criatividade e constância para mudar (converter) certa cultura pastoral deficitária que temos.

Precisamos aprofundar a vivência da comunhão eclesial em todas as suas dimensões; crescer no senso de pertença e de amor à Igreja e na identificação com a nossa Igreja. Da mesma forma, é preciso suscitar maior inserção na comunidade eclesial e participação na vida da Igreja. Desafio urgente é o desafio da conversão missionária, para tornar mais missionárias as nossas comunidades, que precisam passar de meros pontos de atendimento religioso a centros dinâmicos de irradiação do Evangelho e de vida cristã. Também é necessário recuperar o significado e o valor do Domingo, Dia do Senhor e da Igreja, assim como da Liturgia, sobretudo da Eucaristia dominical, momento claro de “epifania da Igreja”. A Liturgia, sobretudo da celebração da Eucaristia, é a fonte da vida e do dinamismo da Igreja e, ao mesmo tempo, ponto alto de toda missão e da vida eclesial.

Temos o grande desafio de valorizar mais os leigos e sua participação na vida e missão da Igreja, confiada a todos os batizados, não sendo os leigos meros colaboradores do clero, mas verdadeiros missionários do Evangelho no mundo. A formação atualizada do clero e dos agentes de pastoral é crucial para a renovação da Igreja. Assim também é urgência inadiável a renovação da catequese em toda a Arquidiocese, assim como da formação cristã em todo as etapas da vida. Essas urgências precisam ser assumidas por todas as comunidades da Igreja. Campo imenso de missão é a família, “igreja nas casas”; ela precisa ser mais envolvida na vida e missão da Igreja. Desafio não pequeno é a organização e a dinamização da caridade pessoal e comunitária, indispensável expressão da nossa fé cristológica. Enfim, o sínodo nos fez perceber que também é necessário rever a organização pastoral de nossa Arquidiocese, para que as estruturas e normas pastorais estejam, de fato, a serviço da vida e da missão da Igreja.

Uma vez terminado o sínodo, seus resultados são agora devolvidos a toda a Arquidiocese, nas suas bases. Esses resultados, mais que frutos já colhidos, são como sementes amadurecidas e recolhidas ao longo do processo sinodal, que agora são confiadas a toda a comunidade arquidiocesana, para que as receba com alegria e fé, semeie e cultive com generosa criatividade e perseverança, na certeza de que os frutos virão no tempo de Deus. A etapa pós-sinodal requer muito trabalho “em comunhão”, em que ninguém está dispensado de fazer a sua parte e cada membro da Igreja é convocado a colaborar na obra comum com o dom que Deus lhe deu.

A Carta Pastoral oferece indicações para o trabalho nos Conselhos pastorais, nos diversos grupos de vida cristã, nas organizações pastorais, comunidades de vida consagrada, casas de formação e organizações de serviço de nossa Arquidiocese. Estamos todos chamados a tomar consciência das orientações e propósitos do sínodo, com uma atitude de fé e esperança, na certeza de que não foi em vão que pedimos ao Espírito Santo, ao longo de todo o processo sinodal, que nos mostrasse o caminho e nos ajudasse a discernir sobre o que devemos fazer. Como São Paulo, no caminho de Damasco, continuemos também nós a nos interrogar, diante das questões postas pelo sínodo: “Senhor, que devemos fazer?” Confiemos nele, pois é Ele o sábio guia, conselheiro e orientador da Igreja.

guest
0 Comentários
Inline Feedbacks
Veja todos os comentários