Este tema costuma ocupar a cabeça e o coração dos pais. As brigas entre os filhos podem causar uma série de sentimentos: medo de que não se entendam, preocupação com injustiças, irritação com tanto ti-ti-ti, enfim, pais não costumam reagir bem às brigas, disputas e reclamações entre os filhos.
Vamos enfrentar essa questão?
É muito importante que os pais olhem de modo positivo para esses acontecimentos entre os filhos. A família é o primeiro ambiente social em que a criança convive. Será na família que ela experimentará os primeiros sentimentos, emoções, frustrações, enfim, na família terá um verdadeiro “laboratório relacional”.
É comum que esses pequenos seres, que estão em fase de aprender sobre si mesmos e sobre a vida, encontrem dificuldades de se relacionarem. É especialmente desafiador o relacionamento entre iguais (fraterno). Terão ciúmes, acreditarão que são injustiçados, sentirão raiva, medo, o mais rico espectro de sentimentos. Isso tudo é muito natural e esperado e não significa que são pessoas ruins ou que não se amam. Ao contrário, é comum que as pessoas mostrem o seu pior no ambiente em que tem certeza de serem amadas, naquele em que sabem que, apesar de suas dificuldades e seu comportamento, serão queridas.
Tendo em vista que esse relacionamento entre os irmãos é uma excelente oportunidade de amadurecer e compreender a dinâmica do relacionamento humano, é importante que os pais não se aflijam tanto diante dos desentendimentos. É preciso, inclusive, que percebam quando devem ou não intervir. Alguns conflitos se resolverão naturalmente entre eles, e pequenas injustiças ou mal-entendidos fazem parte da vida. Outros, que se tornarem mais intensos ou violentos, precisarão da intervenção dos pais para serem resolvidos de modo adequado. Então, vamos às dicas para isso:
- Cuidar do ambiente familiar: é muito importante que os pais mantenham um ambiente familiar saudável – que se tratem com respeito e carinho, que deem exemplos de serenidade diante dos conflitos (ou ao menos que se mostrem arrependidos se acontecer o contrário), que não coloquem peso exagerado nas dificuldades próprias do cotidiano familiar, pois senão o ambiente ficará pesado.
- Ter regras claras para o trato entre os irmãos, cuidando, por exemplo, de proibir agressões físicas, xingamentos, atitudes violentas que possam machucar.
- Controlar as próprias emoções – não se afligir demasiadamente e reagir com gritos, broncas excessivas, impulsivamente. Lembrem-se: eles estão aprendendo, vocês têm o papel de ensinar, o autodomínio é muito importante para isso.
- Não ocupem o lugar de juízes, tomando partido de um ou do outro. Procurem promover reflexões nos pequenos, oportunizando que o problema seja resolvido.
- Evitem comparações entre as crianças, pois isso pode fomentar disputas e ciúmes.
- Promovam relações afetivas e momentos gostosos de convívio, pois isso torna o ambiente mais propício à menor incidência de brigas. Ensinem o amor entre os irmãos, elogiando os gestos amigos e carinhosos que tiverem, dizendo o quanto isso os agradam.
- Criem o hábito de dialogar com os filhos.
Lembrem-se de que todas essas situações são oportunidades muito ricas de ensinar os filhos a adquirir virtudes. Em casa, eles terão possibilidade de aprender sobre os relacionamentos com amor e em ambiente seguro. Isso os tornará pessoas mais capacitadas a conviver nos outros ambientes que se apresentarem no futuro. A compreender e acolher as mais diferentes pessoas que cruzarem suas vidas. Não perca essa rica oportunidade.
Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site: www.simonefuzaro.com.br. Instagram: @sifuzaro.