A existência dos anjos e dos demônios: uma verdade de fé

A existência dos seres espirituais, não corporais, a que a Sagrada Escritura habitualmente chama de Anjo, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura é tão claro como a unanimidade da Tradição (cf. CIC 328).

Desde o seu começo até a morte, a vida humana é acompanhada pela sua assistência e intercessão. “Cada fiel tem a seu lado um anjo como protetor e pastor para o guiar na vida”. Desde a criação do mundo, a vida cristã participa pela fé na sociedade bem-aventurada dos anjos e dos homens, unidos em Deus. (cf. CIC 336). “Tem confiança com o teu Anjo da Guarda. Trata-o como amigo íntimo – porque de fato o é –, e ele saberá prestar-te mil e um serviços nos assuntos correntes de cada dia”, dizia a este respeito São Josemaría Escrivá.

Santo Agostinho diz a respeito deles: “Anjo é nome de ofício, não de natureza. Desejas saber o nome da natureza? Espírito. Desejas saber o do ofício? Anjo. Pelo que é, é espírito: pelo que faz, é anjo (anjo = mensageiro)”. Com todo o seu ser, os anjos são servos e mensageiros de Deus. Pelo fato de contemplarem “continuamente o rosto do meu Pai que está nos céus” (Mt 18,10), eles são “os poderosos executores das suas ordens, sempre atentos à sua palavra” (Sl 103,20), explica o Catecismo da Igreja Católica.

Os anjos estão na liturgia da Igreja quando a Santa Missa é celebrada. Os textos litúrgicos fazem referências a esses celestes adoradores de Deus. O “Glória a Deus nas alturas” foi uma oração entoada por eles (cf. Lc 2,13-14). As orações eucarísticas, na sua primeira parte, os prefácios terminam “com os anjos e osarcanjos e com todos os coros celestiais”, cantando o hino da glória de Deus que é o “Santo, Santo, Santo”, hino dos serafins (cf. Is 6). Na Oração Eucarística I – ou Cânon Romano –, a oferenda é levada ao Deus todo-poderoso “per manus sancti angeli”, ou seja, pelas mãos do santo anjo.

“Também o demônio é uma criatura de Deus”, assim expressou o Padre Gabriele Amorth (1925-2016), conhecido exorcista da Diocese de Roma, no livro “Um exorcista conta-nos”. Se a frase do Padre Amorth assusta um pouco, o que dizer, então, da frase de São João Paulo II: “Quem não crê no demônio, não crê no Evangelho”.

“Atualmente, quais são as maiores necessidades da Igreja?”, interrogava, São Paulo VI na Audiência Geral de 15 de novembro de 1972, aos católicos de sua época. E, o próprio Papa respondia: “Uma das maiores necessidades é a defesa daquele mal, a que chamamos demônio”.

Os anos se passaram e o Papa Francisco inaugurou, em 5 de julho de 2013, ou seja, pouco mais de 40 anos da audiência proferida por São Paulo VI, uma imagem dedicada a São Miguel Arcanjo, protetor da Igreja e padroeiro da Cidade-Estado do Vaticano, e destacou que a escultura recorda que “o mal é vencido, o acusador é desmascarado e a sua cabeça esmagada, porque a salvação foi realizada de uma vez por todas no sangue de Cristo. Embora o diabo sempre tente arranhar o rosto do Arcanjo e o rosto do homem, Deus é mais forte; é sua a vitória e sua salvação é oferecida a todos os homens”.

A Igreja Católica não se cansa de chamar a atenção da presença do demônio no mundo desde sua criação. Os Evangelhos são claríssimos a esse respeito. Também a Igreja nos ensina sobre a presença dos anjos em nossas vidas e, em especial, da presença dos anjos da guarda. No entanto, o mundo secularizado ignora as advertências e os ensinamentos milenares da Igreja.

Fatos não nos faltam para exemplificar o bem e o mal. Basta observar a discussão sobre o assassinato de crianças de cerca de 22 semanas (cerca de 5 meses e ½ meio) ainda no ventre materno. Quiçá, algum dia, saberemos do papel exercido pelos anjos da guarda nessa luta.

O Anjo da Paz ensinou à Irmã Lúcia, em Fátima, quando ela ainda era uma criança, a ajoelhar-se com rosto em terra e rezar: “Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço-Vos perdão pelos que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam”. Façamos o mesmo. É da oração de poucos que muitos dependem!

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