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Com os pés bem firmes na Tradição, caminhar rumo ao futuro 

O que um Papa, morto há 120 anos, pode dizer aos nossos dias? Além de uma certa homenagem, qual o valor – mesmo que simbólico – de o Papa atual escolher o seu nome? Essas perguntas, talvez um pouco impertinentes, não deixam de ter sentido quando pensamos na escolha do Cardeal Prevost pelo nome de Leão XIV… E o católico que procurar conhecer adequadamente a vida do Leão anterior, aquele do século XIX, ficará, com certeza, impressionado pela grandeza de seu papado. 

Aqueles eram tempos particularmente difíceis para a Igreja. Os papas, que haviam perdido o poder temporal dos Estados Pontifícios em função da unificação italiana, se sentiam “prisioneiros no Vaticano”. Os ataques à religião pareciam vir de todos os lados: comunistas, positivistas e liberais, cada um a seu modo, procuravam desacreditar o catolicismo. As estratégias para cuidar e defender a fé, herdadas ainda em grande parte da Contrarreforma, 300 anos antes, mostravam-se claramente insuficientes. As verdades da fé continuavam lá, assim como a grande Tradição e a sabedoria de gerações e gerações de santos e santas… Mas os caminhos a se seguir não eram nada óbvios. Em um ambiente de divisão, que já anunciava alguns dos maiores desafios à unidade da Igreja nos séculos XX e XXI, os católicos se dividiam entre “intransigentes”, que defendiam um confronto que consideravam irreconciliável com a Modernidade; e os “conciliadores”, que acreditavam na possibilidade de um entendimento e de um diálogo. 

Leão XIII foi o Papa que apontou o rumo a seguir naquele momento tão delicado – e até hoje a Igreja caminha pela estrada aberta por ele, ainda que, com o tempo, isso nos pareça tão óbvio que nem percebemos que é uma via que implicou decisões duras, atitudes corajosas, muita fé e conversão. Mantendo os pés bem firmes na Tradição e na ortodoxia, Leão XIII abriu as portas da Igreja para o diálogo com o mundo. Reconheceu as condições injustas a que eram submetidos os trabalhadores nas fábricas e lembrou que a caridade cristã exigia solidariedade e justiça para com os que mais sofrem, na famosa Rerum Novarum (1891) – inaugurando, assim, o que conhecemos por Doutrina Social da Igreja. Sua atenção para com os trabalhadores abriu um caminho que continua até nossos dias, com a encíclica Laborem exercens (1981), de São João Paulo II, e nas recentes observações sobre o uso da Inteligência Artificial, emanadas do Papa Francisco e de Leão XIV. 

Com audácia, Leão XIII levou a Igreja a abraçar decididamente tanto os avanços quanto os desafios de seu tempo, mostrando, na prática, uma ideia muito cara ao Papa Francisco: “A Tradição é a salvaguarda do futuro e não a conservação das cinzas”. Na encíclica Aeterni Patris (1879), Leão XIII valorizou o estudo do tomismo, insistindo que houvesse abertura para o método filosófico, de modo que se propiciasse o diálogo entre fé e razão. Apontava já para aquele diálogo fecundo que iria ser defendido e proclamado, décadas depois, por São João Paulo II na Fides et ratio (1998). 

Leão XIII, percebeu a doutrina e a fé católicas como realidades vivas, que dialogavam com as coisas do mundo e mobilizavam os seres humanos para a construção do bem comum. Muitas das proposições que ele apresentou em seu tempo não podem ser aplicadas diretamente em nosso tempo. Os princípios não mudaram, mas as situações mudaram (algumas vezes, inclusive, pelos efeitos dessas proposições colocadas em prática). Contudo, sua postura diante da Tradição e do mundo contemporâneo permanecem como exemplo para todos nós. 

Comentários

  1. O que somos? Seres humano que caminha nesta terra além mar, na buscapeloobemcomum, de Fé no amor justiça e paz mundial, na doutrina crista contida nos ensinamentos das sagradas escrituras do Antigo e no Novo Testamento girando apartir do Livro de Gênesis a Jesus de Nazaré da Galileia. seguindo a sua Doutrina missionaria Apostólica dos primeiros-ministros Discípulos do senhor Jesus; Nosso Sumo e Eterno Sacerdote.

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