Neste ano, temos mais uma Campanha da Fraternidade Ecumênica, com o tema “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor” e o lema “Cristo é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade” (Ef 2,14). Essas campanhas vêm incorporar ao movimento ecumênico, de modo muito próprio, um ecumenismo da fraternidade, em ação, no qual prevalece o testemunho e o anúncio do Evangelho, voltado para atender às necessidades da sociedade. Nessa linha, no texto-base da atual campanha, a misericórdia é transversal, o que será objeto dos próximos artigos.
No ano 2000, como prenúncio de uma nova evangelização – e, hoje, de uma “Igreja em saída” –, sete Igrejas cristãs, membros do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic) – entre as quais a Igreja Católica Apostólica Romana, representada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) –, promoveram em conjunto a primeira Campanha da Fraternidade Ecumênica. A iniciativa foi um impulso benéfico para o anúncio do Evangelho no Brasil, cuja índole ecumênica promovia, ademais, a fraternidade e a comunhão das Igrejas cristãs. Já em 1979, a CNBB concluiu que, propondo-se construir a fraternidade, a CF não podia prescindir – “o futuro dirá”, deixava em aberto o documento – de uma dimensão ecumênica, o que veio a se realizar como intuição ou profecia no contexto do Grande Jubileu do ano 2000.
São João Paulo II escreveu a carta apostólica Tertio millenio adveniente (1994), em preparação ao Jubileu, exortando à unidade cristã e a oportunas iniciativas ecumênicas, como caminho para a superação das divisões do segundo milênio. Também, na encíclica Ut unum sint (1995), sobre o ecumenismo, o Papa renovava o compromisso ecumênico da Igreja Católica. Em resposta, a CNBB elaborou o projeto de evangelização “Rumo ao Novo Milênio” (PRNM, 1996-2000), que exortava à “recepção criativa” – desde então, neste início do terceiro milênio, seja a criatividade apostólica, missionária e ecumênica a nos guiar: também na “forma celebrativa” (PRNM, 179).
Nesse espírito, houve a sugestão de se realizar uma CF Ecumênica no ano 2000 (PRNM, 141), como uma forma privilegiada de celebrar o Grande Jubileu, que mais tarde, pela condução do Cardeal Raymundo Damasceno Assis, então secretário-geral da CNBB, foi assumida integralmente pelo Conic, com o tema “Dignidade Humana e Paz” e o lema “Novo milênio sem exclusões”. Tal amplitude no tema oferecia a base para um anúncio comum e universal dos cristãos no início do novo milênio e augurava a meta das futuras campanhas ecumênicas; oferecia, enfim, o “ecumenismo da fraternidade”.
Um fruto do Jubileu, portanto, foi a descoberta da natureza ecumênica da CF e a sedimentação do caminho para sua realização quinquenal pelas Igrejas-membro do Conic, em conjunto. O liame da paz e da fraternidade conduziu a Campanha de 2000 à CF Ecumênica 2005, com o tema “Solidariedade e Paz” e o lema “Felizes os que promovem a paz” (Mt 5,9), sendo esta “um evento da maior importância no lento, mas irreversível, caminhar das Igrejas cristãs em busca de reconciliação e paz. Ela encarna uma maneira evangélica de construir a comunhão cristã, permite avaliar o real envolvimento das Igrejas no movimento ecumênico e põe à prova a possibilidade de um novo paradigma da missão cristã no mundo contemporâneo”.
Marcelo Cypriano Motta, advogado, contemplado com a Medalha “São Paulo Apóstolo” em 2018, atua na “Promoção da Cultura da Misericórdia”, no Núcleo Fé e Cultura da PUC-SP.
Eu fico me perguntando o sentido deste novos termos, nova evangelização, nova era , etc.
Quando “o Caminho, a Verdade e a Vida”, passou por estas terras semeou o que ele mesmo chamou de , boa nova .
E disse “ eu não vim abolir a lei antiga , mas levá-la à perfeição.”
Com tanta novidade , fake news, “donos da verdade aos montes “,não podemos deixar de lembrarmos do que Jesus alertou sobre o “:Sinai dos Tempos”:
Vigiai e orai !!!