Cada um de nós tem a sua estrela

As leituras da Solenidade da Epifania narram que, logo depois do Natal, chegam uns personagens de países distantes, do Oriente, e causam um grande alvoroço em Jerusalém, com a pergunta: “Onde está o Rei dos judeus que acaba de nascer?” E explicam: “Vimos sua estrela no Oriente e viemos adorá-lo.” (Mt 2,2). Se prestarmos atenção às suas palavras, percebemos que os reis magos ensinam-nos a fórmula perfeita para realizar a vontade de Deus: vimos e viemos. Ensinam-nos a sermos mais decididos em procurar o Senhor e oferecer a Ele as nossas vidas. Podemos imaginá-los no caminho que leva a Belém. São homens sábios, homens de ciência e estudo, conselheiros de reis (talvez por isso são chamados Reis Magos), que vêm de longe, da banda do Oriente, montados em camelos e com acompanhamento de pajens. Diante deles, marcando o rumo, brilha uma estrela com fulgores prateados. É a mesma estrela que os fez empreender a sua longa caminhada. O Evangelho resume assim aquela incrível viagem: Tendo nascido Jesus em Belém de Judá, no tempo do rei Herodes, eis que uns magos vieram do Oriente a Jerusalém. Perguntaram eles: “Onde está o rei dos judeus que acaba de nascer? Vimos a sua estrela no Oriente, e viemos adorá-Lo” (Mt 2,1-2). A primeira coisa que dizem é que aquela longa viagem foi feita porque viram “a sua estrela”, e que ela lhes indicou um rumo e uma meta: ir ao país dos judeus para adorar o Rei de Israel, o Messias Filho de Deus, que é Rei do mundo inteiro. Vimos a sua estrela: era o sinal da vinda do Messias, que fazia mais de mil anos já fora anunciado pelos profetas. E disso, no Oriente, muitos tinham ouvido falar. “Uma estrela sai de Jacó, um cetro levanta-se em Israel…”(Num 24,17;19). Era evidentemente um chamado de Deus! E mostrava o caminho que Deus indicava e desejava que eles percorressem. Se para os Magos era uma mensagem divina, agora é uma mensagem para nós. Do alto do céu do Presépio, Deus parece dizer-nos: “Por acaso você pensa que não tem estrela? Acha que Eu não conto com você nos meus planos? Pensa que há algum filho de Deus que não tenha um chamado e uma missão a cumprir nesta terra? Ou será que você veio à toa e sem finalidade a este mundo?” É verdade. Cada um de nós tem a sua estrela. Como é importante vê-la!, porque, só então, se enxerga o sentido da vida.

A estrela é a vocação, e a sua luz esclarece a missão que devemos cumprir, a que Deus nos confiou, e espera que não falhemos. Quando descobrimos a estrela, fica claro para nós o sentido da nossa existência: todas as peças da vida – como as pedras de um mosaico – passam a ocupar o seu lugar: as alegrias e as tristezas, o passado e o presente, os sonhos, o trabalho, o amor, as dificuldades, tudo… Tudo fica mais claro e se harmoniza. Mas se não sabemos qual é a nossa estrela, essas peças não passam de um amontoado de cacos embaralhados. Mas nem sempre se vê a estrela nitidamente: foi isso o que aconteceu com os Magos. Viram a estrela no Oriente. A estrela marcou-lhes inicialmente a direção, revelou-lhes o destino, estimulou-os na partida, mas depois desapareceu… Eles, porém, como tinham captado a mensagem de Deus, não hesitaram e continuaram a caminhar. E o caminho foi longo e áspero. Passaram por desertos sem encontrar uma gota de água. Mil vezes dormiram ao relento, comeram mal, passaram frio e tiveram medo. E, por serem humanos, tiveram a tentação de desistir. Pensavam: “Será que vimos claro, que não houve engano?” Outras vezes: “Será que vale a pena?” E outras: “Será que Deus pode pedir-nos tanto sacrifício? Por quê? Para quê?” E, então, a estrela que tinham visto no Oriente os foi precedendo, até chegar aonde estava o Menino, e ali parou”. (Mt 2,9) A nova aparição da estrela encheu-lhes de profundíssima alegria. Entregaram os seus presentes, com os quais reconhecem que Jesus é Rei (ouro: metal nobre), o Filho de Deus (incenso, que produz aroma ao se queimar) e Homem verdadeiro (mirra: perfume que se oferecia aos convidados e se ungia os mortos).

Vamos procurar Jesus Cristo ao longo deste novo período de nossas vidas e viver a nossa vocação pessoal, com a generosidade, a audácia e o desprendimento que tiveram estes sábios do Oriente.

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