Por causa das férias escolares, muitas são as pessoas que aproveitam para tirar férias em janeiro: pais, mães, professores… Esta interrupção periódica de nossos trabalhos cotidianos é saudável, especialmente em uma grande metrópole como a nossa, em que estão ficando cada vez mais frequentes os casos de burnout, de esgotamento físico e mental pela obsessão desequilibrada com o trabalho profissional. No entanto, existe um risco de que as férias, em vez de restaurar as energias, acabem nos cansando ainda mais: é o que acontece, por exemplo, quando se abusa das telinhas, passando horas a fio rolando a tela de redes sociais e maratonando compulsivamente séries sem fim. Como, então, aproveitar bem as férias?
Primeiro, é preciso ter em mente que o verdadeiro descanso não significa “não fazer nada”. Um tal ócio absoluto é, na verdade, extremamente enfadonho e cansativo – algo como empanturrar-se de comidas gordurosas e pouco nutritivas: tem-se a sensação de estar-se alimentando, mas na verdade só se está maquiando a verdadeira necessidade alimentar. Descansar de verdade consiste em fazer atividades que exigem menos esforço, e que nos trazem algum benefício: enriquecimento cultural, fortalecimento de amizades, bem-estar corporal…
Por isso é que, por exemplo, passar a tarde caminhando e fazendo um piquenique no parque, apesar de exigir certo esforço físico, traz mais repouso do que ficar o dia inteiro no sofá.
Por outro lado, outro grande perigo desta época do ano para nós, cristãos, é tirarmos “férias de Deus”. De fato, muitas vezes os bons católicos, que são devotos o ano inteiro, acabam descuidando de sua vida espiritual nas férias. Homens e mulheres que normalmente vão fielmente à missa aos domingos (e às vezes até durante a semana), rezam o santo Terço, se confessam e fazem oração mental, quando viajam para outro lugar ou mudam sua rotina abandonam suas práticas de piedade. A armadilha, aqui, é pensar que se tem “tempo de sobra”, e portanto se pode deixar para rezar depois.
Sabemos, no entanto, que “é necessário orar sempre sem jamais deixar de fazê-lo” (Lc 18,1), pois o diabo não tira férias – pelo contrário, ele “rodeia como um leão a rugir, procurando a quem devorar” (1Pd 5,8). Nas férias, então, o momento é de rezar mais! Quem não rezava o Terço todo dia, pode agora começar a fazê-lo; quem costuma rezar 15 minutos de manhã, pode agora dedicar meia hora a tanto. Se o fizermos, seremos mais felizes e teremos mais paz no coração.
Aproveitemos, então, estas férias para descansar de verdade, dizendo com o salmista: “Só em Deus a minha alma tem repouso, porque dele é que me vem a salvação!” (Sl 62,2).