Férias escolares: tempo de convívio, descobertas e brincadeiras 

Estamos chegando a este período do ano extremamente esperado pelas crianças, mas temido por tantos pais e mães que continuam com suas atividades profissionais em ritmo normal. Realmente se trata de um grande desafio compaginar as atividades profissionais, cada vez mais exigentes, com o ritmo de férias das crianças e, diante disso, muitos pais acabam cedendo ao apelo das telas, jogos eletrônicos etc. 

Em primeiro lugar, trago aqui uma reflexão necessária sobre o ritmo de vida das crianças, e gostaria que os pais acompanhassem com bastante atenção: crianças não são adultos tamanho P. São pessoas em franco desenvolvimento, que precisam de movimento, estímulo, experiências e tempo ocioso para poderem chegar a um desenvolvimento integral pleno. Por mais difícil que seja, especialmente em uma cidade tão grande e vertical como São Paulo, crianças precisam de contato com a natureza, precisam cavar buracos na terra, andar descalças, fazer castelos de areia, sujar-se de massinha, argila, tinta, enfim, precisam descobrir o mundo e, de certa forma, ter domínio sobre ele. Ter filhos significa assumir essa missão de criar o tempo e o espaço para essas experiências, apesar de nossas atividades profissionais. 

Não é fácil equilibrar os pratinhos e, por isso mesmo, essa tarefa exige uma consciência de hierarquia muito bem formada – qual o pratinho que não podemos deixar cair de modo algum? Como podemos criar as alternativas para proporcionar experiências ricas aos filhos (especialmente neste tempo de férias), apesar de não podermos renunciar a outros compromissos de trabalho? Estamos formando pessoas, não será essa a tarefa mais importante das nossas vidas? 

Somos pessoas criativas, capazes de encontrar as mais diferentes saídas para situações intrincadas, mas estamos acomodados – criar saídas significa sair da zona de conforto, significa dedicarmos tempo e energia a serviço dos filhos e nem sempre estamos dispostos e abertos a isso. Na verdade, somos inclusive estimulados a não termos esse tipo de atitude – “cuide primeiro de você, esteja bem para fazer bem aos outros, seu trabalho é para oferecer uma vida melhor aos seus filhos, não se culpe se não tiver tempo”. Essas e outras ideias são veiculadas o tempo todo e nos parecem tão atraentes e coerentes que acabamos realmente deixando a vida nos levar. 

Claro que precisamos nos cuidar, precisamos ter noção de nossas possibilidades, MAS sem comodismos exagerados. Decidimos ser pais, portanto, sabíamos que isso exigiria de nós doação, exigiria colocar as necessidades dos filhos à frente das nossas, afinal são dependentes de nós. 

Se nos acomodarmos em oferecer telas nesse período de férias, o prejuízo maior será colhido pelas crianças. Crianças paradas, frente às telas, perdem muito do ponto de vista motor, cognitivo, social, afetivo, enfim, ficam com seu potencial embotado, não se desenvolvem de modo compatível com o potencial que têm. Além disso, ficam com a qualidade do sono prejudicada, a concentração rebaixada, aumentam o grau de agitação e agressividade, enfim, férias assim tornam-se tempo de prejuízo e não de ganhos e conquistas, como foram pensadas para ser. 

Pais, coragem! Nadem contra essa maré de comodismo que está tomando conta dos nossos lares e das nossas famílias. Podemos mais. Podemos criar caixas de sucatas, caixas de pintura, caixas de modelagem – (com massinha, argila), passeios a parques aos finais de semana, rodízio de mães para atividades diferentes… Sabemos que, quando colocamos real prioridade em algo, encontramos soluções. Filhos são prioridades. Não deixem para depois para oferecer a eles uma infância rica em experiências e uma formação pessoal sólida. 

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