No campo da educação dos filhos, quem de nós não se vê às voltas com pensamentos e dúvidas que, certamente, nossos pais não tiveram: “Como dizer ‘não’ sem traumatizar? Com qual idade o filho deve ter um celular se todos o têm muito cedo? Quanto de autonomia devo dar ao meu filho adolescente?” Enfim, são muitas as dúvidas que povoam a vida dos pais pós-modernos.
Já não nos sentimos seguros para agir com a quantidade de informações e de situações tão diferentes que encontramos em nosso cotidiano. Além de tudo, temos os compromissos profissionais que tomam muito tempo do nosso dia e da nossa energia. Chegar a casa e encontrar tantas responsabilidades e desafios com os filhos se torna um esforço sobre-humano para muitos de nós!
É preciso olhar com coragem e atenção para tudo o que leva a esse comportamento tão inseguro na formação dos filhos! Talvez não seja fácil admitir, mas a verdade é que vivemos em um tempo no qual o prazer e o conforto têm um peso grande em nossas vidas. Buscamos alegrias momentâneas, facilidades, sucesso, felicidade. Em primeiro lugar me pergunto: “O que é sucesso? O que é felicidade? Será que temos clareza suficiente para definir o real significado disso que buscamos?” Em segundo lugar, afirmo: “Podem ter certeza de que, se educar os filhos e acompanhá-los no caminho do crescimento estiver sendo sempre prazeroso e confortável, desconfie, pois o caminho está errado e o resultado não será bom!”
Imaginar que os filhos sabem o que querem, são determinados, têm personalidade forte e fazem suas escolhas desde pequenos é um grande equívoco. Nós é que renunciamos ao nosso protagonismo e os deixamos tomar as rédeas em situações para as quais não estão preparados. Cabe aos pais colocar limites, apontar a direção, lutar para que os filhos ganhem virtudes, ensinar valores e critérios para que, no tempo certo, possam ser verdadeiramente livres e fazer suas escolhas. Quando não fazemos isso, desrespeitamos o direito das crianças de serem cuidadas, permitimos que assumam responsabilidades para as quais não estão preparadas.
Por isso, convido-os a mergulhar num movimento de transformação que se inicia por um olhar para dentro e identificar: “Quais são os meus valores mais preciosos? Quais são os valores sobre os quais construo diariamente minha vida, aos quais dedico meu tempo, que me tornam a pessoa que sou? Estou vivendo de modo coerente com eles ou tenho me deixado levar pela correnteza do mundo?”
Depois, pensem com seriedade: “Que homem/ mulher quero que meu/minha filho(a) se torne?” Lembrem-se: esse objetivo só vai se transformar em realidade se nós, pais, estivermos completamente concentrados nessa missão.
O terceiro movimento é nos conscientizarmos de que educar cada filho(a) é um maravilhoso projeto – o mais importante de nossas vidas! Como projetos importantes, precisamos nos dedicar a conhecer cada um, colocar metas e pensar em estratégias para que cresçam.
Nesse ponto, desembocamos no último passo: ter um plano de ação – planejar como podemos orientar, estimular, exercitar cada um dos filhos para que aprendam os valores familiares e ganhem as virtudes que precisam para alcançar a verdadeira e perene felicidade. Aquela que independe das circunstâncias momentâneas, que muitas vezes serão adversas, porque transcende o passageiro e se assenta numa vida na qual o sentido e a missão estão claros.
Esse caminho não é fácil, requer empenho e determinação. É um caminho árduo, muitas vezes cansativo, mas, precisamos nos lembrar: tudo o que realmente vale a pena dá trabalho, exige empenho. Decidimos ser pais, escolhemos formar família, e nossa maior alegria certamente será, ao fim da vida, olhar para esses frutos e poder admirar o sabor e a beleza que espalharão pelo mundo! Vale a pena essa transformação!