Estamos exatamente no tempo dedicado a decidir a vida escolar das crianças. Muitos já matricularam os filhos nas escolas que frequentarão este ano, e outros estão na busca de onde colocá-los.
Quero contribuir com esse momento que traz à família uma certa insegurança, com algumas reflexões e dicas bem práticas.
Hoje, muito se fala das dificuldades de encontrar uma escola que compartilhe os valores da família, que tenha condutas consideradas adequadas no trato de conflitos, de enfrentamento da realidade de convívio em grupo, enfim, estamos vivendo tempos de tamanha relativização de valores, que parece que reina em todos os espaços, de algum modo “públicos”, o politicamente correto, e isso nem sempre vem ao encontro do que as famílias esperam na formação de seus filhos.
Observo também um movimento grande de pais assustados com possíveis ideologias que são passadas paras as crianças no universo escolar: ideologia de gênero, ideias feministas, conceitos exagerados sobre o racismo e preconceitos de modo geral. Esse clima de insegurança e desconfiança tem tudo para dificultar muito a experiência escolar dos pequenos, que, historicamente, é importante e necessária, por que não dizer?
Então vamos a algumas considerações importantes:
- Os responsáveis por ensinar aos filhos os valores inegociáveis, aqueles que serão a base estrutural da vida dessas pessoas são os pais.
Tudo aquilo que for ensinado em casa desde o nascimento da criança, por meio de hábitos, exercícios, limites, orientações, envolvido num âmbito de amor, num vínculo saudável, marcará a alma desses pequenos. Terá um lugar muito especial no mundo interior deles e funcionará, no futuro, como guia de conduta – dificilmente alguém deturpará seriamente os princípios que os pais ensinaram.
- A escola deve ser escolhida com muito critério, ou seja: identifique os seus valores pessoais, escreva-os e procure saber se a escola compartilha deles. Como a escola pensa sobre a criança, como ela vê a aprendizagem, como ela lida com situações relativas à fé, que tipo de pessoa a escola está preocupada em formar, que tipo de material utiliza, como recebe os questionamentos e a participação dos pais, enfim, conhecer bem é fundamental para criar vínculos de confiança – absolutamente necessários para que você deixe seu filho lá.
- Não há escola perfeita, assim como não há família perfeita. Perfeição somente em Deus. Por aqui, lutamos buscando oferecer o melhor; portanto, não crie expectativas de concordar sempre com os procedimentos, atividades e soluções que a escola oferecerá. Afinal, viver é um processo de crescimento de mão dupla – tanto você pode ajudar a escola a perceber algo que não está bem encaminhado, como a escola pode ajudar você a ver de outro modo algum aspecto relativo à educação do seu filho. A troca, de modo geral, é excelente. O que seria de nós se convivêssemos somente com pessoas que pensam e agem exatamente igual a nós? Escolha bem e confie – confiança é fundamental.
- Não terceirize a educação do seu filho – seja protagonista dela. A escola é uma parceira importante, sem dúvida nenhuma, mas a missão é fundamentalmente sua. Portanto, participe das reuniões, olhe as atividades que são disponibilizadas, mantenha-se informado e participativo do processo escolar como parceiro e não como inimigo – como alguém que sempre está à espera do erro. Pode ter certeza: muitos professores acabam por trazer pautas contagiadas ideologicamente sem sequer ter noção do que estão de fato fazendo. Se houver abertura e maturidade para o diálogo, todos crescerão.
- Para além de todas essas questões, pense também nas questões práticas: proximidade de casa, valor da mensalidade (se for particular), horário disponível.
Não responsabilize a escola pelas coisas que seu filho aprenderá em termos de valores e princípios, se em casa esse trabalho não for bem-feito. A escola ajuda, complementa e contribui com a formação que a família oferece – esse é o papel dela.
Simone Ribeiro Cabral Fuzaro é fonoaudióloga e educadora. Mantém o site www.simonefuzaro.com.br. Instagram: @sifuzaro