Agricultura familiar no Brasil

A produção agrícola familiar é a forma predominante de produção alimentar e agrícola nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, produzindo mais de 80% dos alimentos do mundo. A agricultura e a família, a produção de alimentos e a vida dessas famílias estão interligados.

A agricultura familiar implica um modo de viver, transmitir o conhecimento, preservar uma trama de relações e o meio ambiente. A sustentabilidade da agricultura familiar depende não somente de fatores econômicos e da gestão ambiental, mas também da transferência intergeracional de conhecimentos locais e práticas tradicionais, recursos, vínculos e identidade social e religiosa.

Muitos pequenos agricultores familiares são pobres e têm acesso limitado a mercados e serviços. Eles cultivam em suas próprias terras e, além da agricultura, assumem várias atividades econômicas (geralmente informais) para contribuir com suas receitas.

Para assegurar a sustentabilidade da agricultura de base familiar, temos o imenso desafio de buscar soluções para diminuir a saída dos mais jovens do campo. É preciso fortalecer suas relações intrafamiliares, enfrentar os desafios vinculados à problemática de sucessão familiar e herança de propriedade; da transmissão de conhecimento aos familiares e à comunidade. Esses fatores, aliados aos problemas estruturais não resolvidos no campo, promovem desestruturação familiar, conflitos e falência das formas tradicionais da agricultura familiar.

Faz-se necessário pensar políticas públicas que, alinhadas com o Plano de Ação Global da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), possam ajudar os agricultores familiares a aumentar sua produtividade. Mas, isso ainda não é suficiente. É preciso apoiar, fortalecer e promover sua estrutura familiar, potencializando seus vínculos intergeracionais e suas capacidades. Deve-se preservar seus valores e tradição, apoiando ações que assegurem os direitos das mulheres na produção alimentar e agrícola, fortalecendo as organizações femininas no campo, promovendo sua autonomia, a fim de permitir sua plena participação no desenvolvimento da agricultura familiar.

Agindo assim, se considera e se valoriza todas as suas dimensões, não somente econômicas ou de mercado, pois a agricultura familiar é, antes de tudo, uma unidade de vida, de vida familiar.

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