Com certeza, uma das maiores preocupações das famílias é como educar e orientar os filhos no aspecto da sexualidade.
Embora saibamos que nossa sociedade atual é a mais bem informada a respeito da sexualidade, há, apesar disso, um aumento na incidência de gravidezes precoces, de diagnósticos de doenças sexualmente transmissíveis, além de experiências infelizes no campo do matrimônio e da própria sexualidade. Assistimos hoje a uma banalização da sexualidade humana e, consequentemente, um desrespeito à vida intrauterina – sendo vista por muitos como passível de ser eliminada em prol do direito da mãe de ter “controle” sobre seu corpo. Todos esses fatos nos mostram que, de alguma maneira, não estamos conseguindo bem formar nossas crianças e jovens nesse aspecto. Talvez não estejamos conseguindo tratar o assunto com a profundidade e importância que ele tem – delegando-o às escolas, às informações transmitidas explícita ou implicitamente pelos programas de televisão, pela internet etc.
“A sexualidade é um elemento básico da personalidade, um modo próprio de ser, de manifestar-se, de comunicar-se com os outros, de sentir, expressar e viver o amor humano” (Sagrada Congregação para a Educação Católica). Considerar essa realidade deve motivar as famílias a não aceitar de modo passivo o que “prega” a sociedade sobre esse aspecto tão importante da pessoa e assumir com coragem a educação afetivo-sexual dos filhos, acompanhando-os e orientando- -os com clareza de valores e condutas. Certamente essa não é tarefa fácil, afinal, trata-se de remar contra uma corrente de ideologias (hedonistas, relativistas e reducionistas) que tentam banalizar a sexualidade humana, transmitindo aos jovens um conceito de sexualidade que não leva à plenitude do ser humano.
Segundo Jokin de Irala, (in Biomedicina de las relaciones conyugales y de la concepción de la vida), “a educação da afetividade e da sexualidade é um empreendimento difícil pela complexidade dos diversos elementos fisiológicos, psicológicos, pedagógicos, socioculturais, jurídicos, morais e religiosos que podem interferir em toda a ação educativa”, porém, todo processo de educação deve partir e se inspirar em uma concepção de homem que vai nortear a ação. Nós, cristãos, precisamos lutar por uma educação da afetividade e sexualidade que integre os elementos biológicos, psicoafetivos, sociais e espirituais com o objetivo de formarmos uma pessoa capaz de viver o amor humano como ele foi criado para ser: total, fiel, exclusivo e fecundo.
Para isso, precisamos começar a educação da sexualidade na infância a partir da educação dos afetos. É importante que a família, desde cedo, esteja envolvida com o objetivo de ajudar a criança a integrar de modo harmônico os diferentes sentimentos e afetos que são despertados por diferentes estímulos, de modo que consigam responder a esses sentimentos com condutas benéficas para ela mesma e para os que a rodeiam. É importante que estejamos comprometidos a ajudar a criança a crescer no amor ao bem e ao belo. Quando os afetos e sentimentos são bem educados, a tendência é que a criança cresça em capacidade de responder de modo adequado às circunstâncias que os provocam; já quando essa educação não acontece de modo apropriado, as respostas serão inadequadas, provocando o sofrimento próprio e dos demais.
Falar demais e explicar exaustivamente sobre a sexualidade não adianta; afinal, informações sobram a esta geração. Exercitar hábitos de pudor, temperança, respeito próprio e aos demais, além de ajudar que a criança aprenda a se abrir aos demais com responsabilidade e seriedade, fará a diferença, pois a preparará para dominar-se emocionalmente e, portanto, sexualmente. Formaremos pessoas de caráter, capazes de agir de modo mais sensato ao assumir as possíveis consequências de seus atos. Pessoas capazes de compreender o amor como forma de servir ao outro e fazê-lo feliz, e não pessoas centradas em si mesmas e no seu próprio prazer, que sejam reféns de seus impulsos e desejos.
A tarefa é complexa, mas exatamente por isso merece todo o nosso empenho e trará resultados fabulosos. Vamos, com coragem, nos dedicar a ela!